Análise & Opinião

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A Sociedade Pós-Apocalíptica de The Walking Dead

21/10/2017

Com o eminente retorno da série The Walking Dead, fizemos uma análise da sociedade onde os personagens estão inseridos. Confira com a gente!

escrito por
Luis Henrique Franco

Com o eminente retorno da série The Walking Dead, fizemos uma análise da sociedade onde os personagens estão inseridos. Confira com a gente!

escrito por
Luis Henrique Franco
21/10/2017

Prestes a retornar para a sua oitava temporada, a série da AMC, The Walking Dead já se tornou uma das melhores e mais assistidas séries de zumbis de todos os tempos. Nela, acompanhamos o grupo de sobreviventes liderados pelo xerife Rick Grimes em sua luta diária contra hordas de mortos-vivos, fazendo tudo o que for possível para sobreviver e reconstruir a sociedade da maneira como ela foi um dia.

Em meio a toda a violência, a matança e às lutas constantes, vemos como pano de fundo uma sociedade que teve de aprender a viver com o fim do mundo e a se reerguer dele. Diversos autores já nos apresentaram a esse tipo de mundo, fornecendo diversas explicações variadas para a pergunta de como a sociedade como conhecíamos chegou ao fim. Em muitos casos, o fim foi um processo de catástrofes naturais consecutivas. Em outros casos, o próprio ser humano causou o seu fim, seja por guerras extremamente destrutivas, avanços da ciência que resultam em desastres ou pelo próprio crescimento desenfreado da população e da sociedade, tornando-a insustentável.

O PODER DE UMA EPIDEMIA

Doenças são sempre algo assustador para a maioria das pessoas. A idéia de uma infecção, parasita ou tumor encerrando precocemente nossas vidas é um pensamento que não sai de nossas cabeças, por mais que não sejam desejados. Por causa disso, não é difícil imaginar que muitos autores que se voltaram para a idéia do fim do mundo tenham explorado esse fim como sendo fruto de uma doença incontrolável e incurável, que se alastra pelo globo e causa a morte massiva de seres humanos.

Em The Walking Dead, a idéia trazida é a de uma doença terrível, que não causa diretamente a morte de seus infectados, mas faz com que aqueles que morrem voltem à vida como zumbis, cuja mordida é letal para aqueles atacados. Na série, não se sabe o que é o causador dessa condição, apesar de já ter sido sugerida a ação de um vírus assassino. Por causa disso, não há uma cura. Para piorar ainda mais, a doença atingiu um nível mundial tão alarmante que não há pacientes saudáveis remanescentes, e todos os sobreviventes estão infectados, esperando apenas o momento de suas mortes para retornarem como zumbis.

A idéia de uma condição onipresente entre os personagens, somada à idéia de que não há mais centros de pesquisa trabalhando em uma cura cria em toda a saga um ar de desesperança, criado pelo fato de que, mesmo que os personagens sobrevivam por inúmeros anos, eles nunca conseguirão fugir a este alarmante destino. Assim, existe apenas um único propósito na mente dos personagens: sobreviver e atrasar esse destino o máximo que for possível. Exatamente por isso, o suicídio acaba sendo uma opção muito forte entre os personagens, no momento em que eles percebem que não há escapatória desse destino.

A CONDIÇÃO DE CAMINHANTES

Devido ao estado do mundo, cria-se, em um cenário apocalíptico como esse, a ideia de que nenhum lugar é seguro. As infraestruturas foram fragilizadas e, no caso de um apocalipse zumbi, os mortos se infiltram em todos os lugares que lhes forem possíveis. Não há mais tanto a ideia da segurança atrás de quatro paredes, pelo menos não por um período longo de tempo.

Dessa forma, assim como em The Walking Dead, os sobreviventes precisam se manter caminhando. Parar e descansar é um risco, pois a única vantagem que os vivos possuem nesse cenário é a de poderem fugir e enganar os mortos, mas para isso, é preciso continuar a se mover, sem criar laços com nenhum lugar, sem ter algo para chamar de lar. E mesmo quando os personagens encontram-se caminhando continuamente, a estrada apresenta os riscos da falta de proteção, das hordas que chegam sem avisar, da fome, do cansaço. É um mundo onde se assentar ou continuar a andar oferecem riscos semelhantes, forçando os sobreviventes a uma escolha sem segurança.

SACRIFÍCIO DA CONDIÇÃO HUMANA

Como se sobrevive a um mundo onde tudo o que você costumava conhecer se foi? É possível continuar a ser o mesmo depois que tudo que você tinha foi perdido?

Em The Walking Dead, vemos inúmeras pessoas serem mortas pelos zumbis ou simplesmente desistirem da vida, enquanto o grupo continua a sobreviver sem eles. Esses sobreviventes, no entanto, não são mais os mesmos de antes e, conforme o tempo passa, aqueles que se mantêm vivos vão se tornando cada vez menos humanos, cada vez mais voltados para os sacrifícios necessários para a sua própria sobrevivência, tornando-se ferozes, quase selvagens, perdendo aos poucos os traços de civilizados que haviam moldado suas vidas anteriores.

A loucura é uma marca comum nos personagens da série. Conforme passaram-se as temporadas, fomos percebendo que nenhum deles conseguindo manter a sanidade intacta, sendo forçados a extremos que, em nossa sociedade atual, são completamente repudiados. Eles não pensam duas vezes quando têm que decidir se matarão alguém, se irão atrás de alguma coisa, se atacarão os zumbis. Chega-se a um ponto na série onde todas essas ações são mecânicas, “programadas” pelo instinto de sobrevivência.

De certa forma, eles se tornam tão animalescos quanto os mortos que os perseguem.

OS GRUPOS E AS COLÔNIAS

Após algum tempo, nota-se na série que os grupos vão ficando maiores e mais organizados, chegando inclusive a compor colônias habitáveis e com aparatos de segurança mais completos e eficientes contra os zumbis. Essas colônias maiores são um pontapé inicial para a reconstrução da sociedade de antes, embora em uma escala muito menor.

Como, porém, podem conviver o instinto de sobrevivência que guiara os grupos até então com a filosofia da sociedade civilizada de antes do apocalipse? O choque entre as duas formas de viver é tão forte que, em um primeiro momento, parece que não haverá maneira de um grupo se acostumar novamente ao que costumava ser.

A chegada ao grupo de Rick à colônia de Alexandria mostra bem isso. Os residentes locais vivem uma vida muito comum, não tendo que enfrentar o perigo constante dos zumbis por conta das cercas que os protegem, enquanto o grupo de fora passou meses e meses tendo de conviver com ameaças diariamente, nunca descansando e sofrendo inúmeras perdas no caminho. Dessa forma, a diferença entre os dois provocou um tumulto gigantesco a princípio, e demorou bastante tempo para que ambos começassem a assumir aspectos um do outro rumo a uma convivência mais pacífica, mas ainda assim tumultuada.

DA GUERRA CONTRA OS MORTOS À GUERRA CONTRA OS VIVOS

Quando as colônias maiores se formam e os mortos deixam de ser um problema, um outro inimigo surge: os outros grupos. Isso porque é quase um princípio dos humanos quererem conquistar o que não está em seu poder. Chega um momento em que, quando duas grandes organizações colidem, há uma grave possibilidade de uma guerra ocorrer entre as duas.

Já em suas primeiras temporadas, The Walking Dead mostrou a ameaça terrível dos outros grupos humanos assumir várias formas: Começou com Woodbury e com o Governador logo se tornou o grupo dos Canibais de Terminus e, em sua versão mais recente na série, os Salvadores comandados por Negan. Esses grupos oferecem uma rivalidade ao crescimento do grupo de Rick, sendo também muito numerosos e bem armados, o que leva à explosão de guerras e conflitos entre os vivos.

A terrível realidade que esses conflitos mostram é que, mesmo em um ambiente onde a sociedade humana encontra-se ameaçada e precisa ser reconstruída, a tendência dos humanos sobreviventes é lutarem entre si pela obtenção de maiores recursos. É muito complicado encontrar grupos que se unam por livre e espontânea vontade, sendo muito mais comum que eles queiram se destruir ao invés disso.

EXPECTATIVAS DE RECONSTRUÇÃO

Diante de tudo isso que a nova sociedade criada pelo apocalipse zumbi pode oferecer, The Walking Dead acaba revelando bastante sobre o comportamento humano em uma situação de fim de mundo. E a premissa não é muito boa.

Filmes e séries que tratam sobre o apocalipse acabam sempre mostrando um mundo similar, onde o ser humano abandonaria aos poucos seu lado civilizado e de convivência em sociedade em prol de sua própria sobrevivência. A manutenção de um grupo, assim, não tem outro sentido além do de garantir a sobrevivência de seus membros, o que força cada um a adquirir um papel para ajudar nesse objetivo. Nesse mundo, estranhos são vistos com maus olhos e conflitos entre grupos são constantes.

Diante dessa situação, qual é a expectativa para a reconstrução do mundo? O que pode ser retomado da vida anterior, agora que tanto já foi perdido? Se há algo que The Walking Dead consegue nos mostrar bem, é esse clima de desesperança perpétuo, mesmo quanto a situação se torna mais calma para todos os personagens. Eles sabem e são constantemente lembrados de tudo o que eles perderam, das coisas que não conseguirão recuperar, e isso os empurra cada vez mais para o caminho da sobrevivência e do instinto. Como, então, eles poderiam voltar à velha sociedade de antes?

Nesse momento da série, os grupos de Rick e de Negan preparam-se para travar um conflito entre si, de proporções gigantescas e catastróficas, para garantir a sobrevivência de apenas um dos estilos de vida de ambos. Não há espaço para negociações, e tudo o que podemos esperar dessa nova temporada são uma grande quantidade de conflitos e de mortes, o que talvez afaste todos os sobreviventes ainda mais da possibilidade de reconstrução de suas vidas da maneira como eram.

Quais são as suas expectativas para esse conflito? O que você espera que acontecerá daqui para a frente na série? Quem você espera que vai morrer nessa temporada? Deixe nos comentários abaixo!

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
saiba mais sobre o filme
saiba mais sobre a série

Com o eminente retorno da série The Walking Dead, fizemos uma análise da sociedade onde os personagens estão inseridos. Confira com a gente!

crítica por
Luis Henrique Franco
21/10/2017

Prestes a retornar para a sua oitava temporada, a série da AMC, The Walking Dead já se tornou uma das melhores e mais assistidas séries de zumbis de todos os tempos. Nela, acompanhamos o grupo de sobreviventes liderados pelo xerife Rick Grimes em sua luta diária contra hordas de mortos-vivos, fazendo tudo o que for possível para sobreviver e reconstruir a sociedade da maneira como ela foi um dia.

Em meio a toda a violência, a matança e às lutas constantes, vemos como pano de fundo uma sociedade que teve de aprender a viver com o fim do mundo e a se reerguer dele. Diversos autores já nos apresentaram a esse tipo de mundo, fornecendo diversas explicações variadas para a pergunta de como a sociedade como conhecíamos chegou ao fim. Em muitos casos, o fim foi um processo de catástrofes naturais consecutivas. Em outros casos, o próprio ser humano causou o seu fim, seja por guerras extremamente destrutivas, avanços da ciência que resultam em desastres ou pelo próprio crescimento desenfreado da população e da sociedade, tornando-a insustentável.

O PODER DE UMA EPIDEMIA

Doenças são sempre algo assustador para a maioria das pessoas. A idéia de uma infecção, parasita ou tumor encerrando precocemente nossas vidas é um pensamento que não sai de nossas cabeças, por mais que não sejam desejados. Por causa disso, não é difícil imaginar que muitos autores que se voltaram para a idéia do fim do mundo tenham explorado esse fim como sendo fruto de uma doença incontrolável e incurável, que se alastra pelo globo e causa a morte massiva de seres humanos.

Em The Walking Dead, a idéia trazida é a de uma doença terrível, que não causa diretamente a morte de seus infectados, mas faz com que aqueles que morrem voltem à vida como zumbis, cuja mordida é letal para aqueles atacados. Na série, não se sabe o que é o causador dessa condição, apesar de já ter sido sugerida a ação de um vírus assassino. Por causa disso, não há uma cura. Para piorar ainda mais, a doença atingiu um nível mundial tão alarmante que não há pacientes saudáveis remanescentes, e todos os sobreviventes estão infectados, esperando apenas o momento de suas mortes para retornarem como zumbis.

A idéia de uma condição onipresente entre os personagens, somada à idéia de que não há mais centros de pesquisa trabalhando em uma cura cria em toda a saga um ar de desesperança, criado pelo fato de que, mesmo que os personagens sobrevivam por inúmeros anos, eles nunca conseguirão fugir a este alarmante destino. Assim, existe apenas um único propósito na mente dos personagens: sobreviver e atrasar esse destino o máximo que for possível. Exatamente por isso, o suicídio acaba sendo uma opção muito forte entre os personagens, no momento em que eles percebem que não há escapatória desse destino.

A CONDIÇÃO DE CAMINHANTES

Devido ao estado do mundo, cria-se, em um cenário apocalíptico como esse, a ideia de que nenhum lugar é seguro. As infraestruturas foram fragilizadas e, no caso de um apocalipse zumbi, os mortos se infiltram em todos os lugares que lhes forem possíveis. Não há mais tanto a ideia da segurança atrás de quatro paredes, pelo menos não por um período longo de tempo.

Dessa forma, assim como em The Walking Dead, os sobreviventes precisam se manter caminhando. Parar e descansar é um risco, pois a única vantagem que os vivos possuem nesse cenário é a de poderem fugir e enganar os mortos, mas para isso, é preciso continuar a se mover, sem criar laços com nenhum lugar, sem ter algo para chamar de lar. E mesmo quando os personagens encontram-se caminhando continuamente, a estrada apresenta os riscos da falta de proteção, das hordas que chegam sem avisar, da fome, do cansaço. É um mundo onde se assentar ou continuar a andar oferecem riscos semelhantes, forçando os sobreviventes a uma escolha sem segurança.

SACRIFÍCIO DA CONDIÇÃO HUMANA

Como se sobrevive a um mundo onde tudo o que você costumava conhecer se foi? É possível continuar a ser o mesmo depois que tudo que você tinha foi perdido?

Em The Walking Dead, vemos inúmeras pessoas serem mortas pelos zumbis ou simplesmente desistirem da vida, enquanto o grupo continua a sobreviver sem eles. Esses sobreviventes, no entanto, não são mais os mesmos de antes e, conforme o tempo passa, aqueles que se mantêm vivos vão se tornando cada vez menos humanos, cada vez mais voltados para os sacrifícios necessários para a sua própria sobrevivência, tornando-se ferozes, quase selvagens, perdendo aos poucos os traços de civilizados que haviam moldado suas vidas anteriores.

A loucura é uma marca comum nos personagens da série. Conforme passaram-se as temporadas, fomos percebendo que nenhum deles conseguindo manter a sanidade intacta, sendo forçados a extremos que, em nossa sociedade atual, são completamente repudiados. Eles não pensam duas vezes quando têm que decidir se matarão alguém, se irão atrás de alguma coisa, se atacarão os zumbis. Chega-se a um ponto na série onde todas essas ações são mecânicas, “programadas” pelo instinto de sobrevivência.

De certa forma, eles se tornam tão animalescos quanto os mortos que os perseguem.

OS GRUPOS E AS COLÔNIAS

Após algum tempo, nota-se na série que os grupos vão ficando maiores e mais organizados, chegando inclusive a compor colônias habitáveis e com aparatos de segurança mais completos e eficientes contra os zumbis. Essas colônias maiores são um pontapé inicial para a reconstrução da sociedade de antes, embora em uma escala muito menor.

Como, porém, podem conviver o instinto de sobrevivência que guiara os grupos até então com a filosofia da sociedade civilizada de antes do apocalipse? O choque entre as duas formas de viver é tão forte que, em um primeiro momento, parece que não haverá maneira de um grupo se acostumar novamente ao que costumava ser.

A chegada ao grupo de Rick à colônia de Alexandria mostra bem isso. Os residentes locais vivem uma vida muito comum, não tendo que enfrentar o perigo constante dos zumbis por conta das cercas que os protegem, enquanto o grupo de fora passou meses e meses tendo de conviver com ameaças diariamente, nunca descansando e sofrendo inúmeras perdas no caminho. Dessa forma, a diferença entre os dois provocou um tumulto gigantesco a princípio, e demorou bastante tempo para que ambos começassem a assumir aspectos um do outro rumo a uma convivência mais pacífica, mas ainda assim tumultuada.

DA GUERRA CONTRA OS MORTOS À GUERRA CONTRA OS VIVOS

Quando as colônias maiores se formam e os mortos deixam de ser um problema, um outro inimigo surge: os outros grupos. Isso porque é quase um princípio dos humanos quererem conquistar o que não está em seu poder. Chega um momento em que, quando duas grandes organizações colidem, há uma grave possibilidade de uma guerra ocorrer entre as duas.

Já em suas primeiras temporadas, The Walking Dead mostrou a ameaça terrível dos outros grupos humanos assumir várias formas: Começou com Woodbury e com o Governador logo se tornou o grupo dos Canibais de Terminus e, em sua versão mais recente na série, os Salvadores comandados por Negan. Esses grupos oferecem uma rivalidade ao crescimento do grupo de Rick, sendo também muito numerosos e bem armados, o que leva à explosão de guerras e conflitos entre os vivos.

A terrível realidade que esses conflitos mostram é que, mesmo em um ambiente onde a sociedade humana encontra-se ameaçada e precisa ser reconstruída, a tendência dos humanos sobreviventes é lutarem entre si pela obtenção de maiores recursos. É muito complicado encontrar grupos que se unam por livre e espontânea vontade, sendo muito mais comum que eles queiram se destruir ao invés disso.

EXPECTATIVAS DE RECONSTRUÇÃO

Diante de tudo isso que a nova sociedade criada pelo apocalipse zumbi pode oferecer, The Walking Dead acaba revelando bastante sobre o comportamento humano em uma situação de fim de mundo. E a premissa não é muito boa.

Filmes e séries que tratam sobre o apocalipse acabam sempre mostrando um mundo similar, onde o ser humano abandonaria aos poucos seu lado civilizado e de convivência em sociedade em prol de sua própria sobrevivência. A manutenção de um grupo, assim, não tem outro sentido além do de garantir a sobrevivência de seus membros, o que força cada um a adquirir um papel para ajudar nesse objetivo. Nesse mundo, estranhos são vistos com maus olhos e conflitos entre grupos são constantes.

Diante dessa situação, qual é a expectativa para a reconstrução do mundo? O que pode ser retomado da vida anterior, agora que tanto já foi perdido? Se há algo que The Walking Dead consegue nos mostrar bem, é esse clima de desesperança perpétuo, mesmo quanto a situação se torna mais calma para todos os personagens. Eles sabem e são constantemente lembrados de tudo o que eles perderam, das coisas que não conseguirão recuperar, e isso os empurra cada vez mais para o caminho da sobrevivência e do instinto. Como, então, eles poderiam voltar à velha sociedade de antes?

Nesse momento da série, os grupos de Rick e de Negan preparam-se para travar um conflito entre si, de proporções gigantescas e catastróficas, para garantir a sobrevivência de apenas um dos estilos de vida de ambos. Não há espaço para negociações, e tudo o que podemos esperar dessa nova temporada são uma grande quantidade de conflitos e de mortes, o que talvez afaste todos os sobreviventes ainda mais da possibilidade de reconstrução de suas vidas da maneira como eram.

Quais são as suas expectativas para esse conflito? O que você espera que acontecerá daqui para a frente na série? Quem você espera que vai morrer nessa temporada? Deixe nos comentários abaixo!

confira o trailer

Análise & Opinião

Com o eminente retorno da série The Walking Dead, fizemos uma análise da sociedade onde os personagens estão inseridos. Confira com a gente!

escrito por
Luis Henrique Franco
21/10/2017
nascimento

Com o eminente retorno da série The Walking Dead, fizemos uma análise da sociedade onde os personagens estão inseridos. Confira com a gente!

escrito por
Luis Henrique Franco
21/10/2017

Prestes a retornar para a sua oitava temporada, a série da AMC, The Walking Dead já se tornou uma das melhores e mais assistidas séries de zumbis de todos os tempos. Nela, acompanhamos o grupo de sobreviventes liderados pelo xerife Rick Grimes em sua luta diária contra hordas de mortos-vivos, fazendo tudo o que for possível para sobreviver e reconstruir a sociedade da maneira como ela foi um dia.

Em meio a toda a violência, a matança e às lutas constantes, vemos como pano de fundo uma sociedade que teve de aprender a viver com o fim do mundo e a se reerguer dele. Diversos autores já nos apresentaram a esse tipo de mundo, fornecendo diversas explicações variadas para a pergunta de como a sociedade como conhecíamos chegou ao fim. Em muitos casos, o fim foi um processo de catástrofes naturais consecutivas. Em outros casos, o próprio ser humano causou o seu fim, seja por guerras extremamente destrutivas, avanços da ciência que resultam em desastres ou pelo próprio crescimento desenfreado da população e da sociedade, tornando-a insustentável.

O PODER DE UMA EPIDEMIA

Doenças são sempre algo assustador para a maioria das pessoas. A idéia de uma infecção, parasita ou tumor encerrando precocemente nossas vidas é um pensamento que não sai de nossas cabeças, por mais que não sejam desejados. Por causa disso, não é difícil imaginar que muitos autores que se voltaram para a idéia do fim do mundo tenham explorado esse fim como sendo fruto de uma doença incontrolável e incurável, que se alastra pelo globo e causa a morte massiva de seres humanos.

Em The Walking Dead, a idéia trazida é a de uma doença terrível, que não causa diretamente a morte de seus infectados, mas faz com que aqueles que morrem voltem à vida como zumbis, cuja mordida é letal para aqueles atacados. Na série, não se sabe o que é o causador dessa condição, apesar de já ter sido sugerida a ação de um vírus assassino. Por causa disso, não há uma cura. Para piorar ainda mais, a doença atingiu um nível mundial tão alarmante que não há pacientes saudáveis remanescentes, e todos os sobreviventes estão infectados, esperando apenas o momento de suas mortes para retornarem como zumbis.

A idéia de uma condição onipresente entre os personagens, somada à idéia de que não há mais centros de pesquisa trabalhando em uma cura cria em toda a saga um ar de desesperança, criado pelo fato de que, mesmo que os personagens sobrevivam por inúmeros anos, eles nunca conseguirão fugir a este alarmante destino. Assim, existe apenas um único propósito na mente dos personagens: sobreviver e atrasar esse destino o máximo que for possível. Exatamente por isso, o suicídio acaba sendo uma opção muito forte entre os personagens, no momento em que eles percebem que não há escapatória desse destino.

A CONDIÇÃO DE CAMINHANTES

Devido ao estado do mundo, cria-se, em um cenário apocalíptico como esse, a ideia de que nenhum lugar é seguro. As infraestruturas foram fragilizadas e, no caso de um apocalipse zumbi, os mortos se infiltram em todos os lugares que lhes forem possíveis. Não há mais tanto a ideia da segurança atrás de quatro paredes, pelo menos não por um período longo de tempo.

Dessa forma, assim como em The Walking Dead, os sobreviventes precisam se manter caminhando. Parar e descansar é um risco, pois a única vantagem que os vivos possuem nesse cenário é a de poderem fugir e enganar os mortos, mas para isso, é preciso continuar a se mover, sem criar laços com nenhum lugar, sem ter algo para chamar de lar. E mesmo quando os personagens encontram-se caminhando continuamente, a estrada apresenta os riscos da falta de proteção, das hordas que chegam sem avisar, da fome, do cansaço. É um mundo onde se assentar ou continuar a andar oferecem riscos semelhantes, forçando os sobreviventes a uma escolha sem segurança.

SACRIFÍCIO DA CONDIÇÃO HUMANA

Como se sobrevive a um mundo onde tudo o que você costumava conhecer se foi? É possível continuar a ser o mesmo depois que tudo que você tinha foi perdido?

Em The Walking Dead, vemos inúmeras pessoas serem mortas pelos zumbis ou simplesmente desistirem da vida, enquanto o grupo continua a sobreviver sem eles. Esses sobreviventes, no entanto, não são mais os mesmos de antes e, conforme o tempo passa, aqueles que se mantêm vivos vão se tornando cada vez menos humanos, cada vez mais voltados para os sacrifícios necessários para a sua própria sobrevivência, tornando-se ferozes, quase selvagens, perdendo aos poucos os traços de civilizados que haviam moldado suas vidas anteriores.

A loucura é uma marca comum nos personagens da série. Conforme passaram-se as temporadas, fomos percebendo que nenhum deles conseguindo manter a sanidade intacta, sendo forçados a extremos que, em nossa sociedade atual, são completamente repudiados. Eles não pensam duas vezes quando têm que decidir se matarão alguém, se irão atrás de alguma coisa, se atacarão os zumbis. Chega-se a um ponto na série onde todas essas ações são mecânicas, “programadas” pelo instinto de sobrevivência.

De certa forma, eles se tornam tão animalescos quanto os mortos que os perseguem.

OS GRUPOS E AS COLÔNIAS

Após algum tempo, nota-se na série que os grupos vão ficando maiores e mais organizados, chegando inclusive a compor colônias habitáveis e com aparatos de segurança mais completos e eficientes contra os zumbis. Essas colônias maiores são um pontapé inicial para a reconstrução da sociedade de antes, embora em uma escala muito menor.

Como, porém, podem conviver o instinto de sobrevivência que guiara os grupos até então com a filosofia da sociedade civilizada de antes do apocalipse? O choque entre as duas formas de viver é tão forte que, em um primeiro momento, parece que não haverá maneira de um grupo se acostumar novamente ao que costumava ser.

A chegada ao grupo de Rick à colônia de Alexandria mostra bem isso. Os residentes locais vivem uma vida muito comum, não tendo que enfrentar o perigo constante dos zumbis por conta das cercas que os protegem, enquanto o grupo de fora passou meses e meses tendo de conviver com ameaças diariamente, nunca descansando e sofrendo inúmeras perdas no caminho. Dessa forma, a diferença entre os dois provocou um tumulto gigantesco a princípio, e demorou bastante tempo para que ambos começassem a assumir aspectos um do outro rumo a uma convivência mais pacífica, mas ainda assim tumultuada.

DA GUERRA CONTRA OS MORTOS À GUERRA CONTRA OS VIVOS

Quando as colônias maiores se formam e os mortos deixam de ser um problema, um outro inimigo surge: os outros grupos. Isso porque é quase um princípio dos humanos quererem conquistar o que não está em seu poder. Chega um momento em que, quando duas grandes organizações colidem, há uma grave possibilidade de uma guerra ocorrer entre as duas.

Já em suas primeiras temporadas, The Walking Dead mostrou a ameaça terrível dos outros grupos humanos assumir várias formas: Começou com Woodbury e com o Governador logo se tornou o grupo dos Canibais de Terminus e, em sua versão mais recente na série, os Salvadores comandados por Negan. Esses grupos oferecem uma rivalidade ao crescimento do grupo de Rick, sendo também muito numerosos e bem armados, o que leva à explosão de guerras e conflitos entre os vivos.

A terrível realidade que esses conflitos mostram é que, mesmo em um ambiente onde a sociedade humana encontra-se ameaçada e precisa ser reconstruída, a tendência dos humanos sobreviventes é lutarem entre si pela obtenção de maiores recursos. É muito complicado encontrar grupos que se unam por livre e espontânea vontade, sendo muito mais comum que eles queiram se destruir ao invés disso.

EXPECTATIVAS DE RECONSTRUÇÃO

Diante de tudo isso que a nova sociedade criada pelo apocalipse zumbi pode oferecer, The Walking Dead acaba revelando bastante sobre o comportamento humano em uma situação de fim de mundo. E a premissa não é muito boa.

Filmes e séries que tratam sobre o apocalipse acabam sempre mostrando um mundo similar, onde o ser humano abandonaria aos poucos seu lado civilizado e de convivência em sociedade em prol de sua própria sobrevivência. A manutenção de um grupo, assim, não tem outro sentido além do de garantir a sobrevivência de seus membros, o que força cada um a adquirir um papel para ajudar nesse objetivo. Nesse mundo, estranhos são vistos com maus olhos e conflitos entre grupos são constantes.

Diante dessa situação, qual é a expectativa para a reconstrução do mundo? O que pode ser retomado da vida anterior, agora que tanto já foi perdido? Se há algo que The Walking Dead consegue nos mostrar bem, é esse clima de desesperança perpétuo, mesmo quanto a situação se torna mais calma para todos os personagens. Eles sabem e são constantemente lembrados de tudo o que eles perderam, das coisas que não conseguirão recuperar, e isso os empurra cada vez mais para o caminho da sobrevivência e do instinto. Como, então, eles poderiam voltar à velha sociedade de antes?

Nesse momento da série, os grupos de Rick e de Negan preparam-se para travar um conflito entre si, de proporções gigantescas e catastróficas, para garantir a sobrevivência de apenas um dos estilos de vida de ambos. Não há espaço para negociações, e tudo o que podemos esperar dessa nova temporada são uma grande quantidade de conflitos e de mortes, o que talvez afaste todos os sobreviventes ainda mais da possibilidade de reconstrução de suas vidas da maneira como eram.

Quais são as suas expectativas para esse conflito? O que você espera que acontecerá daqui para a frente na série? Quem você espera que vai morrer nessa temporada? Deixe nos comentários abaixo!

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