A investigadora e justiceira Lisbeth Salander está de volta às telonas. Em Millenium: A Garota na Teia da Aranha, adaptação do livro homônimo de David Lagercrantz, que continua a saga iniciada na trilogia original de Stieg Larssom. De cara nova, a nova adaptação traz Claire Foy no papel que inicialmente pertenceu a Noomi Rapace, e a nova intérprete mantém-se ao nível de sua antecessora.
Com uma narrativa que foca o passado de Lisbeth com muito mais clareza, o novo longe aborda um lado pessoal muito forte de sua protagonista em sua tentativa de fugir de um passado sombrio que volta para persegui-la, ao mesmo tempo em que introduz uma trama de investigação e espionagem digna de um filme de 007 (para o bem ou para o mal) ao criar uma conspiração que busca acesso a um programa criado por Frans Balder (Stephen Mercant) e que disponibilizaria acesso a todas as armas nucleares do mundo. Equilibrando de maneira positiva drama e tensão, o longa busca dar profundidade à sua protagonista e suas relações pessoais, principalmente com sua irmã Camilla (Sylvia Hoeks) e com o jornalista Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason). Com um domínio absurdo sobre a tecnologia da computação e uma frieza em suas ações e decisões, cria-se uma quase super-heroína, imparável mesmo para os melhores agentes dos departamentos de segurança mundial.

O filme ainda junta uma trilha sonora marcante e que se adequa aos momentos do filme, além de movimentos e tomadas de câmera que acompanham a situação dos personagens, cambaleando quando um personagem é dopado, desfocando em casos de problema de visão e acelerando em cenas de perseguição. Dessa forma, o espectador é convidado a sentir-se dentro do filme, passando pelas mesmas situações que são vistas em tela, em um processo de imersão que aumenta os sentimentos provocados em cada cena. Por causa disso, pode-se perdoar alguns excessos criados pelo filme, principalmente em suas cenas de maior adrenalina, algo que é muito comum em filmes de ação.
Contudo, o filme apresenta um pequeno problema de desfecho, com um final que vai de ultra explosivo para desnecessariamente melodramático, em uma sequência de erros admitidos por seus personagens principais que acabam por criar uma situação onde todos “fazem o que é certo” e tudo termina bem. O problema de um final desse tipo é que se cria uma oposição ruim, onde um filme que seguiu por mais de duas horas com um clima pesado e sombrio (algo que a própria fotografia reforça, abusando de cores escuras e momentos de pouca luz) termina de uma maneira “agridoce” demais para agradar ao público.

Outro problema está nos personagens. Apesar de Claire Foy manter-se sólida em seu papel de protagonista, outros membros do elenco perdem demais o brilho. Gudnason está extremamente apagado no papel de Blomkvist e deixa a desejar quando comparado à atuação de Michael Nyqvist, na adaptação original. Os vilões também são pouco chamativos e repetem estereótipos do gênero de ação muito batidos. Lakeith Stanfield, que interpreta um agente da Segurança Nacional Americana que persegue Lisbeth, tem uma presença mais marcante, mas apresenta dificuldades de convencer em seu papel, principalmente por se colocar em situações em que é totalmente enganado, algo que dificilmente condiz com a ideia de um agente de alto escalão.

Millenium: A Garota na Teia da Aranha é um filme de ação policial que usa bastante a tecnologia em mãos de sua protagonista para criar uma trama de bom suspense e que agrada aos fãs da saga, apesar de seus defeitos. Distribuído pela Sony Pictures, o filme estreia no dia 8 de novembro nos cinemas.