Crítica

Crítica

Crítica: A Sombra de Stalin

4/2/2021

A Sombra de Stalin conta uma história real de uma investigação envolvente e com vários momentos de tensão, mas que não foge de uma fórmula já previsível de filmes sobre os grandes feitos do jornalismo.

escrito por
Luis Henrique Franco

A Sombra de Stalin conta uma história real de uma investigação envolvente e com vários momentos de tensão, mas que não foge de uma fórmula já previsível de filmes sobre os grandes feitos do jornalismo.

escrito por
Luis Henrique Franco
4/2/2021

Na década de 1930, o jornalista Gareth Jones (James Norton) viaja rumo à União Soviética buscando uma entrevista com Stálin. O que ele descobre lá, no entanto, é uma intrínseca rede de mentiras que encobre a situação real do país, longe de ser "a terra prometida dos trabalhadores" que a propaganda expõe.

A Sombra de Stalin possui uma boa trama. Misturando um drama biográfico com uma grande investigação jornalística, cria para si mesmo uma história cheia de suspense que se torna apreensiva para o público em diversos pontos, onde o protagonista não parece ter nenhuma saída visível. Baseado na história real do jornalista Gareth Jones, história essa que inspirou o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o filme acompanha a jornada do protagonista desde a sua chegada na Rússia e sua primeira exposição ao regime stalinista, passando pelas dificuldades de se conseguir falar com alguém e obter informações naquele país, nos perigos e riscos corridos diariamente para tentar encontrar a sua história.

James Norton mostra uma atuação excelente, criando um personagem cheio de princípios, mas extremamente ingênuo e, em certos momentos, incapaz de perceber o que acontece ao seu redor de maneira precisa, mas determinado a descobrir tudo o que puder sobre os segredos do regime stalinista. E essa determinação o leva para a Ucrânia e para as fazendas conjuntas que, de acordo com a propaganda, são a fonte de sustento de todo o governo soviético, um paraíso para os fazendeiros. O que ele descobre lá, no entanto, é uma situação de fome total, desespero e morte de milhões.

Além de Norton, Vanessa Kirby e Peter Sarsgaard completam um elenco cativante, mas sem muito de especial. Kirby interpreta Ada Brooks, uma escritora alemã que fugiu do regime hitlerista e acredita ter encontrado no União Soviética um lugar melhor para morar. Já Sarsgaard interpreta Walter Duranty, um notório jornalista do New York Times e vencedor do Pulitzer, decidido a fazer o que for preciso para continuar a trabalhar em Moscou. Ambas as atuações são convincentes, mas deixam um pouco a desejar no tocante a realmente expor seus personagens. Pode-se dizer que nenhum deles teve uma presença muito notória no filme, sempre ficando à sombra da performance de Norton.

No tratamento de seu tema, o filme é bem sucedido, mostrando todo o processo enfrentado pelos repórteres em Moscou, a censura do governo, a impossibilidade de locomoção para outros lugares, a perseguição e a violência do regime. Também é um filme extremamente forte nas denúncias que faz, chocando o público com a situação dos ucranianos sem apelar para uma violência barata, optando por menções sutis e alusões facilmente entendidas pelo público sem a necessidade de se tornar extremamente gráfico.

No que diz respeito ao roteiro e à direção, porém, o filme acaba caindo em um sem fim de lugares comuns que o tornam bastante previsível. Toda a sua narrativa é recheada de clichês que tornam a jornada que o protagonista tem por fazer extremamente reconhecível para o público, e em nenhum momento o filme busca fugir dessa zona de conforto. Essa previsibilidade é nociva principalmente nos momentos mais calmos e parados do longa, que poderiam ser momentos de profunda reflexão e angústia, caso não soubéssemos onde esses momentos irão desembocar no final da narrativa.

Cineasta de grande renome, Agnieszka Holland não apresenta uma direção muito inspirada, e suas cenas não fogem muito do convencional. Tudo isso faz com que um filme que tem muito a dizer acabe se tornando maçante e não se aprofunde tanto nas mensagens que traz quanto poderia.

A Sombra de Stalin é um filme biográfico sobre investigação jornalística e suas consequências que não se destaca entre os outros do gênero. Quando pensamos em como as grandes reportagens e o trabalho dos jornalistas já foi explorado por outros filmes anteriores, percebemos o quanto esse longa peca em profundidade e na capacidade de reflexão. O que não significa que seja de todo mal. Holland ainda é capaz de expor uma denúncia forte, que reflete sobre os problemas do populismo e da propaganda governamental extrema ao mesmo tempo em que faz um apelo para o tipo de intervenção que podemos fazer nesses cenários. Se houvesse dado a si mesmo tempo para se aprofundar mais nesses pontos, seria um filme realmente memorável.

O filme já está disponível no Brasil em VOD nos serviços de streaming do NOW, Apple TV, Google Play, Vivo Play, Sky Play, Looke e Microsoft Store.

botão de dar play no vídeo
A Sombra de Stalin

A Sombra de Stalin

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
saiba mais sobre o filme
saiba mais sobre a série

A Sombra de Stalin conta uma história real de uma investigação envolvente e com vários momentos de tensão, mas que não foge de uma fórmula já previsível de filmes sobre os grandes feitos do jornalismo.

crítica por
Luis Henrique Franco
4/2/2021

Na década de 1930, o jornalista Gareth Jones (James Norton) viaja rumo à União Soviética buscando uma entrevista com Stálin. O que ele descobre lá, no entanto, é uma intrínseca rede de mentiras que encobre a situação real do país, longe de ser "a terra prometida dos trabalhadores" que a propaganda expõe.

A Sombra de Stalin possui uma boa trama. Misturando um drama biográfico com uma grande investigação jornalística, cria para si mesmo uma história cheia de suspense que se torna apreensiva para o público em diversos pontos, onde o protagonista não parece ter nenhuma saída visível. Baseado na história real do jornalista Gareth Jones, história essa que inspirou o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o filme acompanha a jornada do protagonista desde a sua chegada na Rússia e sua primeira exposição ao regime stalinista, passando pelas dificuldades de se conseguir falar com alguém e obter informações naquele país, nos perigos e riscos corridos diariamente para tentar encontrar a sua história.

James Norton mostra uma atuação excelente, criando um personagem cheio de princípios, mas extremamente ingênuo e, em certos momentos, incapaz de perceber o que acontece ao seu redor de maneira precisa, mas determinado a descobrir tudo o que puder sobre os segredos do regime stalinista. E essa determinação o leva para a Ucrânia e para as fazendas conjuntas que, de acordo com a propaganda, são a fonte de sustento de todo o governo soviético, um paraíso para os fazendeiros. O que ele descobre lá, no entanto, é uma situação de fome total, desespero e morte de milhões.

Além de Norton, Vanessa Kirby e Peter Sarsgaard completam um elenco cativante, mas sem muito de especial. Kirby interpreta Ada Brooks, uma escritora alemã que fugiu do regime hitlerista e acredita ter encontrado no União Soviética um lugar melhor para morar. Já Sarsgaard interpreta Walter Duranty, um notório jornalista do New York Times e vencedor do Pulitzer, decidido a fazer o que for preciso para continuar a trabalhar em Moscou. Ambas as atuações são convincentes, mas deixam um pouco a desejar no tocante a realmente expor seus personagens. Pode-se dizer que nenhum deles teve uma presença muito notória no filme, sempre ficando à sombra da performance de Norton.

No tratamento de seu tema, o filme é bem sucedido, mostrando todo o processo enfrentado pelos repórteres em Moscou, a censura do governo, a impossibilidade de locomoção para outros lugares, a perseguição e a violência do regime. Também é um filme extremamente forte nas denúncias que faz, chocando o público com a situação dos ucranianos sem apelar para uma violência barata, optando por menções sutis e alusões facilmente entendidas pelo público sem a necessidade de se tornar extremamente gráfico.

No que diz respeito ao roteiro e à direção, porém, o filme acaba caindo em um sem fim de lugares comuns que o tornam bastante previsível. Toda a sua narrativa é recheada de clichês que tornam a jornada que o protagonista tem por fazer extremamente reconhecível para o público, e em nenhum momento o filme busca fugir dessa zona de conforto. Essa previsibilidade é nociva principalmente nos momentos mais calmos e parados do longa, que poderiam ser momentos de profunda reflexão e angústia, caso não soubéssemos onde esses momentos irão desembocar no final da narrativa.

Cineasta de grande renome, Agnieszka Holland não apresenta uma direção muito inspirada, e suas cenas não fogem muito do convencional. Tudo isso faz com que um filme que tem muito a dizer acabe se tornando maçante e não se aprofunde tanto nas mensagens que traz quanto poderia.

A Sombra de Stalin é um filme biográfico sobre investigação jornalística e suas consequências que não se destaca entre os outros do gênero. Quando pensamos em como as grandes reportagens e o trabalho dos jornalistas já foi explorado por outros filmes anteriores, percebemos o quanto esse longa peca em profundidade e na capacidade de reflexão. O que não significa que seja de todo mal. Holland ainda é capaz de expor uma denúncia forte, que reflete sobre os problemas do populismo e da propaganda governamental extrema ao mesmo tempo em que faz um apelo para o tipo de intervenção que podemos fazer nesses cenários. Se houvesse dado a si mesmo tempo para se aprofundar mais nesses pontos, seria um filme realmente memorável.

O filme já está disponível no Brasil em VOD nos serviços de streaming do NOW, Apple TV, Google Play, Vivo Play, Sky Play, Looke e Microsoft Store.

confira o trailer

Crítica

A Sombra de Stalin conta uma história real de uma investigação envolvente e com vários momentos de tensão, mas que não foge de uma fórmula já previsível de filmes sobre os grandes feitos do jornalismo.

escrito por
Luis Henrique Franco
4/2/2021
nascimento

A Sombra de Stalin conta uma história real de uma investigação envolvente e com vários momentos de tensão, mas que não foge de uma fórmula já previsível de filmes sobre os grandes feitos do jornalismo.

escrito por
Luis Henrique Franco
4/2/2021

Na década de 1930, o jornalista Gareth Jones (James Norton) viaja rumo à União Soviética buscando uma entrevista com Stálin. O que ele descobre lá, no entanto, é uma intrínseca rede de mentiras que encobre a situação real do país, longe de ser "a terra prometida dos trabalhadores" que a propaganda expõe.

A Sombra de Stalin possui uma boa trama. Misturando um drama biográfico com uma grande investigação jornalística, cria para si mesmo uma história cheia de suspense que se torna apreensiva para o público em diversos pontos, onde o protagonista não parece ter nenhuma saída visível. Baseado na história real do jornalista Gareth Jones, história essa que inspirou o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, o filme acompanha a jornada do protagonista desde a sua chegada na Rússia e sua primeira exposição ao regime stalinista, passando pelas dificuldades de se conseguir falar com alguém e obter informações naquele país, nos perigos e riscos corridos diariamente para tentar encontrar a sua história.

James Norton mostra uma atuação excelente, criando um personagem cheio de princípios, mas extremamente ingênuo e, em certos momentos, incapaz de perceber o que acontece ao seu redor de maneira precisa, mas determinado a descobrir tudo o que puder sobre os segredos do regime stalinista. E essa determinação o leva para a Ucrânia e para as fazendas conjuntas que, de acordo com a propaganda, são a fonte de sustento de todo o governo soviético, um paraíso para os fazendeiros. O que ele descobre lá, no entanto, é uma situação de fome total, desespero e morte de milhões.

Além de Norton, Vanessa Kirby e Peter Sarsgaard completam um elenco cativante, mas sem muito de especial. Kirby interpreta Ada Brooks, uma escritora alemã que fugiu do regime hitlerista e acredita ter encontrado no União Soviética um lugar melhor para morar. Já Sarsgaard interpreta Walter Duranty, um notório jornalista do New York Times e vencedor do Pulitzer, decidido a fazer o que for preciso para continuar a trabalhar em Moscou. Ambas as atuações são convincentes, mas deixam um pouco a desejar no tocante a realmente expor seus personagens. Pode-se dizer que nenhum deles teve uma presença muito notória no filme, sempre ficando à sombra da performance de Norton.

No tratamento de seu tema, o filme é bem sucedido, mostrando todo o processo enfrentado pelos repórteres em Moscou, a censura do governo, a impossibilidade de locomoção para outros lugares, a perseguição e a violência do regime. Também é um filme extremamente forte nas denúncias que faz, chocando o público com a situação dos ucranianos sem apelar para uma violência barata, optando por menções sutis e alusões facilmente entendidas pelo público sem a necessidade de se tornar extremamente gráfico.

No que diz respeito ao roteiro e à direção, porém, o filme acaba caindo em um sem fim de lugares comuns que o tornam bastante previsível. Toda a sua narrativa é recheada de clichês que tornam a jornada que o protagonista tem por fazer extremamente reconhecível para o público, e em nenhum momento o filme busca fugir dessa zona de conforto. Essa previsibilidade é nociva principalmente nos momentos mais calmos e parados do longa, que poderiam ser momentos de profunda reflexão e angústia, caso não soubéssemos onde esses momentos irão desembocar no final da narrativa.

Cineasta de grande renome, Agnieszka Holland não apresenta uma direção muito inspirada, e suas cenas não fogem muito do convencional. Tudo isso faz com que um filme que tem muito a dizer acabe se tornando maçante e não se aprofunde tanto nas mensagens que traz quanto poderia.

A Sombra de Stalin é um filme biográfico sobre investigação jornalística e suas consequências que não se destaca entre os outros do gênero. Quando pensamos em como as grandes reportagens e o trabalho dos jornalistas já foi explorado por outros filmes anteriores, percebemos o quanto esse longa peca em profundidade e na capacidade de reflexão. O que não significa que seja de todo mal. Holland ainda é capaz de expor uma denúncia forte, que reflete sobre os problemas do populismo e da propaganda governamental extrema ao mesmo tempo em que faz um apelo para o tipo de intervenção que podemos fazer nesses cenários. Se houvesse dado a si mesmo tempo para se aprofundar mais nesses pontos, seria um filme realmente memorável.

O filme já está disponível no Brasil em VOD nos serviços de streaming do NOW, Apple TV, Google Play, Vivo Play, Sky Play, Looke e Microsoft Store.

ARTIGOS relacionados

deixe seu comentário