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Biográfico

Biográfico

Spike Lee: Um Homem Com Algo A Dizer

24/11/2018

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério.

escrito por
Luis Henrique Franco

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério.

escrito por
Luis Henrique Franco
24/11/2018

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério e foi um grande ativista dentro de Hollywood. Em seu novo filme, Lee conta como um agente negro da polícia armou um grande esquema para colocar um infiltrado dentro da Ku Klux Klan, uma das maiores organizações de supremacia branca do mundo, com o intuito de expô-los e prender seus líderes.

Nascido em Atlanta, em março de 1957, Shelton Jackson Lee se mudou ainda muito jovem para o Brooklyn. Filho de um músico de jazz e uma professora escolar, o lado artístico sempre foi muito forte no diretor, que aperfeiçoou suas habilidades de diretor e fazedor de filmes na Faculdade de Clark, em Atlanta. Ele também cursou a Tisch School of the Arts, onde trabalhou em seu primeiro projeto, o controverso curta The Answer (1980), uma releitura do clássico de D.W. Griffiths, O Nascimento de uma Nação (1915). Sua segunda produção, Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads, foi a vencedora de um prêmio estudantil.

PROVOCANDO EM HOLLYWOOD

Em 1986, Spike Lee iniciou sua carreira cinematográfica com a comédia Ela Quer Tudo, que já provocou uma discussão interessante sobre relações sexuais ao contar a história de uma mulher que mantém três amantes, cada um deles exigindo que ela se comprometesse apenas com ele. Nola, a personagem principal, no entanto, se recusa a manter uma relação única. Produzido com um orçamento muito baixo, o filme arrecadou certa de 7 milhões de dólares, o que foi o suficiente para que Lee conseguisse montar sua própria produtora, a 40 Acres and a Mule Filmworks.

Seu filme seguinte, lançado em 1988, foi Revolução Estudantil, que retrata a vida de estudantes em uma escola historicamente de maioria negra. A trama é focada em um rapaz que, no intuito de se tornar mais popular, busca uma vaga em uma das fraternidades estudantis no local. O filme de Lee gira em torno do conflito entre as diferentes fraternidades, das quais o diretor sempre fora extremamente crítico, caracterizando-as como indiferentes, materialistas e irresponsáveis.

Os arrecadamentos com Revolução Estudantil permitiram a Lee pagar pelo seu próximo filme, que se tornaria a sua obra mais famosa: Faça a Coisa Certa, de 1989. Baseado especificamente na vizinhança do Brooklyn onde o diretor vivera, o filme acompanha o crescimento de tensões raciais em Bed-Stuy, com o ódio de antigos moradores se instalando contra a nova maioria local, formada por negros e hispânicos. O filme foi indicado a dois Oscars, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante, além de iniciar um importante debate na comunidade sobre as questões de ódio e racismo nas relações entre inter-raciais.

ANOS 90: SEGUINDO COM O DEBATE

No começo dos anos 90, Lee começou uma parceria com o ator Denzel Washington, que viria a atuar em muitos de seus filmes, inclusive alguns dos mais marcantes em sua filmografia. O primeiro longa dessa parceria foi Mais e Melhores Blues, de 1990, que conta a história real do trompetista de jazz Bleek Gilliam e suas decisões questionáveis, tanto na sua carreira quanto na sua vida amorosa. Dois anos depois, Washington também estrelou o icônico Malcolm X, a segunda biografia dirigida por Lee e que acompanha a vida e a luta do famoso ativista pelos direitos negros em todos os seus grandes discursos, polêmicas e lutas sem fim. O filme foi um sucesso gigantesco e rendeu uma indicação ao Oscar para Washington

Em 1994, Lee dirigiu a comédia Uma Família de Pernas para o Ar, um retrato semi-autobiográfico de sua vida no Brooklyn. Na trama, acompanhamos a vida de uma professora e seu marido, um teimoso cantor de jazz, acompanhados por suas cinco crianças. Em 1995, Lee dirigiu Irmãos de Sangue, que chamou a atenção para o problema das drogas nos bairros pobres ao retratar a vida de vendedores de droga do Brooklyn que vivem uma vida arriscada, sendo pressionados e ameaçados ao mesmo tempo pelos seus chefões do tráfico e pelo detetive que os investiga.

Em 1998, Lee voltaria a trabalhar com Denzel Washington no filme Jogada Decisiva, que se passa no mundo estudantil novamente, mas dessa vez com o enfoque no processo de recrutamento de estudantes para bolsas de jogadores, revelando o lado sombrio por trás desse processo.

Ainda em 1997, Lee dirigiu aquele que seria um de seus mais famosos documentários, Quatro Meninas. Nele, o diretor retorna a um dos mais cruéis e infames ataques terroristas motivados pelo ódio racial. ocorrido quando um ataque a bomba destruiu uma igreja em Birmingham, no Alabama, durante os anos dos movimentos por direitos iguais dos negros. Nesse ataque, a morte de quatro meninas inspirou um enorme sentimento de revolta pelo país que pressionou o governo a garantir maior igualdade e justiça para todos.

OS RUMOS DO DIRETOR NO NOVO MILÊNIO

Desde o começo dos anos 2000,, Spike Lee tem dirigido projetos que vão desde dramas policiais até comédias, todos abordando a temática da criminalidade, de problemas sociais ou da questão do negro na sociedade. Na primeira década de 2000, o diretor produziu longas como A Hora do Show, A Última Noite e O Plano Perfeito, esse último novamente com a atuação de Denzel Washington.

Os anos seguintes foram ocupados com a direção de curtas e, principalmente documentários, que também foram uma grande constante na carreira de Lee. Programas como Crianças Invisíveis, curtas como Jesus Children of America e documentários como Os Diques se Romperam (Série para a TV) e Bad 25 continuaram a mostrar problemas na sociedade americana retratados pela visão do diretor, que abordou desde as respostas ao Furacão Katrina e problemas de doenças sexuais ainda vigentes nas comunidades pobres até o legado de grandes ícones como Michael Jackson, uma das grandes influências para o diretor.

Na última década, curtas e vídeos têm sido a principal ocupação de Spike Lee, e sua carreira no cinema avançou com intervalos um pouco maiores. Em 2013, ele tentou readaptar o clássico coreano Oldboy, mas a sua nova versão não foi bem aceita pelo público. Em 2015, produziu Chi-Raq, uma readaptação da peça grega de Aristófanes Lysistrata, atualizada para o cenário da violência de gangues em Chicago.

Em 2016, Spike Lee foi o centro de uma nova polêmica ao afirmar que não iria à cerimônia do Oscar 2016, em razão da falta de indicados negros para as categorias de atores/atrizes e diretores. Apesar de o próprio diretor ter afirmado não se tratar de um boicote (apenas uma decisão pessoal), um grande número de celebridades compraram a ideia e lançaram o movimento Oscar So White, que clamava pelo maior reconhecimento do trabalho de negros dentro da Academia. Esse movimento inspirou outros grupos sociais a clamarem pelo mesmo reconhecimento, principalmente as mulheres, que também exigiram a valorização de seu trabalho nas áreas técnicas e, principalmente, no papel de diretoras.

Com Infiltrado na Klan, Lee retorna às suas origens como um diretor que defende a importância do negro na sociedade. Com um novo drama histórico que remete aos seus dias com Malcolm X, Lee dá uma nova vida à discussão racial no cinema americano.

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério.

crítica por
Luis Henrique Franco
24/11/2018

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério e foi um grande ativista dentro de Hollywood. Em seu novo filme, Lee conta como um agente negro da polícia armou um grande esquema para colocar um infiltrado dentro da Ku Klux Klan, uma das maiores organizações de supremacia branca do mundo, com o intuito de expô-los e prender seus líderes.

Nascido em Atlanta, em março de 1957, Shelton Jackson Lee se mudou ainda muito jovem para o Brooklyn. Filho de um músico de jazz e uma professora escolar, o lado artístico sempre foi muito forte no diretor, que aperfeiçoou suas habilidades de diretor e fazedor de filmes na Faculdade de Clark, em Atlanta. Ele também cursou a Tisch School of the Arts, onde trabalhou em seu primeiro projeto, o controverso curta The Answer (1980), uma releitura do clássico de D.W. Griffiths, O Nascimento de uma Nação (1915). Sua segunda produção, Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads, foi a vencedora de um prêmio estudantil.

PROVOCANDO EM HOLLYWOOD

Em 1986, Spike Lee iniciou sua carreira cinematográfica com a comédia Ela Quer Tudo, que já provocou uma discussão interessante sobre relações sexuais ao contar a história de uma mulher que mantém três amantes, cada um deles exigindo que ela se comprometesse apenas com ele. Nola, a personagem principal, no entanto, se recusa a manter uma relação única. Produzido com um orçamento muito baixo, o filme arrecadou certa de 7 milhões de dólares, o que foi o suficiente para que Lee conseguisse montar sua própria produtora, a 40 Acres and a Mule Filmworks.

Seu filme seguinte, lançado em 1988, foi Revolução Estudantil, que retrata a vida de estudantes em uma escola historicamente de maioria negra. A trama é focada em um rapaz que, no intuito de se tornar mais popular, busca uma vaga em uma das fraternidades estudantis no local. O filme de Lee gira em torno do conflito entre as diferentes fraternidades, das quais o diretor sempre fora extremamente crítico, caracterizando-as como indiferentes, materialistas e irresponsáveis.

Os arrecadamentos com Revolução Estudantil permitiram a Lee pagar pelo seu próximo filme, que se tornaria a sua obra mais famosa: Faça a Coisa Certa, de 1989. Baseado especificamente na vizinhança do Brooklyn onde o diretor vivera, o filme acompanha o crescimento de tensões raciais em Bed-Stuy, com o ódio de antigos moradores se instalando contra a nova maioria local, formada por negros e hispânicos. O filme foi indicado a dois Oscars, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante, além de iniciar um importante debate na comunidade sobre as questões de ódio e racismo nas relações entre inter-raciais.

ANOS 90: SEGUINDO COM O DEBATE

No começo dos anos 90, Lee começou uma parceria com o ator Denzel Washington, que viria a atuar em muitos de seus filmes, inclusive alguns dos mais marcantes em sua filmografia. O primeiro longa dessa parceria foi Mais e Melhores Blues, de 1990, que conta a história real do trompetista de jazz Bleek Gilliam e suas decisões questionáveis, tanto na sua carreira quanto na sua vida amorosa. Dois anos depois, Washington também estrelou o icônico Malcolm X, a segunda biografia dirigida por Lee e que acompanha a vida e a luta do famoso ativista pelos direitos negros em todos os seus grandes discursos, polêmicas e lutas sem fim. O filme foi um sucesso gigantesco e rendeu uma indicação ao Oscar para Washington

Em 1994, Lee dirigiu a comédia Uma Família de Pernas para o Ar, um retrato semi-autobiográfico de sua vida no Brooklyn. Na trama, acompanhamos a vida de uma professora e seu marido, um teimoso cantor de jazz, acompanhados por suas cinco crianças. Em 1995, Lee dirigiu Irmãos de Sangue, que chamou a atenção para o problema das drogas nos bairros pobres ao retratar a vida de vendedores de droga do Brooklyn que vivem uma vida arriscada, sendo pressionados e ameaçados ao mesmo tempo pelos seus chefões do tráfico e pelo detetive que os investiga.

Em 1998, Lee voltaria a trabalhar com Denzel Washington no filme Jogada Decisiva, que se passa no mundo estudantil novamente, mas dessa vez com o enfoque no processo de recrutamento de estudantes para bolsas de jogadores, revelando o lado sombrio por trás desse processo.

Ainda em 1997, Lee dirigiu aquele que seria um de seus mais famosos documentários, Quatro Meninas. Nele, o diretor retorna a um dos mais cruéis e infames ataques terroristas motivados pelo ódio racial. ocorrido quando um ataque a bomba destruiu uma igreja em Birmingham, no Alabama, durante os anos dos movimentos por direitos iguais dos negros. Nesse ataque, a morte de quatro meninas inspirou um enorme sentimento de revolta pelo país que pressionou o governo a garantir maior igualdade e justiça para todos.

OS RUMOS DO DIRETOR NO NOVO MILÊNIO

Desde o começo dos anos 2000,, Spike Lee tem dirigido projetos que vão desde dramas policiais até comédias, todos abordando a temática da criminalidade, de problemas sociais ou da questão do negro na sociedade. Na primeira década de 2000, o diretor produziu longas como A Hora do Show, A Última Noite e O Plano Perfeito, esse último novamente com a atuação de Denzel Washington.

Os anos seguintes foram ocupados com a direção de curtas e, principalmente documentários, que também foram uma grande constante na carreira de Lee. Programas como Crianças Invisíveis, curtas como Jesus Children of America e documentários como Os Diques se Romperam (Série para a TV) e Bad 25 continuaram a mostrar problemas na sociedade americana retratados pela visão do diretor, que abordou desde as respostas ao Furacão Katrina e problemas de doenças sexuais ainda vigentes nas comunidades pobres até o legado de grandes ícones como Michael Jackson, uma das grandes influências para o diretor.

Na última década, curtas e vídeos têm sido a principal ocupação de Spike Lee, e sua carreira no cinema avançou com intervalos um pouco maiores. Em 2013, ele tentou readaptar o clássico coreano Oldboy, mas a sua nova versão não foi bem aceita pelo público. Em 2015, produziu Chi-Raq, uma readaptação da peça grega de Aristófanes Lysistrata, atualizada para o cenário da violência de gangues em Chicago.

Em 2016, Spike Lee foi o centro de uma nova polêmica ao afirmar que não iria à cerimônia do Oscar 2016, em razão da falta de indicados negros para as categorias de atores/atrizes e diretores. Apesar de o próprio diretor ter afirmado não se tratar de um boicote (apenas uma decisão pessoal), um grande número de celebridades compraram a ideia e lançaram o movimento Oscar So White, que clamava pelo maior reconhecimento do trabalho de negros dentro da Academia. Esse movimento inspirou outros grupos sociais a clamarem pelo mesmo reconhecimento, principalmente as mulheres, que também exigiram a valorização de seu trabalho nas áreas técnicas e, principalmente, no papel de diretoras.

Com Infiltrado na Klan, Lee retorna às suas origens como um diretor que defende a importância do negro na sociedade. Com um novo drama histórico que remete aos seus dias com Malcolm X, Lee dá uma nova vida à discussão racial no cinema americano.

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Biográfico

Spike Lee

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério.

escrito por
Luis Henrique Franco
24/11/2018
Spike Lee
Diretor, Roteirista e Produtor
nascimento
1957
Spike Lee é um grande diretor de cinema, conhecido por seus filmes provocativos que tratam com profundidade de questões sociais e do racismo existente em nossa sociedade

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério.

escrito por
Luis Henrique Franco
24/11/2018

Infiltrado na Klan é o mais novo filme do diretor Spike Lee, um homem que, em todos os seus trabalhos, sempre levou a questão do papel do negro muito a sério e foi um grande ativista dentro de Hollywood. Em seu novo filme, Lee conta como um agente negro da polícia armou um grande esquema para colocar um infiltrado dentro da Ku Klux Klan, uma das maiores organizações de supremacia branca do mundo, com o intuito de expô-los e prender seus líderes.

Nascido em Atlanta, em março de 1957, Shelton Jackson Lee se mudou ainda muito jovem para o Brooklyn. Filho de um músico de jazz e uma professora escolar, o lado artístico sempre foi muito forte no diretor, que aperfeiçoou suas habilidades de diretor e fazedor de filmes na Faculdade de Clark, em Atlanta. Ele também cursou a Tisch School of the Arts, onde trabalhou em seu primeiro projeto, o controverso curta The Answer (1980), uma releitura do clássico de D.W. Griffiths, O Nascimento de uma Nação (1915). Sua segunda produção, Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads, foi a vencedora de um prêmio estudantil.

PROVOCANDO EM HOLLYWOOD

Em 1986, Spike Lee iniciou sua carreira cinematográfica com a comédia Ela Quer Tudo, que já provocou uma discussão interessante sobre relações sexuais ao contar a história de uma mulher que mantém três amantes, cada um deles exigindo que ela se comprometesse apenas com ele. Nola, a personagem principal, no entanto, se recusa a manter uma relação única. Produzido com um orçamento muito baixo, o filme arrecadou certa de 7 milhões de dólares, o que foi o suficiente para que Lee conseguisse montar sua própria produtora, a 40 Acres and a Mule Filmworks.

Seu filme seguinte, lançado em 1988, foi Revolução Estudantil, que retrata a vida de estudantes em uma escola historicamente de maioria negra. A trama é focada em um rapaz que, no intuito de se tornar mais popular, busca uma vaga em uma das fraternidades estudantis no local. O filme de Lee gira em torno do conflito entre as diferentes fraternidades, das quais o diretor sempre fora extremamente crítico, caracterizando-as como indiferentes, materialistas e irresponsáveis.

Os arrecadamentos com Revolução Estudantil permitiram a Lee pagar pelo seu próximo filme, que se tornaria a sua obra mais famosa: Faça a Coisa Certa, de 1989. Baseado especificamente na vizinhança do Brooklyn onde o diretor vivera, o filme acompanha o crescimento de tensões raciais em Bed-Stuy, com o ódio de antigos moradores se instalando contra a nova maioria local, formada por negros e hispânicos. O filme foi indicado a dois Oscars, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante, além de iniciar um importante debate na comunidade sobre as questões de ódio e racismo nas relações entre inter-raciais.

ANOS 90: SEGUINDO COM O DEBATE

No começo dos anos 90, Lee começou uma parceria com o ator Denzel Washington, que viria a atuar em muitos de seus filmes, inclusive alguns dos mais marcantes em sua filmografia. O primeiro longa dessa parceria foi Mais e Melhores Blues, de 1990, que conta a história real do trompetista de jazz Bleek Gilliam e suas decisões questionáveis, tanto na sua carreira quanto na sua vida amorosa. Dois anos depois, Washington também estrelou o icônico Malcolm X, a segunda biografia dirigida por Lee e que acompanha a vida e a luta do famoso ativista pelos direitos negros em todos os seus grandes discursos, polêmicas e lutas sem fim. O filme foi um sucesso gigantesco e rendeu uma indicação ao Oscar para Washington

Em 1994, Lee dirigiu a comédia Uma Família de Pernas para o Ar, um retrato semi-autobiográfico de sua vida no Brooklyn. Na trama, acompanhamos a vida de uma professora e seu marido, um teimoso cantor de jazz, acompanhados por suas cinco crianças. Em 1995, Lee dirigiu Irmãos de Sangue, que chamou a atenção para o problema das drogas nos bairros pobres ao retratar a vida de vendedores de droga do Brooklyn que vivem uma vida arriscada, sendo pressionados e ameaçados ao mesmo tempo pelos seus chefões do tráfico e pelo detetive que os investiga.

Em 1998, Lee voltaria a trabalhar com Denzel Washington no filme Jogada Decisiva, que se passa no mundo estudantil novamente, mas dessa vez com o enfoque no processo de recrutamento de estudantes para bolsas de jogadores, revelando o lado sombrio por trás desse processo.

Ainda em 1997, Lee dirigiu aquele que seria um de seus mais famosos documentários, Quatro Meninas. Nele, o diretor retorna a um dos mais cruéis e infames ataques terroristas motivados pelo ódio racial. ocorrido quando um ataque a bomba destruiu uma igreja em Birmingham, no Alabama, durante os anos dos movimentos por direitos iguais dos negros. Nesse ataque, a morte de quatro meninas inspirou um enorme sentimento de revolta pelo país que pressionou o governo a garantir maior igualdade e justiça para todos.

OS RUMOS DO DIRETOR NO NOVO MILÊNIO

Desde o começo dos anos 2000,, Spike Lee tem dirigido projetos que vão desde dramas policiais até comédias, todos abordando a temática da criminalidade, de problemas sociais ou da questão do negro na sociedade. Na primeira década de 2000, o diretor produziu longas como A Hora do Show, A Última Noite e O Plano Perfeito, esse último novamente com a atuação de Denzel Washington.

Os anos seguintes foram ocupados com a direção de curtas e, principalmente documentários, que também foram uma grande constante na carreira de Lee. Programas como Crianças Invisíveis, curtas como Jesus Children of America e documentários como Os Diques se Romperam (Série para a TV) e Bad 25 continuaram a mostrar problemas na sociedade americana retratados pela visão do diretor, que abordou desde as respostas ao Furacão Katrina e problemas de doenças sexuais ainda vigentes nas comunidades pobres até o legado de grandes ícones como Michael Jackson, uma das grandes influências para o diretor.

Na última década, curtas e vídeos têm sido a principal ocupação de Spike Lee, e sua carreira no cinema avançou com intervalos um pouco maiores. Em 2013, ele tentou readaptar o clássico coreano Oldboy, mas a sua nova versão não foi bem aceita pelo público. Em 2015, produziu Chi-Raq, uma readaptação da peça grega de Aristófanes Lysistrata, atualizada para o cenário da violência de gangues em Chicago.

Em 2016, Spike Lee foi o centro de uma nova polêmica ao afirmar que não iria à cerimônia do Oscar 2016, em razão da falta de indicados negros para as categorias de atores/atrizes e diretores. Apesar de o próprio diretor ter afirmado não se tratar de um boicote (apenas uma decisão pessoal), um grande número de celebridades compraram a ideia e lançaram o movimento Oscar So White, que clamava pelo maior reconhecimento do trabalho de negros dentro da Academia. Esse movimento inspirou outros grupos sociais a clamarem pelo mesmo reconhecimento, principalmente as mulheres, que também exigiram a valorização de seu trabalho nas áreas técnicas e, principalmente, no papel de diretoras.

Com Infiltrado na Klan, Lee retorna às suas origens como um diretor que defende a importância do negro na sociedade. Com um novo drama histórico que remete aos seus dias com Malcolm X, Lee dá uma nova vida à discussão racial no cinema americano.

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