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Análise & Opinião

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Entre o clássico e o atual: Planeta dos Macacos

4/8/2017

Com a estréia do novo filme do Planeta dos Macacos, muitas pessoas comparam a nova franquia aos velhos filmes. Quais serão as semelhanças e diferenças deles?

escrito por
Luis Henrique Franco

Com a estréia do novo filme do Planeta dos Macacos, muitas pessoas comparam a nova franquia aos velhos filmes. Quais serão as semelhanças e diferenças deles?

escrito por
Luis Henrique Franco
4/8/2017

Em 2011, o diretor Rupert Wyatt comandou a ressurreição de um dos maiores clássicos da ficção científica e da cultura pop. A nova adaptação de O Planeta dos Macacos foi um sucesso maior do que a tentativa anterior, feita por Tim Burton em 2001, trazendo ao público uma nova versão da história clássica que encantou a muitos principalmente pelo uso de cenas de ação e pelos efeitos especiais usados para a construção dos personagens primatas, principalmente do líder Cesar, interpretado pelo icônico Andy Serkis (Gollum, de O Senhor dos Anéis, e Kong, da adaptação de 2005 do clássico King Kong, dirigida por Peter Jackson).

Com mais de quarenta anos de diferença entre o filme clássico e a adaptação de Wyatt em 2011, e quase cinquenta anos entre essa e o lançamento do livro original, muitas coisas mudaram com o tempo, e o filme acompanha essas mudanças de forma a fornecer ao público uma versão mais adaptada aos gostos atuais. Assim sendo, existem muitas diferenças marcantes na história contada pelo filme original de 1968 e a nova franquia iniciada em 2011. Relembremos juntos alguns dos principais pontos de cada versão.

A SAGA ORIGINAL

Baseado no livro escrito pelo francês Pierre Boulle em 1963, o filme original de Planeta dos Macacos narra a história do astronauta Taylor (interpretado por Charlton Heston), que faz um pouso forçado em um planeta desconhecido junto com outros dois astronautas. Acreditando a princípio se tratar de um ambiente ocupado apenas por humanos primitivos, os astronautas têm uma grande surpresa ao se encontrarem em meio a uma caçada promovida por macacos dotados de intelecto racional e capazes de falar, andar sobre duas patas e portar armas de fogo e roupas. Tratado como um selvagem, Taylor tem que provar aos macacos de que é tão inteligente quanto eles e convencê-los de sua história enquanto tenta encontrar um meio de voltar para casa. Após muitas tentativas, Taylor chega a uma praia na qual faz uma descoberta terrível: ele estava na Terra o tempo todo, em uma versão futura na qual toda a sociedade humana deixaria de existir em prol da sociedade primata.

Apesar de só existir um livro, o filme de 1968 gerou quatro continuações. O segundo filme, De Volta ao Planeta dos Macacos, conta a história da chegada de Brent (James Franciscus) ao futuro, enquanto procurava por Taylor. Ao descobrir sobre a sociedade dos macacos, Brent se une ao astronauta e a um grupo sobrevivente de humanos que veneram uma bomba de destruição em massa como um deus, enquanto as tropas dos primatas do General Ursus (James Gregory) avançam para pôr um fim aos humanos.

O terceiro filme, Fuga do Planeta dos Macacos, afasta-se da premissa do futuro governado pelos primatas e retorna à década de 70. Na trama, Zira (Kim Hunter) e Cornelius (Roddy McDowell), dois chimpanzés que conseguiram escapar da destruição do planeta Terra no futuro após a explosão da bomba de destruição em massa, acabam regressando ao ano de 1971 na espaçonave de Taylor, e causam espanto em toda a sociedade. Aqui brinca-se exatamente com o oposto da premissa original e se acaba com o possível estranhamento do primeiro filme, na qual a surpresa é um humano saber falar. Aqui, os macacos falantes são o choque. Nesse filme, também temos uma narrativa de como o mundo viria a passar para as mãos dos macacos, que se tornariam animais de estimação após um vírus erradicar todos os cães e gatos da Terra. Temendo ver o planeta destruído, um general inicia uma caçada por Zira, Cornelius e o bebê do casal, conseguindo matar os pais mas não conseguindo localizar o filhote.

Em A Conquista do Planeta dos Macacos, estamos em um universo futurístico onde os macacos foram escravizados e feitos serviçais dos humanos. Nesse mundo, o filho de Zira e Cornelius, Cesar (Roddy McDowall, que também interpretou o pai do macaco) inicia um movimento para libertar os macacos do controle dos humanos e inicia uma revolta para tomar o controle do planeta. Essa série de revoltas acaba por devastar a sociedade humana e leva os macacos a uma reconstrução do mundo após o processo de paz. Em A Batalha do Planeta dos Macacos, vemos novamente um conflito entre os macacos de Cesar, que é enganado por seu próprio general para entrar em guerra com os humanos novamente.

A saga termina com um acordo de paz entre humanos e macacos, levando a uma nova era de convivência pacífica entre as duas raças.

A NOVA SAGA E A NOVA HISTÓRIA

A principal diferença entre o filme clássico e a nova trilogia encontra-se na abordagem da história principal. No primeiro filme, já fomos introduzidos de cara a um planeta Terra dominado por macacos, e a explicação para esse acontecimento sendo fornecida apenas no terceiro filme. Em Planeta dos Macacos: A Origem, de 2011, a história já se inicia no final do que seria o terceiro filme da saga original e o começo do quarto, quando o macaco Cesar (agora interpretado por Andy Serkis) inicia seu processo revolucionário para libertar e liderar os macacos em um mundo ainda dominado por humanos. A nova versão, então, seria como um antecessor, uma prequel do filme original de 1968.

No segundo filme, Planeta dos Macacos: O Confronto, vemos uma sociedade humana completamente devastada por um vírus, enquanto os macacos liderados por Cesar dominam as matas do novo mundo. Apesar de tentativas de paz, tanto humanos quanto macacos se veem ameaçados pelas ações do líder humano, Dreyfus (Gary Oldman), e pelo ódio gigantesco do macaco Koba, que considera Cesar como um líder fraco e quer exterminar seus “inimigos” humanos.

O terceiro filme, Planeta dos Macacos: A Guerra, que estreou essa semana, irá narrar o desenrolar desse primeiro conflito, mostrando as ações de Cesar para enfrentar um líder humano (Woody Harrelson), que planeja matar todo e qualquer primata em seu caminho e evitar que a terra se torne um planeta dominado por eles.

O destaque fornecido ao personagem de Cesar também é outra grande diferença entre as duas franquias. Na primeira, ele é citado apenas no terceiro filme como um herói da revolução e o primeiro grande líder dos primatas inteligentes. Na época em que ele está para se tornar líder, os macacos já se encontram domesticados pelos humanos e dotados de alguma inteligência, apesar de muitos ainda não conseguirem falar (habilidade que Cesar domina por ser filho de Cornelius e Zira, dois macacos já desenvolvidos e racionalmente inteligentes). Na nova versão, Cesar é filho de uma chimpanzé criada em um laboratório de estudos para o tratamento de Alzheimer. Tendo absorvido de sua mãe uma substância que deveria melhorar a cognição humana, ele é mais inteligente e capaz de aprender novas habilidades que outros macacos não conseguem, e usa essa mesma substância para dar mais inteligência aos outros macacos e iniciar sua rebelião.

REBELIÃO VS VÍRUS

Uma outra mudança ocorrida entre os dois filmes está na maneira como os macacos realmente passam a controlar todo o planeta. No primeiro filme, como já foi dito, Cesar instaura uma rebelião que se alastra pelo mundo todo, levando os primatas que estavam domesticados ou escravizados a se rebelarem contra seus donos humanos. A série de conflitos constantes entre as duas raças levou à destruição do mundo como era conhecido e ocasionou a elevação dos macacos ao status de seres dominantes.

Já no filme de 2011, o que ocasiona a dominação do mundo pelos macacos é justamente a substância que os torna inteligentes. Essa substância teria como propósito primário servir como cura para o Alzheimer, mas acabou se mostrando letal quando inalada ou absorvida por humanos. Por conta de algumas pessoas que viajaram pelo mundo portando esse “vírus”, ele se espalhou por todo o mundo, levando muitos a morrerem, e os macacos, por serem imunes a ele, passaram a dominar o território cada vez mais.

É interessante de se notar que, em ambos os casos, a passagem da espécie dominante ocorre mais por culpa dos humanos do que pelos macacos em si. Na primeira versão, apesar de a série de rebeliões terem sido começadas pelos animais, foram as pessoas, em seu desejo de controle, que escravizaram os macacos para servirem como seus servos, submetendo-os a condições degradantes que levaram Cesar a se indignar e a erguer armas contra seus donos, proferindo a simbólica palavra que ecoaria por toda a rebelião, uma palavra humana que ninguém havia ouvido um macaco falar até então: “Não”. No segundo exemplo, é a necessidade de exploração da ciência rumo a uma descoberta miraculosa que se volta contra os próprios cientistas e causa um número massivo de mortes. Em ambos os casos, o que se vê é a maneira obsessiva como a espécie humana busca controlar tudo ao seu redor sendo a principal responsável por levar a sociedade ao seu fim. Tanto a tentativa de manter os macacos sob controle quando a desesperada tentativa de se fazer história por descobrir uma cura para uma doença até então intratável mostraram o domínio absolutamente nulo que o ser humano tem sobre a natureza, e sua tendência a causar sua própria destruição.

OS EFEITOS ESPECIAIS

A grande mudança ocorrida com o passar do tempo, no entanto, se dá exatamente na questão dos efeitos empregados para dar vida aos macacos. Em 1968, a tecnologia de efeitos especiais era muito precária se comparada à utilizada hoje em dia. Por isso, se olharmos para os filmes antigos atualmente, veremos que todos os personagens primatas são representados por humanos usando máscaras que movem apenas as bocas. Mesmo o cenário era extremamente falso, com casas brancas e arredondadas para imitar o lar dos símios. Apesar de irreais, porém, os efeitos do filme foram suficientes para transportar as pessoas da época a essa nova realidade da Terra.

A versão de 2011 já empregou maiores recursos, como CGI e motion-capture para reproduzir os animais. Andy Serkis, o ator que dá vida a Cesar, teve suas expressões copiadas para o rosto do personagem ao qual deu vida, tornando-o muito mais real aos nossos olhos. A aparência deles também mudaram, deixando de ser um visual baseado em fantasias e usando computação gráfica para assemelhar os atores a chimpanzés de verdade. Além disso, o uso de explosivos e de efeitos tornou as cenas de conflito mais realistas do que nos filmes antigos, quando as armas utilizadas pelos macacos pareciam de brinquedo.

Mesmo com todas essas diferenças, O Planeta dos Macacos continua até hoje como uma das maiores histórias de ficção científica da cultura pop, em parte devido a essa constante readaptação para continuar trazendo a trama a novos públicos, adaptando-as às tecnologias e aos gostos de cada geração. A nova versão pode ter perdido muito do conteúdo original, da mesma forma como o filme de 68 não foi completamente fiel ao livro. Mas ela também trouxe novidades na forma de representar trama e personagens que não haviam sido mostradas em versões anteriores e serviram para adaptar uma história de quase 60 anos ao público do novo milênio.

E você? Qual a sua versão favorita de O Planeta dos Macacos e por que? Deixe nos comentários para que também fiquemos sabendo!

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Com a estréia do novo filme do Planeta dos Macacos, muitas pessoas comparam a nova franquia aos velhos filmes. Quais serão as semelhanças e diferenças deles?

crítica por
Luis Henrique Franco
4/8/2017

Em 2011, o diretor Rupert Wyatt comandou a ressurreição de um dos maiores clássicos da ficção científica e da cultura pop. A nova adaptação de O Planeta dos Macacos foi um sucesso maior do que a tentativa anterior, feita por Tim Burton em 2001, trazendo ao público uma nova versão da história clássica que encantou a muitos principalmente pelo uso de cenas de ação e pelos efeitos especiais usados para a construção dos personagens primatas, principalmente do líder Cesar, interpretado pelo icônico Andy Serkis (Gollum, de O Senhor dos Anéis, e Kong, da adaptação de 2005 do clássico King Kong, dirigida por Peter Jackson).

Com mais de quarenta anos de diferença entre o filme clássico e a adaptação de Wyatt em 2011, e quase cinquenta anos entre essa e o lançamento do livro original, muitas coisas mudaram com o tempo, e o filme acompanha essas mudanças de forma a fornecer ao público uma versão mais adaptada aos gostos atuais. Assim sendo, existem muitas diferenças marcantes na história contada pelo filme original de 1968 e a nova franquia iniciada em 2011. Relembremos juntos alguns dos principais pontos de cada versão.

A SAGA ORIGINAL

Baseado no livro escrito pelo francês Pierre Boulle em 1963, o filme original de Planeta dos Macacos narra a história do astronauta Taylor (interpretado por Charlton Heston), que faz um pouso forçado em um planeta desconhecido junto com outros dois astronautas. Acreditando a princípio se tratar de um ambiente ocupado apenas por humanos primitivos, os astronautas têm uma grande surpresa ao se encontrarem em meio a uma caçada promovida por macacos dotados de intelecto racional e capazes de falar, andar sobre duas patas e portar armas de fogo e roupas. Tratado como um selvagem, Taylor tem que provar aos macacos de que é tão inteligente quanto eles e convencê-los de sua história enquanto tenta encontrar um meio de voltar para casa. Após muitas tentativas, Taylor chega a uma praia na qual faz uma descoberta terrível: ele estava na Terra o tempo todo, em uma versão futura na qual toda a sociedade humana deixaria de existir em prol da sociedade primata.

Apesar de só existir um livro, o filme de 1968 gerou quatro continuações. O segundo filme, De Volta ao Planeta dos Macacos, conta a história da chegada de Brent (James Franciscus) ao futuro, enquanto procurava por Taylor. Ao descobrir sobre a sociedade dos macacos, Brent se une ao astronauta e a um grupo sobrevivente de humanos que veneram uma bomba de destruição em massa como um deus, enquanto as tropas dos primatas do General Ursus (James Gregory) avançam para pôr um fim aos humanos.

O terceiro filme, Fuga do Planeta dos Macacos, afasta-se da premissa do futuro governado pelos primatas e retorna à década de 70. Na trama, Zira (Kim Hunter) e Cornelius (Roddy McDowell), dois chimpanzés que conseguiram escapar da destruição do planeta Terra no futuro após a explosão da bomba de destruição em massa, acabam regressando ao ano de 1971 na espaçonave de Taylor, e causam espanto em toda a sociedade. Aqui brinca-se exatamente com o oposto da premissa original e se acaba com o possível estranhamento do primeiro filme, na qual a surpresa é um humano saber falar. Aqui, os macacos falantes são o choque. Nesse filme, também temos uma narrativa de como o mundo viria a passar para as mãos dos macacos, que se tornariam animais de estimação após um vírus erradicar todos os cães e gatos da Terra. Temendo ver o planeta destruído, um general inicia uma caçada por Zira, Cornelius e o bebê do casal, conseguindo matar os pais mas não conseguindo localizar o filhote.

Em A Conquista do Planeta dos Macacos, estamos em um universo futurístico onde os macacos foram escravizados e feitos serviçais dos humanos. Nesse mundo, o filho de Zira e Cornelius, Cesar (Roddy McDowall, que também interpretou o pai do macaco) inicia um movimento para libertar os macacos do controle dos humanos e inicia uma revolta para tomar o controle do planeta. Essa série de revoltas acaba por devastar a sociedade humana e leva os macacos a uma reconstrução do mundo após o processo de paz. Em A Batalha do Planeta dos Macacos, vemos novamente um conflito entre os macacos de Cesar, que é enganado por seu próprio general para entrar em guerra com os humanos novamente.

A saga termina com um acordo de paz entre humanos e macacos, levando a uma nova era de convivência pacífica entre as duas raças.

A NOVA SAGA E A NOVA HISTÓRIA

A principal diferença entre o filme clássico e a nova trilogia encontra-se na abordagem da história principal. No primeiro filme, já fomos introduzidos de cara a um planeta Terra dominado por macacos, e a explicação para esse acontecimento sendo fornecida apenas no terceiro filme. Em Planeta dos Macacos: A Origem, de 2011, a história já se inicia no final do que seria o terceiro filme da saga original e o começo do quarto, quando o macaco Cesar (agora interpretado por Andy Serkis) inicia seu processo revolucionário para libertar e liderar os macacos em um mundo ainda dominado por humanos. A nova versão, então, seria como um antecessor, uma prequel do filme original de 1968.

No segundo filme, Planeta dos Macacos: O Confronto, vemos uma sociedade humana completamente devastada por um vírus, enquanto os macacos liderados por Cesar dominam as matas do novo mundo. Apesar de tentativas de paz, tanto humanos quanto macacos se veem ameaçados pelas ações do líder humano, Dreyfus (Gary Oldman), e pelo ódio gigantesco do macaco Koba, que considera Cesar como um líder fraco e quer exterminar seus “inimigos” humanos.

O terceiro filme, Planeta dos Macacos: A Guerra, que estreou essa semana, irá narrar o desenrolar desse primeiro conflito, mostrando as ações de Cesar para enfrentar um líder humano (Woody Harrelson), que planeja matar todo e qualquer primata em seu caminho e evitar que a terra se torne um planeta dominado por eles.

O destaque fornecido ao personagem de Cesar também é outra grande diferença entre as duas franquias. Na primeira, ele é citado apenas no terceiro filme como um herói da revolução e o primeiro grande líder dos primatas inteligentes. Na época em que ele está para se tornar líder, os macacos já se encontram domesticados pelos humanos e dotados de alguma inteligência, apesar de muitos ainda não conseguirem falar (habilidade que Cesar domina por ser filho de Cornelius e Zira, dois macacos já desenvolvidos e racionalmente inteligentes). Na nova versão, Cesar é filho de uma chimpanzé criada em um laboratório de estudos para o tratamento de Alzheimer. Tendo absorvido de sua mãe uma substância que deveria melhorar a cognição humana, ele é mais inteligente e capaz de aprender novas habilidades que outros macacos não conseguem, e usa essa mesma substância para dar mais inteligência aos outros macacos e iniciar sua rebelião.

REBELIÃO VS VÍRUS

Uma outra mudança ocorrida entre os dois filmes está na maneira como os macacos realmente passam a controlar todo o planeta. No primeiro filme, como já foi dito, Cesar instaura uma rebelião que se alastra pelo mundo todo, levando os primatas que estavam domesticados ou escravizados a se rebelarem contra seus donos humanos. A série de conflitos constantes entre as duas raças levou à destruição do mundo como era conhecido e ocasionou a elevação dos macacos ao status de seres dominantes.

Já no filme de 2011, o que ocasiona a dominação do mundo pelos macacos é justamente a substância que os torna inteligentes. Essa substância teria como propósito primário servir como cura para o Alzheimer, mas acabou se mostrando letal quando inalada ou absorvida por humanos. Por conta de algumas pessoas que viajaram pelo mundo portando esse “vírus”, ele se espalhou por todo o mundo, levando muitos a morrerem, e os macacos, por serem imunes a ele, passaram a dominar o território cada vez mais.

É interessante de se notar que, em ambos os casos, a passagem da espécie dominante ocorre mais por culpa dos humanos do que pelos macacos em si. Na primeira versão, apesar de a série de rebeliões terem sido começadas pelos animais, foram as pessoas, em seu desejo de controle, que escravizaram os macacos para servirem como seus servos, submetendo-os a condições degradantes que levaram Cesar a se indignar e a erguer armas contra seus donos, proferindo a simbólica palavra que ecoaria por toda a rebelião, uma palavra humana que ninguém havia ouvido um macaco falar até então: “Não”. No segundo exemplo, é a necessidade de exploração da ciência rumo a uma descoberta miraculosa que se volta contra os próprios cientistas e causa um número massivo de mortes. Em ambos os casos, o que se vê é a maneira obsessiva como a espécie humana busca controlar tudo ao seu redor sendo a principal responsável por levar a sociedade ao seu fim. Tanto a tentativa de manter os macacos sob controle quando a desesperada tentativa de se fazer história por descobrir uma cura para uma doença até então intratável mostraram o domínio absolutamente nulo que o ser humano tem sobre a natureza, e sua tendência a causar sua própria destruição.

OS EFEITOS ESPECIAIS

A grande mudança ocorrida com o passar do tempo, no entanto, se dá exatamente na questão dos efeitos empregados para dar vida aos macacos. Em 1968, a tecnologia de efeitos especiais era muito precária se comparada à utilizada hoje em dia. Por isso, se olharmos para os filmes antigos atualmente, veremos que todos os personagens primatas são representados por humanos usando máscaras que movem apenas as bocas. Mesmo o cenário era extremamente falso, com casas brancas e arredondadas para imitar o lar dos símios. Apesar de irreais, porém, os efeitos do filme foram suficientes para transportar as pessoas da época a essa nova realidade da Terra.

A versão de 2011 já empregou maiores recursos, como CGI e motion-capture para reproduzir os animais. Andy Serkis, o ator que dá vida a Cesar, teve suas expressões copiadas para o rosto do personagem ao qual deu vida, tornando-o muito mais real aos nossos olhos. A aparência deles também mudaram, deixando de ser um visual baseado em fantasias e usando computação gráfica para assemelhar os atores a chimpanzés de verdade. Além disso, o uso de explosivos e de efeitos tornou as cenas de conflito mais realistas do que nos filmes antigos, quando as armas utilizadas pelos macacos pareciam de brinquedo.

Mesmo com todas essas diferenças, O Planeta dos Macacos continua até hoje como uma das maiores histórias de ficção científica da cultura pop, em parte devido a essa constante readaptação para continuar trazendo a trama a novos públicos, adaptando-as às tecnologias e aos gostos de cada geração. A nova versão pode ter perdido muito do conteúdo original, da mesma forma como o filme de 68 não foi completamente fiel ao livro. Mas ela também trouxe novidades na forma de representar trama e personagens que não haviam sido mostradas em versões anteriores e serviram para adaptar uma história de quase 60 anos ao público do novo milênio.

E você? Qual a sua versão favorita de O Planeta dos Macacos e por que? Deixe nos comentários para que também fiquemos sabendo!

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Com a estréia do novo filme do Planeta dos Macacos, muitas pessoas comparam a nova franquia aos velhos filmes. Quais serão as semelhanças e diferenças deles?

escrito por
Luis Henrique Franco
4/8/2017
nascimento

Com a estréia do novo filme do Planeta dos Macacos, muitas pessoas comparam a nova franquia aos velhos filmes. Quais serão as semelhanças e diferenças deles?

escrito por
Luis Henrique Franco
4/8/2017

Em 2011, o diretor Rupert Wyatt comandou a ressurreição de um dos maiores clássicos da ficção científica e da cultura pop. A nova adaptação de O Planeta dos Macacos foi um sucesso maior do que a tentativa anterior, feita por Tim Burton em 2001, trazendo ao público uma nova versão da história clássica que encantou a muitos principalmente pelo uso de cenas de ação e pelos efeitos especiais usados para a construção dos personagens primatas, principalmente do líder Cesar, interpretado pelo icônico Andy Serkis (Gollum, de O Senhor dos Anéis, e Kong, da adaptação de 2005 do clássico King Kong, dirigida por Peter Jackson).

Com mais de quarenta anos de diferença entre o filme clássico e a adaptação de Wyatt em 2011, e quase cinquenta anos entre essa e o lançamento do livro original, muitas coisas mudaram com o tempo, e o filme acompanha essas mudanças de forma a fornecer ao público uma versão mais adaptada aos gostos atuais. Assim sendo, existem muitas diferenças marcantes na história contada pelo filme original de 1968 e a nova franquia iniciada em 2011. Relembremos juntos alguns dos principais pontos de cada versão.

A SAGA ORIGINAL

Baseado no livro escrito pelo francês Pierre Boulle em 1963, o filme original de Planeta dos Macacos narra a história do astronauta Taylor (interpretado por Charlton Heston), que faz um pouso forçado em um planeta desconhecido junto com outros dois astronautas. Acreditando a princípio se tratar de um ambiente ocupado apenas por humanos primitivos, os astronautas têm uma grande surpresa ao se encontrarem em meio a uma caçada promovida por macacos dotados de intelecto racional e capazes de falar, andar sobre duas patas e portar armas de fogo e roupas. Tratado como um selvagem, Taylor tem que provar aos macacos de que é tão inteligente quanto eles e convencê-los de sua história enquanto tenta encontrar um meio de voltar para casa. Após muitas tentativas, Taylor chega a uma praia na qual faz uma descoberta terrível: ele estava na Terra o tempo todo, em uma versão futura na qual toda a sociedade humana deixaria de existir em prol da sociedade primata.

Apesar de só existir um livro, o filme de 1968 gerou quatro continuações. O segundo filme, De Volta ao Planeta dos Macacos, conta a história da chegada de Brent (James Franciscus) ao futuro, enquanto procurava por Taylor. Ao descobrir sobre a sociedade dos macacos, Brent se une ao astronauta e a um grupo sobrevivente de humanos que veneram uma bomba de destruição em massa como um deus, enquanto as tropas dos primatas do General Ursus (James Gregory) avançam para pôr um fim aos humanos.

O terceiro filme, Fuga do Planeta dos Macacos, afasta-se da premissa do futuro governado pelos primatas e retorna à década de 70. Na trama, Zira (Kim Hunter) e Cornelius (Roddy McDowell), dois chimpanzés que conseguiram escapar da destruição do planeta Terra no futuro após a explosão da bomba de destruição em massa, acabam regressando ao ano de 1971 na espaçonave de Taylor, e causam espanto em toda a sociedade. Aqui brinca-se exatamente com o oposto da premissa original e se acaba com o possível estranhamento do primeiro filme, na qual a surpresa é um humano saber falar. Aqui, os macacos falantes são o choque. Nesse filme, também temos uma narrativa de como o mundo viria a passar para as mãos dos macacos, que se tornariam animais de estimação após um vírus erradicar todos os cães e gatos da Terra. Temendo ver o planeta destruído, um general inicia uma caçada por Zira, Cornelius e o bebê do casal, conseguindo matar os pais mas não conseguindo localizar o filhote.

Em A Conquista do Planeta dos Macacos, estamos em um universo futurístico onde os macacos foram escravizados e feitos serviçais dos humanos. Nesse mundo, o filho de Zira e Cornelius, Cesar (Roddy McDowall, que também interpretou o pai do macaco) inicia um movimento para libertar os macacos do controle dos humanos e inicia uma revolta para tomar o controle do planeta. Essa série de revoltas acaba por devastar a sociedade humana e leva os macacos a uma reconstrução do mundo após o processo de paz. Em A Batalha do Planeta dos Macacos, vemos novamente um conflito entre os macacos de Cesar, que é enganado por seu próprio general para entrar em guerra com os humanos novamente.

A saga termina com um acordo de paz entre humanos e macacos, levando a uma nova era de convivência pacífica entre as duas raças.

A NOVA SAGA E A NOVA HISTÓRIA

A principal diferença entre o filme clássico e a nova trilogia encontra-se na abordagem da história principal. No primeiro filme, já fomos introduzidos de cara a um planeta Terra dominado por macacos, e a explicação para esse acontecimento sendo fornecida apenas no terceiro filme. Em Planeta dos Macacos: A Origem, de 2011, a história já se inicia no final do que seria o terceiro filme da saga original e o começo do quarto, quando o macaco Cesar (agora interpretado por Andy Serkis) inicia seu processo revolucionário para libertar e liderar os macacos em um mundo ainda dominado por humanos. A nova versão, então, seria como um antecessor, uma prequel do filme original de 1968.

No segundo filme, Planeta dos Macacos: O Confronto, vemos uma sociedade humana completamente devastada por um vírus, enquanto os macacos liderados por Cesar dominam as matas do novo mundo. Apesar de tentativas de paz, tanto humanos quanto macacos se veem ameaçados pelas ações do líder humano, Dreyfus (Gary Oldman), e pelo ódio gigantesco do macaco Koba, que considera Cesar como um líder fraco e quer exterminar seus “inimigos” humanos.

O terceiro filme, Planeta dos Macacos: A Guerra, que estreou essa semana, irá narrar o desenrolar desse primeiro conflito, mostrando as ações de Cesar para enfrentar um líder humano (Woody Harrelson), que planeja matar todo e qualquer primata em seu caminho e evitar que a terra se torne um planeta dominado por eles.

O destaque fornecido ao personagem de Cesar também é outra grande diferença entre as duas franquias. Na primeira, ele é citado apenas no terceiro filme como um herói da revolução e o primeiro grande líder dos primatas inteligentes. Na época em que ele está para se tornar líder, os macacos já se encontram domesticados pelos humanos e dotados de alguma inteligência, apesar de muitos ainda não conseguirem falar (habilidade que Cesar domina por ser filho de Cornelius e Zira, dois macacos já desenvolvidos e racionalmente inteligentes). Na nova versão, Cesar é filho de uma chimpanzé criada em um laboratório de estudos para o tratamento de Alzheimer. Tendo absorvido de sua mãe uma substância que deveria melhorar a cognição humana, ele é mais inteligente e capaz de aprender novas habilidades que outros macacos não conseguem, e usa essa mesma substância para dar mais inteligência aos outros macacos e iniciar sua rebelião.

REBELIÃO VS VÍRUS

Uma outra mudança ocorrida entre os dois filmes está na maneira como os macacos realmente passam a controlar todo o planeta. No primeiro filme, como já foi dito, Cesar instaura uma rebelião que se alastra pelo mundo todo, levando os primatas que estavam domesticados ou escravizados a se rebelarem contra seus donos humanos. A série de conflitos constantes entre as duas raças levou à destruição do mundo como era conhecido e ocasionou a elevação dos macacos ao status de seres dominantes.

Já no filme de 2011, o que ocasiona a dominação do mundo pelos macacos é justamente a substância que os torna inteligentes. Essa substância teria como propósito primário servir como cura para o Alzheimer, mas acabou se mostrando letal quando inalada ou absorvida por humanos. Por conta de algumas pessoas que viajaram pelo mundo portando esse “vírus”, ele se espalhou por todo o mundo, levando muitos a morrerem, e os macacos, por serem imunes a ele, passaram a dominar o território cada vez mais.

É interessante de se notar que, em ambos os casos, a passagem da espécie dominante ocorre mais por culpa dos humanos do que pelos macacos em si. Na primeira versão, apesar de a série de rebeliões terem sido começadas pelos animais, foram as pessoas, em seu desejo de controle, que escravizaram os macacos para servirem como seus servos, submetendo-os a condições degradantes que levaram Cesar a se indignar e a erguer armas contra seus donos, proferindo a simbólica palavra que ecoaria por toda a rebelião, uma palavra humana que ninguém havia ouvido um macaco falar até então: “Não”. No segundo exemplo, é a necessidade de exploração da ciência rumo a uma descoberta miraculosa que se volta contra os próprios cientistas e causa um número massivo de mortes. Em ambos os casos, o que se vê é a maneira obsessiva como a espécie humana busca controlar tudo ao seu redor sendo a principal responsável por levar a sociedade ao seu fim. Tanto a tentativa de manter os macacos sob controle quando a desesperada tentativa de se fazer história por descobrir uma cura para uma doença até então intratável mostraram o domínio absolutamente nulo que o ser humano tem sobre a natureza, e sua tendência a causar sua própria destruição.

OS EFEITOS ESPECIAIS

A grande mudança ocorrida com o passar do tempo, no entanto, se dá exatamente na questão dos efeitos empregados para dar vida aos macacos. Em 1968, a tecnologia de efeitos especiais era muito precária se comparada à utilizada hoje em dia. Por isso, se olharmos para os filmes antigos atualmente, veremos que todos os personagens primatas são representados por humanos usando máscaras que movem apenas as bocas. Mesmo o cenário era extremamente falso, com casas brancas e arredondadas para imitar o lar dos símios. Apesar de irreais, porém, os efeitos do filme foram suficientes para transportar as pessoas da época a essa nova realidade da Terra.

A versão de 2011 já empregou maiores recursos, como CGI e motion-capture para reproduzir os animais. Andy Serkis, o ator que dá vida a Cesar, teve suas expressões copiadas para o rosto do personagem ao qual deu vida, tornando-o muito mais real aos nossos olhos. A aparência deles também mudaram, deixando de ser um visual baseado em fantasias e usando computação gráfica para assemelhar os atores a chimpanzés de verdade. Além disso, o uso de explosivos e de efeitos tornou as cenas de conflito mais realistas do que nos filmes antigos, quando as armas utilizadas pelos macacos pareciam de brinquedo.

Mesmo com todas essas diferenças, O Planeta dos Macacos continua até hoje como uma das maiores histórias de ficção científica da cultura pop, em parte devido a essa constante readaptação para continuar trazendo a trama a novos públicos, adaptando-as às tecnologias e aos gostos de cada geração. A nova versão pode ter perdido muito do conteúdo original, da mesma forma como o filme de 68 não foi completamente fiel ao livro. Mas ela também trouxe novidades na forma de representar trama e personagens que não haviam sido mostradas em versões anteriores e serviram para adaptar uma história de quase 60 anos ao público do novo milênio.

E você? Qual a sua versão favorita de O Planeta dos Macacos e por que? Deixe nos comentários para que também fiquemos sabendo!

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