Crítica

Crítica

A Mão de Deus: a vida simples entre cinema e futebol

15/12/2021

Com uma trama simples que acompanha a vida comum de uma família, A Mão de Deus se volta mais para a contemplação e a reflexão, propiciando um belíssimo filme sobre o crescimento de um jovem.

escrito por
Luis Henrique Franco

Com uma trama simples que acompanha a vida comum de uma família, A Mão de Deus se volta mais para a contemplação e a reflexão, propiciando um belíssimo filme sobre o crescimento de um jovem.

escrito por
Luis Henrique Franco
15/12/2021

O jovem Fabietto (Filippo Schisa) é um jovem rapaz que mora na Nápoles dos Anos 80. Aficionado em futebol, ele passa dias ao lado de sua família, torcendo empolgado para o Nápoles de Diego Maradona. Mas quando uma tragédia pessoal se abate sobre ele, Fabietto precisa encontrar coragem para seguir com a sua vida e perseguir a sua tão desejada carreira como cineasta.

O personagem Fabietto em frente a uma paisagem montanhosa da Itália

A Mão de Deus é uma homenagem interessante do diretor Paolo Sorrentino tanto ao futebol mágico de Maradona quanto aos icônicos filmes italianos dos diretores do passado, em especial Fellini e Zeffirelli. Isso porque, ao invés de se dedicar a esses homens diretamente, o diretor opta por contar a história de um rapaz comum, sem nenhuma ligação direta com nenhum deles, mas que vive na mesma época em que eles faziam sucesso. A Nápoles em que Fabietto mora é um local belíssimo, encantado pela presença do jogador e pelas inúmeras referências ao trabalho do cineasta. E esta presença pode ser sentida inclusive entre os membros da família do rapaz, todos adoradores de futebol, ao passo que alguns deles também se voltam para o cinema.

Fabietto e seu pai, Saviero.

Mas para além dessas referências, o filme é um retrato de uma vida simples e comum de um jovem que, prestes a terminar o colégio, precisa decidir o que fazer na vida. A narrativa possui um ritmo lento que acompanha o dia a dia da família de Fabietto, seus momentos de união e diversão, bem como seus inúmeros dramas. Ao mesmo tempo, testemunhamos o amadurecimento do rapaz, entrando na fase da vida onde ele deve escolher o que fazer quando for adulto, ao mesmo tempo em que passa também por um período de despertar sexual e começa a ter desejos pelas mulheres em sua vida.

Por quase metade de sua duração, o longa permanece nessa história bastante singela e tranquila, com vários momentos engraçados, mas poucos que sejam realmente mobilizadores da trama. Os pontos mais marcantes desse momento são o conflito entre os pais de Fabietto, Saverio (Toni Servillo) e Maria (Teresa Saponangelo), quando a traição dele é revelada, e o conflito do próprio Fabietto com seus desejos sexuais por sua atraente tia Patrizia (Luisa Ranieri). São momentos interessantes que colocam uma certa tensão familiar na história e permitem que ela evolua mesmo que pouco, garantindo um crescimento ao personagem.

Fabietto e seus pais, Saverio e Maria, passeiam de moto.

Mas então, em sua metade, o filme muda completamente de tom e pega o público de surpresa ao introduzir uma tragédia familiar que vira a vida do protagonista de cabeça para baixo e o força a tomar decisões mais importantes e imediatas em sua vida, deixando de lado muitas das coisas pela qual ele sempre se interessou. Como principal mobilizador da trama, o evento faz um bom trabalho em estabelecer o grande conflito da sua segunda metade, mesmo que o ocorrido não sustente o drama por toda a sua extensão e torne o filme cansativo em sua parte final. Mas a evolução de Fabietto e as descobertas que ele é levado a fazer sobre a vida e sobre as relações pessoais após o ocorrido constituem um arco bastante bonito e cativante que o filme consegue manter com grande maestria.

Com tudo isso, A Mão de Deus se torna um longa bonito, apesar de trágico, que reflete muito sobre a vida dos jovens e as dificuldades que se apresentam a partir de uma certa idade, quando somos forçados a sair de nossas fantasias e encarar a realidade como ela é. Dessa forma, o futebol deixa de ser o maior atrativo para Fabietto, ao passo que o cinema, pelo qual ele ainda desenvolvia um interesse, torna-se uma opção excelente de vida, que lhe permitiria contar suas histórias e, ao mesmo tempo, buscar uma eventual fuga da realidade novamente.

Fabietto e toda a sua família passeando de barco

Muito mais do que apenas um filme bonito, com paisagens alucinantes e uma trama bem familiar, A Mão de Deus fornece uma importante reflexão para os jovens sobre o que é a vida e sobre os riscos que se corre ao se decidir viver ao máximo. Um ensaio muito interessante, que consegue usar de aspectos importantes da cultura e do entretenimento italiano na década de 80 para dar riqueza a uma história sobre pessoas comuns vivendo uma vida bastante comum. Favorito para estar entre os indicados ao Oscar, o filme já começou a ser indicado para premiações e se encontra disponível na Netflix.

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A Mão de Deus

A Mão de Deus

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Com uma trama simples que acompanha a vida comum de uma família, A Mão de Deus se volta mais para a contemplação e a reflexão, propiciando um belíssimo filme sobre o crescimento de um jovem.

crítica por
Luis Henrique Franco
15/12/2021

O jovem Fabietto (Filippo Schisa) é um jovem rapaz que mora na Nápoles dos Anos 80. Aficionado em futebol, ele passa dias ao lado de sua família, torcendo empolgado para o Nápoles de Diego Maradona. Mas quando uma tragédia pessoal se abate sobre ele, Fabietto precisa encontrar coragem para seguir com a sua vida e perseguir a sua tão desejada carreira como cineasta.

O personagem Fabietto em frente a uma paisagem montanhosa da Itália

A Mão de Deus é uma homenagem interessante do diretor Paolo Sorrentino tanto ao futebol mágico de Maradona quanto aos icônicos filmes italianos dos diretores do passado, em especial Fellini e Zeffirelli. Isso porque, ao invés de se dedicar a esses homens diretamente, o diretor opta por contar a história de um rapaz comum, sem nenhuma ligação direta com nenhum deles, mas que vive na mesma época em que eles faziam sucesso. A Nápoles em que Fabietto mora é um local belíssimo, encantado pela presença do jogador e pelas inúmeras referências ao trabalho do cineasta. E esta presença pode ser sentida inclusive entre os membros da família do rapaz, todos adoradores de futebol, ao passo que alguns deles também se voltam para o cinema.

Fabietto e seu pai, Saviero.

Mas para além dessas referências, o filme é um retrato de uma vida simples e comum de um jovem que, prestes a terminar o colégio, precisa decidir o que fazer na vida. A narrativa possui um ritmo lento que acompanha o dia a dia da família de Fabietto, seus momentos de união e diversão, bem como seus inúmeros dramas. Ao mesmo tempo, testemunhamos o amadurecimento do rapaz, entrando na fase da vida onde ele deve escolher o que fazer quando for adulto, ao mesmo tempo em que passa também por um período de despertar sexual e começa a ter desejos pelas mulheres em sua vida.

Por quase metade de sua duração, o longa permanece nessa história bastante singela e tranquila, com vários momentos engraçados, mas poucos que sejam realmente mobilizadores da trama. Os pontos mais marcantes desse momento são o conflito entre os pais de Fabietto, Saverio (Toni Servillo) e Maria (Teresa Saponangelo), quando a traição dele é revelada, e o conflito do próprio Fabietto com seus desejos sexuais por sua atraente tia Patrizia (Luisa Ranieri). São momentos interessantes que colocam uma certa tensão familiar na história e permitem que ela evolua mesmo que pouco, garantindo um crescimento ao personagem.

Fabietto e seus pais, Saverio e Maria, passeiam de moto.

Mas então, em sua metade, o filme muda completamente de tom e pega o público de surpresa ao introduzir uma tragédia familiar que vira a vida do protagonista de cabeça para baixo e o força a tomar decisões mais importantes e imediatas em sua vida, deixando de lado muitas das coisas pela qual ele sempre se interessou. Como principal mobilizador da trama, o evento faz um bom trabalho em estabelecer o grande conflito da sua segunda metade, mesmo que o ocorrido não sustente o drama por toda a sua extensão e torne o filme cansativo em sua parte final. Mas a evolução de Fabietto e as descobertas que ele é levado a fazer sobre a vida e sobre as relações pessoais após o ocorrido constituem um arco bastante bonito e cativante que o filme consegue manter com grande maestria.

Com tudo isso, A Mão de Deus se torna um longa bonito, apesar de trágico, que reflete muito sobre a vida dos jovens e as dificuldades que se apresentam a partir de uma certa idade, quando somos forçados a sair de nossas fantasias e encarar a realidade como ela é. Dessa forma, o futebol deixa de ser o maior atrativo para Fabietto, ao passo que o cinema, pelo qual ele ainda desenvolvia um interesse, torna-se uma opção excelente de vida, que lhe permitiria contar suas histórias e, ao mesmo tempo, buscar uma eventual fuga da realidade novamente.

Fabietto e toda a sua família passeando de barco

Muito mais do que apenas um filme bonito, com paisagens alucinantes e uma trama bem familiar, A Mão de Deus fornece uma importante reflexão para os jovens sobre o que é a vida e sobre os riscos que se corre ao se decidir viver ao máximo. Um ensaio muito interessante, que consegue usar de aspectos importantes da cultura e do entretenimento italiano na década de 80 para dar riqueza a uma história sobre pessoas comuns vivendo uma vida bastante comum. Favorito para estar entre os indicados ao Oscar, o filme já começou a ser indicado para premiações e se encontra disponível na Netflix.

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Com uma trama simples que acompanha a vida comum de uma família, A Mão de Deus se volta mais para a contemplação e a reflexão, propiciando um belíssimo filme sobre o crescimento de um jovem.

escrito por
Luis Henrique Franco
15/12/2021
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Com uma trama simples que acompanha a vida comum de uma família, A Mão de Deus se volta mais para a contemplação e a reflexão, propiciando um belíssimo filme sobre o crescimento de um jovem.

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Luis Henrique Franco
15/12/2021

O jovem Fabietto (Filippo Schisa) é um jovem rapaz que mora na Nápoles dos Anos 80. Aficionado em futebol, ele passa dias ao lado de sua família, torcendo empolgado para o Nápoles de Diego Maradona. Mas quando uma tragédia pessoal se abate sobre ele, Fabietto precisa encontrar coragem para seguir com a sua vida e perseguir a sua tão desejada carreira como cineasta.

O personagem Fabietto em frente a uma paisagem montanhosa da Itália

A Mão de Deus é uma homenagem interessante do diretor Paolo Sorrentino tanto ao futebol mágico de Maradona quanto aos icônicos filmes italianos dos diretores do passado, em especial Fellini e Zeffirelli. Isso porque, ao invés de se dedicar a esses homens diretamente, o diretor opta por contar a história de um rapaz comum, sem nenhuma ligação direta com nenhum deles, mas que vive na mesma época em que eles faziam sucesso. A Nápoles em que Fabietto mora é um local belíssimo, encantado pela presença do jogador e pelas inúmeras referências ao trabalho do cineasta. E esta presença pode ser sentida inclusive entre os membros da família do rapaz, todos adoradores de futebol, ao passo que alguns deles também se voltam para o cinema.

Fabietto e seu pai, Saviero.

Mas para além dessas referências, o filme é um retrato de uma vida simples e comum de um jovem que, prestes a terminar o colégio, precisa decidir o que fazer na vida. A narrativa possui um ritmo lento que acompanha o dia a dia da família de Fabietto, seus momentos de união e diversão, bem como seus inúmeros dramas. Ao mesmo tempo, testemunhamos o amadurecimento do rapaz, entrando na fase da vida onde ele deve escolher o que fazer quando for adulto, ao mesmo tempo em que passa também por um período de despertar sexual e começa a ter desejos pelas mulheres em sua vida.

Por quase metade de sua duração, o longa permanece nessa história bastante singela e tranquila, com vários momentos engraçados, mas poucos que sejam realmente mobilizadores da trama. Os pontos mais marcantes desse momento são o conflito entre os pais de Fabietto, Saverio (Toni Servillo) e Maria (Teresa Saponangelo), quando a traição dele é revelada, e o conflito do próprio Fabietto com seus desejos sexuais por sua atraente tia Patrizia (Luisa Ranieri). São momentos interessantes que colocam uma certa tensão familiar na história e permitem que ela evolua mesmo que pouco, garantindo um crescimento ao personagem.

Fabietto e seus pais, Saverio e Maria, passeiam de moto.

Mas então, em sua metade, o filme muda completamente de tom e pega o público de surpresa ao introduzir uma tragédia familiar que vira a vida do protagonista de cabeça para baixo e o força a tomar decisões mais importantes e imediatas em sua vida, deixando de lado muitas das coisas pela qual ele sempre se interessou. Como principal mobilizador da trama, o evento faz um bom trabalho em estabelecer o grande conflito da sua segunda metade, mesmo que o ocorrido não sustente o drama por toda a sua extensão e torne o filme cansativo em sua parte final. Mas a evolução de Fabietto e as descobertas que ele é levado a fazer sobre a vida e sobre as relações pessoais após o ocorrido constituem um arco bastante bonito e cativante que o filme consegue manter com grande maestria.

Com tudo isso, A Mão de Deus se torna um longa bonito, apesar de trágico, que reflete muito sobre a vida dos jovens e as dificuldades que se apresentam a partir de uma certa idade, quando somos forçados a sair de nossas fantasias e encarar a realidade como ela é. Dessa forma, o futebol deixa de ser o maior atrativo para Fabietto, ao passo que o cinema, pelo qual ele ainda desenvolvia um interesse, torna-se uma opção excelente de vida, que lhe permitiria contar suas histórias e, ao mesmo tempo, buscar uma eventual fuga da realidade novamente.

Fabietto e toda a sua família passeando de barco

Muito mais do que apenas um filme bonito, com paisagens alucinantes e uma trama bem familiar, A Mão de Deus fornece uma importante reflexão para os jovens sobre o que é a vida e sobre os riscos que se corre ao se decidir viver ao máximo. Um ensaio muito interessante, que consegue usar de aspectos importantes da cultura e do entretenimento italiano na década de 80 para dar riqueza a uma história sobre pessoas comuns vivendo uma vida bastante comum. Favorito para estar entre os indicados ao Oscar, o filme já começou a ser indicado para premiações e se encontra disponível na Netflix.

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