No items found.

Análise & Opinião

Análise & Opinião

Hobbs & Shaw e O Problema das Franquias de Ação

31/7/2019

Em seu nono filme, a franquia Velozes e Furiosos apresenta um spin off sobre os personagens Hobbs e Shaw e promete, como sempre, muita ação e pancadaria, a essência das sagas de ação atualmente.

escrito por
Luis Henrique Franco

Em seu nono filme, a franquia Velozes e Furiosos apresenta um spin off sobre os personagens Hobbs e Shaw e promete, como sempre, muita ação e pancadaria, a essência das sagas de ação atualmente.

escrito por
Luis Henrique Franco
31/7/2019

O cinema de Hollywood atingiu uma era onde suas produções estão, quase todas, voltadas para o seu potencial de gerar sequências e construir franquias milionárias de filmes que parecem não mais atingir seu fim. Entre essas produções, podemos citar o Universo Marvel, a franquia Trasformers e a franquia Velozes & Furiosos que, após lançar o seu oitavo filme em 2017, volta aos cinemas com seu mais novo spin-off, Hobbs & Shaw.

Foram poucas as franquias que já atingiram esse feito: oito filmes e um spin-off, todos faturando uma grande bilheteria, apesar das críticas negativas em algumas de suas produções. Isso é, na verdade, o que movimenta essas grandes sagas a continuarem. Por mais que os filmes possam ficar ruins e obter as piores críticas contra eles, as pessoas ainda vão ao cinema para assisti-los. Pessoalmente, eu não posso me isentar dessa situação, visto que gosto muito de algumas franquias que existem por aí e, mesmo depois que vejo uma crítica ruim, ainda vou assistir ao filme. Mas é através desses nossos gostos que essas sagas intermináveis encontram uma maneira de continuar a voltar com novas produções.

UMA PREMISSA SIMPLES QUE SE REPETE EM TODOS OS FILMES

Uma característica marcante dessas franquias é o fato de todos os seus filmes seguirem sempre a premissa, e muitas vezes o roteiro, dos primeiros. Tomemos como exemplo uma das sagas mais antigas do cinema que ainda hoje encontra espaço para novos filmes. 007 existe no mundo dos filmes desde 1962, e atualmente totaliza um conjunto de 24 longas produzidos, com o vigésimo quinto em produção. Todos esses filmes apresentam uma fórmula muito semelhante entre si e que varia muito pouco entre os filmes, salvo algumas exceções. Não à toa, é uma franquia que já é vista por muitos como extremamente ultrapassada, o que reflete um pouco na receptividade dos novos filmes.

Esse não é um problema de todas as sequências. É comum em uma saga manter alguns elementos entre os filmes, em especial aqueles que melhor caracterizam o mundo e os personagens mostrados, mas em sagas menores, resumidas a dois filmes ou então a trilogias, existe uma maior possibilidade de exploração das tramas de maneira a criar conteúdos diferentes para os filmes. A trilogia Batman de Christopher Nolan funciona como um bom exemplo disso. Três filmes com tramas próprias e bem pensadas, de forma que cada um deles oferece uma experiência única, mas que, ao mesmo tempo, são capazes de se conectar de forma a se tornarem partes da mesma história.

Algumas franquias maiores do que três filmes às vezes também conseguem manter uma trama interessante até o final. Harry Potter conseguiu produzir oito filmes de grande sucesso e com boas tramas, tendo sempre o amparo dos livros originais. Contudo, em geral é a partir do quarto ou quinto filme que uma saga, por mais bem pensada que seja, começa a perder a capacidade de mostrar algo novo.

É um planejamento muito difícil, chegar em um quinto, sexto filme com todos eles apresentando tramas surpreendentes e que se complementam na formação de uma mesma história e ainda fornecem algo realmente novo e inovador para a aventura. Na maior parte dos casos, opta-se por seguir a fórmula básica dos primeiros filmes, sem muito a acrescentar. Piratas do Caribe pode ser citado nessa situação, tendo arcos interessantes até o terceiro filme para depois rapidamente cair em uma repetição de situações e de personagens que rapidamente perderam a graça.

SPIN-OFFS: A NOVA APOSTA PARA A VIDA ETERNA DAS FRANQUIAS

Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw entra em uma categoria que afeta cada vez mais franquias no cinema. Eu já escrevi um outro texto falando sobre a questão dos spin-offs e de como eles precisam ser bem planejados e abordar histórias que não só são interessantes para o público e para a trama geral da saga, mas também precisam ter uma trama própria que seja importante o suficiente para justificar a produção de um filme para contá-la. Rogue One pode ser um bom exemplo de um spin-off bom, enquanto Han Solo pode se enquadrar como uma produção desnecessária. Ambos os filmes trazem novos conceitos para o universo de Star Wars, mas um é capaz de introduzir temas e explicações relevantes para um acontecimento da saga original, enquanto o outro funciona como uma história de origem que ninguém pediu para um personagem que não precisava de uma origem diferente da apresentada nos originais.

Como parte das franquias, os spin-offs tem o poder de ampliar o universo conhecido da história original, incorporando temas que não puderam ser mostrados nos filmes originais e, muitas vezes, respondendo a perguntas deixadas por eles. Contudo, é muito fácil para essas produções deixarem de apresentar temas importantes para os fãs dos originais, como foi o caso de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, que seguiu a história do primeiro spin-off, mas logo demonstrou um esgotamento de sua trama e uma narrativa fraca e sem muito a acrescentar. O mesmo também pode ser visto na trilogia Annabelle, que tentou introduzir uma nova narrativa ao universo de Invocação do Mal, mas não apresentou tramas enriquecedoras em nenhum de seus filmes e só conseguiu expandir o universo por apresentar novos objetos possuídos, dando a possibilidade do surgimento de novos casos a serem explorados.

Dentro dessa questão, Hobbs & Shaw entra como uma spin-off dedicada a dar mais destaque a dois dos personagens principais da franquia e sua incomum parceria. Ainda assim, o filme deverá ser afetado pela exaustão da franquia que, no seu nono filme lançado, já mostra que não tem muito mais a oferecer a seu público.

A SOBREVIVÊNCIA ATRAVÉS DAS EXPLOSÕES

É um princípio básico dos filmes de ação: é ótimo quando eles tem boas tramas e personagens envolventes, mas o motivo que leva boa parte do público a assisti-los são as suas sequências de ação, luta, perseguições, explosões, pancadaria e adrenalina. Em um filme como Velozes e Furiosos, o objetivo está claro: lucrar mostrando carros em alta velocidade explodindo em sequências de tirar o fôlego.

Não é um problema em si. Filmes desse tipo servem como entretenimento para a maioria de seu público, um tipo de entretenimento que consiste em ideias simples que afetam diretamente a nossa noção de adrenalina, nos fazendo desejar ser igual aos personagens quando esses fazem alguma coisa impossível nas telas, derrotam o vilão e conquistam tudo aquilo que queriam. Essas franquias se sustentam por providenciar toda a dose de ação e pancadaria que conseguem, acompanhadas por um final que, aos olhos do público, é satisfatório. É por causa disso que sagas como Velozes & Furiosos, Transformers, Rambo e 007 conseguem emplacar cada vez mais filmes, não importa o quanto as pessoas digam que já estão cansadas deles.

Mas aí se cria uma faca de dois gumes, visto que o público não vai se dispor a assistir uma sequência a um filme de ação se este apresentar apenas a mesma coisa que já foi vista no anterior. Por causa disso, as sequências dessas franquias têm sempre que trazer mais ação, explosões e conflitos mais intensos, efeitos mais assombrosos do que seus antecessores. Além de matar mais tempo destinado à exploração da trama, essa tendência de sempre aumentar a dosagem da ação vista nas telas acaba tendo um efeito muito indesejado após inúmeras sequências: a necessidade de se realizar cenas e tramas tão impossíveis e absurdas que são incapazes de convencer o público.

É esse o momento que os filmes de ação, em especial os de grandes franquias, estão vivendo nos últimos tempos. Os feitos de seus protagonistas deixaram de ser surpreendentes e se tornaram absurdos e inacreditáveis, porque os produtores, ao verem a necessidade de apresentar algo novo, dispensam a possibilidade de uma trama diferente e dão privilégio ao que eles vêm que causa mais reações ao público: ação sem limites.

No items found.
botão de dar play no vídeo
No items found.

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
saiba mais sobre o filme
saiba mais sobre a série

Em seu nono filme, a franquia Velozes e Furiosos apresenta um spin off sobre os personagens Hobbs e Shaw e promete, como sempre, muita ação e pancadaria, a essência das sagas de ação atualmente.

crítica por
Luis Henrique Franco
31/7/2019

O cinema de Hollywood atingiu uma era onde suas produções estão, quase todas, voltadas para o seu potencial de gerar sequências e construir franquias milionárias de filmes que parecem não mais atingir seu fim. Entre essas produções, podemos citar o Universo Marvel, a franquia Trasformers e a franquia Velozes & Furiosos que, após lançar o seu oitavo filme em 2017, volta aos cinemas com seu mais novo spin-off, Hobbs & Shaw.

Foram poucas as franquias que já atingiram esse feito: oito filmes e um spin-off, todos faturando uma grande bilheteria, apesar das críticas negativas em algumas de suas produções. Isso é, na verdade, o que movimenta essas grandes sagas a continuarem. Por mais que os filmes possam ficar ruins e obter as piores críticas contra eles, as pessoas ainda vão ao cinema para assisti-los. Pessoalmente, eu não posso me isentar dessa situação, visto que gosto muito de algumas franquias que existem por aí e, mesmo depois que vejo uma crítica ruim, ainda vou assistir ao filme. Mas é através desses nossos gostos que essas sagas intermináveis encontram uma maneira de continuar a voltar com novas produções.

UMA PREMISSA SIMPLES QUE SE REPETE EM TODOS OS FILMES

Uma característica marcante dessas franquias é o fato de todos os seus filmes seguirem sempre a premissa, e muitas vezes o roteiro, dos primeiros. Tomemos como exemplo uma das sagas mais antigas do cinema que ainda hoje encontra espaço para novos filmes. 007 existe no mundo dos filmes desde 1962, e atualmente totaliza um conjunto de 24 longas produzidos, com o vigésimo quinto em produção. Todos esses filmes apresentam uma fórmula muito semelhante entre si e que varia muito pouco entre os filmes, salvo algumas exceções. Não à toa, é uma franquia que já é vista por muitos como extremamente ultrapassada, o que reflete um pouco na receptividade dos novos filmes.

Esse não é um problema de todas as sequências. É comum em uma saga manter alguns elementos entre os filmes, em especial aqueles que melhor caracterizam o mundo e os personagens mostrados, mas em sagas menores, resumidas a dois filmes ou então a trilogias, existe uma maior possibilidade de exploração das tramas de maneira a criar conteúdos diferentes para os filmes. A trilogia Batman de Christopher Nolan funciona como um bom exemplo disso. Três filmes com tramas próprias e bem pensadas, de forma que cada um deles oferece uma experiência única, mas que, ao mesmo tempo, são capazes de se conectar de forma a se tornarem partes da mesma história.

Algumas franquias maiores do que três filmes às vezes também conseguem manter uma trama interessante até o final. Harry Potter conseguiu produzir oito filmes de grande sucesso e com boas tramas, tendo sempre o amparo dos livros originais. Contudo, em geral é a partir do quarto ou quinto filme que uma saga, por mais bem pensada que seja, começa a perder a capacidade de mostrar algo novo.

É um planejamento muito difícil, chegar em um quinto, sexto filme com todos eles apresentando tramas surpreendentes e que se complementam na formação de uma mesma história e ainda fornecem algo realmente novo e inovador para a aventura. Na maior parte dos casos, opta-se por seguir a fórmula básica dos primeiros filmes, sem muito a acrescentar. Piratas do Caribe pode ser citado nessa situação, tendo arcos interessantes até o terceiro filme para depois rapidamente cair em uma repetição de situações e de personagens que rapidamente perderam a graça.

SPIN-OFFS: A NOVA APOSTA PARA A VIDA ETERNA DAS FRANQUIAS

Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw entra em uma categoria que afeta cada vez mais franquias no cinema. Eu já escrevi um outro texto falando sobre a questão dos spin-offs e de como eles precisam ser bem planejados e abordar histórias que não só são interessantes para o público e para a trama geral da saga, mas também precisam ter uma trama própria que seja importante o suficiente para justificar a produção de um filme para contá-la. Rogue One pode ser um bom exemplo de um spin-off bom, enquanto Han Solo pode se enquadrar como uma produção desnecessária. Ambos os filmes trazem novos conceitos para o universo de Star Wars, mas um é capaz de introduzir temas e explicações relevantes para um acontecimento da saga original, enquanto o outro funciona como uma história de origem que ninguém pediu para um personagem que não precisava de uma origem diferente da apresentada nos originais.

Como parte das franquias, os spin-offs tem o poder de ampliar o universo conhecido da história original, incorporando temas que não puderam ser mostrados nos filmes originais e, muitas vezes, respondendo a perguntas deixadas por eles. Contudo, é muito fácil para essas produções deixarem de apresentar temas importantes para os fãs dos originais, como foi o caso de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, que seguiu a história do primeiro spin-off, mas logo demonstrou um esgotamento de sua trama e uma narrativa fraca e sem muito a acrescentar. O mesmo também pode ser visto na trilogia Annabelle, que tentou introduzir uma nova narrativa ao universo de Invocação do Mal, mas não apresentou tramas enriquecedoras em nenhum de seus filmes e só conseguiu expandir o universo por apresentar novos objetos possuídos, dando a possibilidade do surgimento de novos casos a serem explorados.

Dentro dessa questão, Hobbs & Shaw entra como uma spin-off dedicada a dar mais destaque a dois dos personagens principais da franquia e sua incomum parceria. Ainda assim, o filme deverá ser afetado pela exaustão da franquia que, no seu nono filme lançado, já mostra que não tem muito mais a oferecer a seu público.

A SOBREVIVÊNCIA ATRAVÉS DAS EXPLOSÕES

É um princípio básico dos filmes de ação: é ótimo quando eles tem boas tramas e personagens envolventes, mas o motivo que leva boa parte do público a assisti-los são as suas sequências de ação, luta, perseguições, explosões, pancadaria e adrenalina. Em um filme como Velozes e Furiosos, o objetivo está claro: lucrar mostrando carros em alta velocidade explodindo em sequências de tirar o fôlego.

Não é um problema em si. Filmes desse tipo servem como entretenimento para a maioria de seu público, um tipo de entretenimento que consiste em ideias simples que afetam diretamente a nossa noção de adrenalina, nos fazendo desejar ser igual aos personagens quando esses fazem alguma coisa impossível nas telas, derrotam o vilão e conquistam tudo aquilo que queriam. Essas franquias se sustentam por providenciar toda a dose de ação e pancadaria que conseguem, acompanhadas por um final que, aos olhos do público, é satisfatório. É por causa disso que sagas como Velozes & Furiosos, Transformers, Rambo e 007 conseguem emplacar cada vez mais filmes, não importa o quanto as pessoas digam que já estão cansadas deles.

Mas aí se cria uma faca de dois gumes, visto que o público não vai se dispor a assistir uma sequência a um filme de ação se este apresentar apenas a mesma coisa que já foi vista no anterior. Por causa disso, as sequências dessas franquias têm sempre que trazer mais ação, explosões e conflitos mais intensos, efeitos mais assombrosos do que seus antecessores. Além de matar mais tempo destinado à exploração da trama, essa tendência de sempre aumentar a dosagem da ação vista nas telas acaba tendo um efeito muito indesejado após inúmeras sequências: a necessidade de se realizar cenas e tramas tão impossíveis e absurdas que são incapazes de convencer o público.

É esse o momento que os filmes de ação, em especial os de grandes franquias, estão vivendo nos últimos tempos. Os feitos de seus protagonistas deixaram de ser surpreendentes e se tornaram absurdos e inacreditáveis, porque os produtores, ao verem a necessidade de apresentar algo novo, dispensam a possibilidade de uma trama diferente e dão privilégio ao que eles vêm que causa mais reações ao público: ação sem limites.

confira o trailer

Análise & Opinião

Em seu nono filme, a franquia Velozes e Furiosos apresenta um spin off sobre os personagens Hobbs e Shaw e promete, como sempre, muita ação e pancadaria, a essência das sagas de ação atualmente.

escrito por
Luis Henrique Franco
31/7/2019
nascimento

Em seu nono filme, a franquia Velozes e Furiosos apresenta um spin off sobre os personagens Hobbs e Shaw e promete, como sempre, muita ação e pancadaria, a essência das sagas de ação atualmente.

escrito por
Luis Henrique Franco
31/7/2019

O cinema de Hollywood atingiu uma era onde suas produções estão, quase todas, voltadas para o seu potencial de gerar sequências e construir franquias milionárias de filmes que parecem não mais atingir seu fim. Entre essas produções, podemos citar o Universo Marvel, a franquia Trasformers e a franquia Velozes & Furiosos que, após lançar o seu oitavo filme em 2017, volta aos cinemas com seu mais novo spin-off, Hobbs & Shaw.

Foram poucas as franquias que já atingiram esse feito: oito filmes e um spin-off, todos faturando uma grande bilheteria, apesar das críticas negativas em algumas de suas produções. Isso é, na verdade, o que movimenta essas grandes sagas a continuarem. Por mais que os filmes possam ficar ruins e obter as piores críticas contra eles, as pessoas ainda vão ao cinema para assisti-los. Pessoalmente, eu não posso me isentar dessa situação, visto que gosto muito de algumas franquias que existem por aí e, mesmo depois que vejo uma crítica ruim, ainda vou assistir ao filme. Mas é através desses nossos gostos que essas sagas intermináveis encontram uma maneira de continuar a voltar com novas produções.

UMA PREMISSA SIMPLES QUE SE REPETE EM TODOS OS FILMES

Uma característica marcante dessas franquias é o fato de todos os seus filmes seguirem sempre a premissa, e muitas vezes o roteiro, dos primeiros. Tomemos como exemplo uma das sagas mais antigas do cinema que ainda hoje encontra espaço para novos filmes. 007 existe no mundo dos filmes desde 1962, e atualmente totaliza um conjunto de 24 longas produzidos, com o vigésimo quinto em produção. Todos esses filmes apresentam uma fórmula muito semelhante entre si e que varia muito pouco entre os filmes, salvo algumas exceções. Não à toa, é uma franquia que já é vista por muitos como extremamente ultrapassada, o que reflete um pouco na receptividade dos novos filmes.

Esse não é um problema de todas as sequências. É comum em uma saga manter alguns elementos entre os filmes, em especial aqueles que melhor caracterizam o mundo e os personagens mostrados, mas em sagas menores, resumidas a dois filmes ou então a trilogias, existe uma maior possibilidade de exploração das tramas de maneira a criar conteúdos diferentes para os filmes. A trilogia Batman de Christopher Nolan funciona como um bom exemplo disso. Três filmes com tramas próprias e bem pensadas, de forma que cada um deles oferece uma experiência única, mas que, ao mesmo tempo, são capazes de se conectar de forma a se tornarem partes da mesma história.

Algumas franquias maiores do que três filmes às vezes também conseguem manter uma trama interessante até o final. Harry Potter conseguiu produzir oito filmes de grande sucesso e com boas tramas, tendo sempre o amparo dos livros originais. Contudo, em geral é a partir do quarto ou quinto filme que uma saga, por mais bem pensada que seja, começa a perder a capacidade de mostrar algo novo.

É um planejamento muito difícil, chegar em um quinto, sexto filme com todos eles apresentando tramas surpreendentes e que se complementam na formação de uma mesma história e ainda fornecem algo realmente novo e inovador para a aventura. Na maior parte dos casos, opta-se por seguir a fórmula básica dos primeiros filmes, sem muito a acrescentar. Piratas do Caribe pode ser citado nessa situação, tendo arcos interessantes até o terceiro filme para depois rapidamente cair em uma repetição de situações e de personagens que rapidamente perderam a graça.

SPIN-OFFS: A NOVA APOSTA PARA A VIDA ETERNA DAS FRANQUIAS

Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw entra em uma categoria que afeta cada vez mais franquias no cinema. Eu já escrevi um outro texto falando sobre a questão dos spin-offs e de como eles precisam ser bem planejados e abordar histórias que não só são interessantes para o público e para a trama geral da saga, mas também precisam ter uma trama própria que seja importante o suficiente para justificar a produção de um filme para contá-la. Rogue One pode ser um bom exemplo de um spin-off bom, enquanto Han Solo pode se enquadrar como uma produção desnecessária. Ambos os filmes trazem novos conceitos para o universo de Star Wars, mas um é capaz de introduzir temas e explicações relevantes para um acontecimento da saga original, enquanto o outro funciona como uma história de origem que ninguém pediu para um personagem que não precisava de uma origem diferente da apresentada nos originais.

Como parte das franquias, os spin-offs tem o poder de ampliar o universo conhecido da história original, incorporando temas que não puderam ser mostrados nos filmes originais e, muitas vezes, respondendo a perguntas deixadas por eles. Contudo, é muito fácil para essas produções deixarem de apresentar temas importantes para os fãs dos originais, como foi o caso de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, que seguiu a história do primeiro spin-off, mas logo demonstrou um esgotamento de sua trama e uma narrativa fraca e sem muito a acrescentar. O mesmo também pode ser visto na trilogia Annabelle, que tentou introduzir uma nova narrativa ao universo de Invocação do Mal, mas não apresentou tramas enriquecedoras em nenhum de seus filmes e só conseguiu expandir o universo por apresentar novos objetos possuídos, dando a possibilidade do surgimento de novos casos a serem explorados.

Dentro dessa questão, Hobbs & Shaw entra como uma spin-off dedicada a dar mais destaque a dois dos personagens principais da franquia e sua incomum parceria. Ainda assim, o filme deverá ser afetado pela exaustão da franquia que, no seu nono filme lançado, já mostra que não tem muito mais a oferecer a seu público.

A SOBREVIVÊNCIA ATRAVÉS DAS EXPLOSÕES

É um princípio básico dos filmes de ação: é ótimo quando eles tem boas tramas e personagens envolventes, mas o motivo que leva boa parte do público a assisti-los são as suas sequências de ação, luta, perseguições, explosões, pancadaria e adrenalina. Em um filme como Velozes e Furiosos, o objetivo está claro: lucrar mostrando carros em alta velocidade explodindo em sequências de tirar o fôlego.

Não é um problema em si. Filmes desse tipo servem como entretenimento para a maioria de seu público, um tipo de entretenimento que consiste em ideias simples que afetam diretamente a nossa noção de adrenalina, nos fazendo desejar ser igual aos personagens quando esses fazem alguma coisa impossível nas telas, derrotam o vilão e conquistam tudo aquilo que queriam. Essas franquias se sustentam por providenciar toda a dose de ação e pancadaria que conseguem, acompanhadas por um final que, aos olhos do público, é satisfatório. É por causa disso que sagas como Velozes & Furiosos, Transformers, Rambo e 007 conseguem emplacar cada vez mais filmes, não importa o quanto as pessoas digam que já estão cansadas deles.

Mas aí se cria uma faca de dois gumes, visto que o público não vai se dispor a assistir uma sequência a um filme de ação se este apresentar apenas a mesma coisa que já foi vista no anterior. Por causa disso, as sequências dessas franquias têm sempre que trazer mais ação, explosões e conflitos mais intensos, efeitos mais assombrosos do que seus antecessores. Além de matar mais tempo destinado à exploração da trama, essa tendência de sempre aumentar a dosagem da ação vista nas telas acaba tendo um efeito muito indesejado após inúmeras sequências: a necessidade de se realizar cenas e tramas tão impossíveis e absurdas que são incapazes de convencer o público.

É esse o momento que os filmes de ação, em especial os de grandes franquias, estão vivendo nos últimos tempos. Os feitos de seus protagonistas deixaram de ser surpreendentes e se tornaram absurdos e inacreditáveis, porque os produtores, ao verem a necessidade de apresentar algo novo, dispensam a possibilidade de uma trama diferente e dão privilégio ao que eles vêm que causa mais reações ao público: ação sem limites.

ARTIGOS relacionados

deixe seu comentário