Crítica

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A Lenda do Cavaleiro Verde: uma saga sobre reflexões

21/1/2022

A Lenda do Cavaleiro Verde pode não apresentar a típica fantasia épica cheia de batalhas e momentos de glória, mas promove reflexões interessantes enquanto acompanha um cavaleiro em sua missão para obter renome.

escrito por
Luis Henrique Franco

A Lenda do Cavaleiro Verde pode não apresentar a típica fantasia épica cheia de batalhas e momentos de glória, mas promove reflexões interessantes enquanto acompanha um cavaleiro em sua missão para obter renome.

escrito por
Luis Henrique Franco
21/1/2022

Quando pensamos em filmes medievais e aventuras fantasiosas, a palavra "Épico" já surge como uma descrição recorrente. Em geral, tal descrição se associa à jornada gloriosa de um herói para enfrentar um poderoso inimigo, em um trajeto repleto de batalhas e momentos maravilhosos, com aliados poderosos, magos sábios, monstros terríveis e cavaleiros honrados. A Lenda do Cavaleiro Verde assume para si um estilo um pouco diferente, não abdicando dos aspectos fantasiosos em sua narrativa, mas apresentando-os de uma forma mais lenta e reflexiva do que outros filmes.

Baseado em uma série de lendas antigas da Inglaterra, o filme acompanha o jovem Gawain (Dev Patel), um jovem guerreiro que deseja acima de tudo virar cavaleiro. Convidado para celebrar o Natal ao lado do seu parente, o Rei (Sean Harris), ele se encontra presente quando o misterioso Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) surge propondo um desafio: o cavaleiro que o desafiasse e conseguisse atingi-lo poderia ficar com seu machado, mas teria de procurá-lo um ano depois para receber o mesmo ataque e corte que ele desferiu contra o cavaleiro.

Dev Patel como o jovem guerreiro Gawain

O filme acompanha a jornada de Gawain, desde o momento em que ele se prontifica para enfrentar o Cavaleiro e o decapita, até o fim da sua jornada, um ano depois, para aceitar seu destino. E a maneira como o filme conta essa história é tal que busca promover uma forte reflexão no público a respeito dos vários temas tratados nas lendas antigas sobre cavaleiros. O aspecto épico não é totalmente esquecido, mas existe um novo significado para ele nessa trama, um que não se apoia em batalhas espetaculares, discursos glamorosos e magias avassaladoras. Aqui, o épico se encontra na própria jornada e nos questionamentos que a seguem. Todo o filme é concentrado na figura de Gawain, um guerreiro jovem e cheio de defeitos que almeja nada além da glória e da honra de ser um cavaleiro do rei. É com o intuito de encontrar tal glória que ele parte em sua jornada, e cada encontro que se segue ao longo dela atua como um teste das suas convicções, expondo os defeitos que ele deve superar para se mostrar realmente digno.

Com um ritmo bastante lento, o filme mostra cada momento da jornada e cada encontro, intensificando as escolhas de Gawain sem precisar apelar para extremos, usando de momentos de silêncio e de tomadas mais prolongadas do rosto do personagem para intensificar o peso de suas decisões, até que o público consiga de fato entender qual o objetivo de cada momento da história. Do encontro com o espírito de uma garota morta (Erin Kellyman) até a recepção feita por um lorde amigável (Joel Edgerton), para finalmente chegar ao embate com o Cavaleiro Verde, cada momento funciona como um teste dos valores, virtudes e ideais do personagem.

Dev Patel e Joel Edgerton em cena de A Lenda do Cavaleiro Verde

E ao promover esses testes contra seu protagonista, o filme consegue despedaçar o ideal do protagonista épico valoroso e virtuoso, apresentando um personagem cheio de defeitos humanos, em uma busca que o priva de muito do que ele mais estimava e mostra seu pior lado quando confrontado pelas decisões mais pesadas. Dev Patel consegue encontrar um interessante equilíbrio dentro de seu personagem, apresentando o seu lado honrado e que busca a glória de sua missão e o seu aspecto mais frágil e humano, que hesita, sente medo e foge de situações terríveis. Longe de tornar seu protagonista um exemplo da virtude das novelas de cavalaria, o filme consegue, com isso, torná-lo mais receptivo para o público.

Dev Patel como Gawain, cercado pelos cavaleiros do rei

A exploração desse ritmo lento e reflexivo apresenta alguns males já reconhecidos, em especial quando somada à duração prolongada da história, tornando-a um tanto cansativa em certos momentos. Mas seu potencial para reflexão é imenso, não apenas no que diz respeito a questionar os valores dos contos épicos e apresentar a humanidade de seus personagens. O filme também faz um grande trabalho em analisar a nossa busca por violência como resolução de conflitos e a forma como isso cria um ciclo que causa apenas mal aos indivíduos, quando uma solução bem menos agressiva pouparia muitos da dor. A própria forma do Cavaleiro Verde, seu desafio e a jornada que ele inicia funciona tanto como uma análise dessa busca cega pelo destino e pela glória como uma análise da questão ambiental, na qual a destruição do verde e do natural se volta contra aqueles que o promulgaram.

O Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) desafia os membros da corte do rei.

A Lenda do Cavaleiro Verde não é um filme de fantasia costumeiro, e seu ritmo lento pode se mostrar um problema para aqueles que o procuram esperando um longa de jornadas fantásticas, grandes batalhas e momentos grandiosos de inspiração. Para aqueles que aceitam sua proposta e prestam atenção em seu desenvolvimento, no entanto, é um prato cheio para reflexões sobre vários aspectos tanto da construção de nossas histórias e lendas quanto da nossa própria sociedade.

Tendo passado brevemente pelos cinemas, o filme agora se encontra disponível no catálogo da Prime Video.

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A Lenda do Cavaleiro Verde

A Lenda do Cavaleiro Verde

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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A Lenda do Cavaleiro Verde pode não apresentar a típica fantasia épica cheia de batalhas e momentos de glória, mas promove reflexões interessantes enquanto acompanha um cavaleiro em sua missão para obter renome.

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Luis Henrique Franco
21/1/2022

Quando pensamos em filmes medievais e aventuras fantasiosas, a palavra "Épico" já surge como uma descrição recorrente. Em geral, tal descrição se associa à jornada gloriosa de um herói para enfrentar um poderoso inimigo, em um trajeto repleto de batalhas e momentos maravilhosos, com aliados poderosos, magos sábios, monstros terríveis e cavaleiros honrados. A Lenda do Cavaleiro Verde assume para si um estilo um pouco diferente, não abdicando dos aspectos fantasiosos em sua narrativa, mas apresentando-os de uma forma mais lenta e reflexiva do que outros filmes.

Baseado em uma série de lendas antigas da Inglaterra, o filme acompanha o jovem Gawain (Dev Patel), um jovem guerreiro que deseja acima de tudo virar cavaleiro. Convidado para celebrar o Natal ao lado do seu parente, o Rei (Sean Harris), ele se encontra presente quando o misterioso Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) surge propondo um desafio: o cavaleiro que o desafiasse e conseguisse atingi-lo poderia ficar com seu machado, mas teria de procurá-lo um ano depois para receber o mesmo ataque e corte que ele desferiu contra o cavaleiro.

Dev Patel como o jovem guerreiro Gawain

O filme acompanha a jornada de Gawain, desde o momento em que ele se prontifica para enfrentar o Cavaleiro e o decapita, até o fim da sua jornada, um ano depois, para aceitar seu destino. E a maneira como o filme conta essa história é tal que busca promover uma forte reflexão no público a respeito dos vários temas tratados nas lendas antigas sobre cavaleiros. O aspecto épico não é totalmente esquecido, mas existe um novo significado para ele nessa trama, um que não se apoia em batalhas espetaculares, discursos glamorosos e magias avassaladoras. Aqui, o épico se encontra na própria jornada e nos questionamentos que a seguem. Todo o filme é concentrado na figura de Gawain, um guerreiro jovem e cheio de defeitos que almeja nada além da glória e da honra de ser um cavaleiro do rei. É com o intuito de encontrar tal glória que ele parte em sua jornada, e cada encontro que se segue ao longo dela atua como um teste das suas convicções, expondo os defeitos que ele deve superar para se mostrar realmente digno.

Com um ritmo bastante lento, o filme mostra cada momento da jornada e cada encontro, intensificando as escolhas de Gawain sem precisar apelar para extremos, usando de momentos de silêncio e de tomadas mais prolongadas do rosto do personagem para intensificar o peso de suas decisões, até que o público consiga de fato entender qual o objetivo de cada momento da história. Do encontro com o espírito de uma garota morta (Erin Kellyman) até a recepção feita por um lorde amigável (Joel Edgerton), para finalmente chegar ao embate com o Cavaleiro Verde, cada momento funciona como um teste dos valores, virtudes e ideais do personagem.

Dev Patel e Joel Edgerton em cena de A Lenda do Cavaleiro Verde

E ao promover esses testes contra seu protagonista, o filme consegue despedaçar o ideal do protagonista épico valoroso e virtuoso, apresentando um personagem cheio de defeitos humanos, em uma busca que o priva de muito do que ele mais estimava e mostra seu pior lado quando confrontado pelas decisões mais pesadas. Dev Patel consegue encontrar um interessante equilíbrio dentro de seu personagem, apresentando o seu lado honrado e que busca a glória de sua missão e o seu aspecto mais frágil e humano, que hesita, sente medo e foge de situações terríveis. Longe de tornar seu protagonista um exemplo da virtude das novelas de cavalaria, o filme consegue, com isso, torná-lo mais receptivo para o público.

Dev Patel como Gawain, cercado pelos cavaleiros do rei

A exploração desse ritmo lento e reflexivo apresenta alguns males já reconhecidos, em especial quando somada à duração prolongada da história, tornando-a um tanto cansativa em certos momentos. Mas seu potencial para reflexão é imenso, não apenas no que diz respeito a questionar os valores dos contos épicos e apresentar a humanidade de seus personagens. O filme também faz um grande trabalho em analisar a nossa busca por violência como resolução de conflitos e a forma como isso cria um ciclo que causa apenas mal aos indivíduos, quando uma solução bem menos agressiva pouparia muitos da dor. A própria forma do Cavaleiro Verde, seu desafio e a jornada que ele inicia funciona tanto como uma análise dessa busca cega pelo destino e pela glória como uma análise da questão ambiental, na qual a destruição do verde e do natural se volta contra aqueles que o promulgaram.

O Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) desafia os membros da corte do rei.

A Lenda do Cavaleiro Verde não é um filme de fantasia costumeiro, e seu ritmo lento pode se mostrar um problema para aqueles que o procuram esperando um longa de jornadas fantásticas, grandes batalhas e momentos grandiosos de inspiração. Para aqueles que aceitam sua proposta e prestam atenção em seu desenvolvimento, no entanto, é um prato cheio para reflexões sobre vários aspectos tanto da construção de nossas histórias e lendas quanto da nossa própria sociedade.

Tendo passado brevemente pelos cinemas, o filme agora se encontra disponível no catálogo da Prime Video.

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A Lenda do Cavaleiro Verde pode não apresentar a típica fantasia épica cheia de batalhas e momentos de glória, mas promove reflexões interessantes enquanto acompanha um cavaleiro em sua missão para obter renome.

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Luis Henrique Franco
21/1/2022
nascimento

A Lenda do Cavaleiro Verde pode não apresentar a típica fantasia épica cheia de batalhas e momentos de glória, mas promove reflexões interessantes enquanto acompanha um cavaleiro em sua missão para obter renome.

escrito por
Luis Henrique Franco
21/1/2022

Quando pensamos em filmes medievais e aventuras fantasiosas, a palavra "Épico" já surge como uma descrição recorrente. Em geral, tal descrição se associa à jornada gloriosa de um herói para enfrentar um poderoso inimigo, em um trajeto repleto de batalhas e momentos maravilhosos, com aliados poderosos, magos sábios, monstros terríveis e cavaleiros honrados. A Lenda do Cavaleiro Verde assume para si um estilo um pouco diferente, não abdicando dos aspectos fantasiosos em sua narrativa, mas apresentando-os de uma forma mais lenta e reflexiva do que outros filmes.

Baseado em uma série de lendas antigas da Inglaterra, o filme acompanha o jovem Gawain (Dev Patel), um jovem guerreiro que deseja acima de tudo virar cavaleiro. Convidado para celebrar o Natal ao lado do seu parente, o Rei (Sean Harris), ele se encontra presente quando o misterioso Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) surge propondo um desafio: o cavaleiro que o desafiasse e conseguisse atingi-lo poderia ficar com seu machado, mas teria de procurá-lo um ano depois para receber o mesmo ataque e corte que ele desferiu contra o cavaleiro.

Dev Patel como o jovem guerreiro Gawain

O filme acompanha a jornada de Gawain, desde o momento em que ele se prontifica para enfrentar o Cavaleiro e o decapita, até o fim da sua jornada, um ano depois, para aceitar seu destino. E a maneira como o filme conta essa história é tal que busca promover uma forte reflexão no público a respeito dos vários temas tratados nas lendas antigas sobre cavaleiros. O aspecto épico não é totalmente esquecido, mas existe um novo significado para ele nessa trama, um que não se apoia em batalhas espetaculares, discursos glamorosos e magias avassaladoras. Aqui, o épico se encontra na própria jornada e nos questionamentos que a seguem. Todo o filme é concentrado na figura de Gawain, um guerreiro jovem e cheio de defeitos que almeja nada além da glória e da honra de ser um cavaleiro do rei. É com o intuito de encontrar tal glória que ele parte em sua jornada, e cada encontro que se segue ao longo dela atua como um teste das suas convicções, expondo os defeitos que ele deve superar para se mostrar realmente digno.

Com um ritmo bastante lento, o filme mostra cada momento da jornada e cada encontro, intensificando as escolhas de Gawain sem precisar apelar para extremos, usando de momentos de silêncio e de tomadas mais prolongadas do rosto do personagem para intensificar o peso de suas decisões, até que o público consiga de fato entender qual o objetivo de cada momento da história. Do encontro com o espírito de uma garota morta (Erin Kellyman) até a recepção feita por um lorde amigável (Joel Edgerton), para finalmente chegar ao embate com o Cavaleiro Verde, cada momento funciona como um teste dos valores, virtudes e ideais do personagem.

Dev Patel e Joel Edgerton em cena de A Lenda do Cavaleiro Verde

E ao promover esses testes contra seu protagonista, o filme consegue despedaçar o ideal do protagonista épico valoroso e virtuoso, apresentando um personagem cheio de defeitos humanos, em uma busca que o priva de muito do que ele mais estimava e mostra seu pior lado quando confrontado pelas decisões mais pesadas. Dev Patel consegue encontrar um interessante equilíbrio dentro de seu personagem, apresentando o seu lado honrado e que busca a glória de sua missão e o seu aspecto mais frágil e humano, que hesita, sente medo e foge de situações terríveis. Longe de tornar seu protagonista um exemplo da virtude das novelas de cavalaria, o filme consegue, com isso, torná-lo mais receptivo para o público.

Dev Patel como Gawain, cercado pelos cavaleiros do rei

A exploração desse ritmo lento e reflexivo apresenta alguns males já reconhecidos, em especial quando somada à duração prolongada da história, tornando-a um tanto cansativa em certos momentos. Mas seu potencial para reflexão é imenso, não apenas no que diz respeito a questionar os valores dos contos épicos e apresentar a humanidade de seus personagens. O filme também faz um grande trabalho em analisar a nossa busca por violência como resolução de conflitos e a forma como isso cria um ciclo que causa apenas mal aos indivíduos, quando uma solução bem menos agressiva pouparia muitos da dor. A própria forma do Cavaleiro Verde, seu desafio e a jornada que ele inicia funciona tanto como uma análise dessa busca cega pelo destino e pela glória como uma análise da questão ambiental, na qual a destruição do verde e do natural se volta contra aqueles que o promulgaram.

O Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) desafia os membros da corte do rei.

A Lenda do Cavaleiro Verde não é um filme de fantasia costumeiro, e seu ritmo lento pode se mostrar um problema para aqueles que o procuram esperando um longa de jornadas fantásticas, grandes batalhas e momentos grandiosos de inspiração. Para aqueles que aceitam sua proposta e prestam atenção em seu desenvolvimento, no entanto, é um prato cheio para reflexões sobre vários aspectos tanto da construção de nossas histórias e lendas quanto da nossa própria sociedade.

Tendo passado brevemente pelos cinemas, o filme agora se encontra disponível no catálogo da Prime Video.

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