Entre as personagens do Universo Cinematográfico da Marvel, a Viúva Negra foi a primeira a ser apresentada como heroína. Introduzida em Homem de Ferro 2, Natasha Romanoff logo obteve um papel importante dentro da equipe dos Vingadores, usando de todas as suas habilidades atléticas, estilo de luta único e talento para espionagem para ajudar a equipe a combater os vilões que ameaçavam a Terra. Mesmo não sendo uma protagonista, ela se tornou uma personagem icônica e obteve inúmeras outras participações no universo, principalmente ao lado do Capitão América.
Mas mais do que construir uma fama para si, a Viúva Negra também foi importante para garantir a existência de um vasto número de heroínas dentro do MCU, cada uma com suas próprias histórias, personalidades e habilidades, culminando com a chegada da Capitã Marvel, primeira heroína do MCU a protagonizar um filme solo. A própria evolução da Viúva Negra, de coadjuvante sexualizada em Homem de Ferro 2 a uma das mais importantes integrantes dos Vingadores, garantiu que a maneira como as heroínas subsequentes foram introduzidas e abordadas no universo também fosse evoluindo e se alterando ao longo das produções, conferindo a elas mais profundidade e importância dentro das histórias.
E é por isso que, agora que a primeira grande heroína do MCU finalmente recebe seu filme solo, faremos uma homenagem ao seu legado e a todas as mulheres que participaram e influenciaram a construção desse universo, seja vestindo o traje de heroína nas telas ou conduzindo a criação dessas produções por trás das câmeras.
DENTRO DOS FILMES: AS ICÔNICAS PERSONAGENS E SUAS INTÉRPRETES
Em 2010, Scarlett Johansson se uniu ao Universo Marvel como Natasha Romanoff, a primeira personagem da franquia a deter o posto de heroína, capaz de enfrentar os vilões da mesma forma que os protagonistas dos filmes. A partir desse momento, as mulheres do MCU começaram a desfrutar de uma nova posição, não mais como acompanhantes passivas dos feitos dos heróis, mas como personagens ativas, capazes de participar das missões e desfrutaram de um papel importante no enfrentamento do mal.
Foi nesse contexto que surgiram algumas favoritas da Primeira Fase do MCU, como Peggy Carter (Hayley Atwell) e Lady Sif (Jamie Alexander). Embora ainda não fossem protagonistas, seu papel nos filmes agora era maior e elas possuíam uma importância maior para a trama geral. Em Os Vingadores, tivemos a inclusão de Maria Hill (Cobie Smulders), com um papel menor na trama do filme, mas ainda assim se mostrando uma agente bastante habilidosa e capaz de lutar por conta própria.
A segunda fase do universo tratou de manter a posição dessas personagens e, com exceção da própria Viúva Negra, que desenvolveu um papel mais importante em O Soldado Invernal e A Era de Ultron, as demais continuaram como coadjuvantes que prestavam ajuda aos protagonistas, mas que não chegavam a ter uma posição mais importante nas narrativas. Ao mesmo tempo, porém, essa foi a fase em que diversas personagens importantes foram incorporadas ao universo, como a Guardiã da Galáxia Gamora (Zoe Saldana) e sua irmã Nebulosa (Karen Gillian), Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), que mais tarde se tornaria a Vespa.
Foi apenas na terceira fase que o protagonismo feminino do MCU começou a ganhar uma forma mais concreta. Pantera Negra introduziu uma grande quantidade de personagens icônicas, desde Nakia (Lupita Nyong'o) e a General Okoye (Danai Gurira) até a família real, representada pela princesa Shuri (Letitia Wright) e a rainha-mãe Ramonda (Angela Bassett). Todas elas apresentaram um papel essencial na trama, mesmo não sendo as protagonistas da história. Contudo, foi apenas em Capitã Marvel, com a introdução de Carol Danvers (Brie Larson), que o MCU teve a sua primeira protagonista em um filme solo.
Tanto Guerra Infinita quanto Ultimato exploraram a importância dessas personagens em cenas icônicas de poder feminino, já transmitindo ao público a essência de como seria o tratamento das mulheres do MCU durante as Fases Quatro e Cinco do universo. E a Marvel tem se mantido fiel a essa proposta, já trazendo produções extremamente focadas em personagens femininas e colocando suas personagens já existentes em papéis centrais. Só nesse último ano, Wanda Maximoff protagonizou a série WandaVision e revelou todo o seu poder ao se tornar a Feiticeira Escarlate. Também vimos a introdução de Sylvie (Sophia DiMartino) na série Loki e a sua extrema importância para a condução da história do personagem interpretado por Tom Hiddleston, para não falar da chegada do tão aguardado Viúva Negra, que finalmente irá contar a história de Natasha Romanoff para o público.
O futuro também reserva grandes produções focadas nas personagens femininas, com The Marvels em produção para continuar a história de Carol Danvers e abordar as personagens Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Khamala Khan, além da confirmação da série da Mulher Hulk, que trará Tatiana Maslany no papel principal. Com tantas produções na atualidade e no futuro, podemos ver que a Marvel segue um bom caminho para a representatividade feminina dentro de seu universo.
POR TRÁS DAS CÂMERAS: MULHERES QUE CONSTROEM O MCU
Fora das telas, no entanto, o MCU também teve uma presença feminina importante na tomada de decisões para a construção dos filmes e suas histórias, e mesmo que tais mulheres não tenham recebido a atenção das heroínas nas telas, foi através de suas mãos que muitas das histórias que já vivos desse universo e que vamos ver ainda no futuro obtiveram forma. Conheça algumas das responsáveis pela construção dessa nova fase do universo.
Nicole Perlman: Fã da ficção científica desde adolescente, Nicole Perlman foi a primeira mulher a escrever um roteiro para o MCU, assinando por Guardiões da Galáxia, primeiro filme a explorar o universo intergaláctico da Marvel, ao lado de James Gunn. Ela também participou do roteiro de Capitã Marvel, na parte de criação da história. Para além do Universo Marvel, Nicole possui outras quatro participações como roteiristas, entre as quais o destaque vai para a sua participação em Detetive Pikachu, além de ser a diretora do curta The Slows, lançado em 2018.
Anna Boden: A diretora Anna Boden foi a primeira a trabalhar na posição em um filme do MCU, dividindo com Ryan Fleck a direção e o roteiro de Capitã Marvel. Anna Boden também é conhecida por outros trabalhos, incluindo a comédia Se Enlouquecer, Não Se Apaixone, de 2010, e a minissérie Mrs. América (2020), indicada a dez prêmios Emmy e vencedora na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante pela atuação de Uzo Aduba. Boden também dirigiu o filme Perseguindo Um Sonho (2008) e três episódios da série Billions em 2016 e 2017.
Cate Shortland: diretora australiana por trás de Viúva Negra, Cate Shortland possui outros três longas-metragens em seu currículo: Salto Mortal (2004), Lore (2012) e A Síndrome de Berlim (2017). Ela também trabalhou em alguns episódios das séries Bad Cop, Bad Cop e The Secret Life of Us.
Chloe Zhao: conhecida por suas produções independentes e autorais, Chloe Zhao conquistou a atenção do mundo esse ano ao ganhar os Oscars de Melhor Filme e de Melhor Diretora pelo aclamado longa Nomadland. Para além disso, a diretora de Os Eternos, que deve estrear no final desse ano, também é conhecida por filmes como Domando o Destino (2017) e Songs My Brothers Taught Me (2015) e por curtas como Daughters (2010) e Benachin (2011).
Jae Schaeffer: Jae Schaeffer entrou para a produção de filmes do MCU ao lado de Cate Shortland, atuando na produção do roteiro de Viúva Negra ao lado de Ned Benson e Eric Pearson. No ramo das séries do Universo, porém, Jae já possui outro grande sucesso: a série WandaVision, que fez um enorme sucesso no começo do ano. Para além da Marvel, ela também assinou o roteiro de As Trapaceiras (2019) e do curta animado Frozen: A Aventura Congelante de Olaf (2017).
Kate Herron: Com uma carreira bastante voltada para curtas e produções televisivas, Kate Herron conquistou grande público por trás das câmeras da série Loki, da qual é a principal diretora, estando por trás de todos os episódios da série. Herron também dirigiu quatro episódios do sucesso da Netflix Sex Education e cinco episódios da minissérie Five by Five, além de um episódio da série apocalíptica Daybreak.
Nia DaCosta: Para além de incorporar o corpo de diretoras da MCU, Nia DaCosta, que comandará a direção de The Marvels, também se torna a primeira diretora negra do universo. Ela também dirigiu filmes como Passando dos Limites (2018) e está por trás da realização do filme A Lenda de Candyman, do produtor Jordan Peele, que deve estrear ainda esse ano, além de já ter sido confirmada na equipe de The Lincoln Conspiracy.
Todas essas adições fazem com que o MCU se torna ainda mais rico do que já é, introduzindo novas visões para os personagens e suas aventuras e incentivando a diversidade, a busca por novas formas de ver e pensar um filme e a divulgação dessas mulheres tão talentosas para um público mais amplo.