À medida que nossa sociedade evolui e se moderniza, novos mecanismos e recursos para se contar histórias no cinema aparecem e tentam acompanhar a forma com a qual nós aprendemos a nos comunicar. Já vimos isso com o sucesso dos found footages, inaugurado pelo magnífico “Blair Witch Project (A Bruxa de Blair) - 1999” e que vem sendo usado e reutilizado por filmes de terror e suspense no mundo todo.
Atualmente, com o avanço de novas tecnologias e dos meios de comunicação, vivemos em uma época onde grande parte dos nossos diálogos já não são mais feitos em primeira pessoa, valorizando mais os chats e redes sociais do que conversas e encontros reais. Sendo assim, já era de se esperar que alguma novidade chegasse ao cinema e integrasse de maneira inteligente essa revolução tecnológica que vivemos.“Buscando (Searching)” traz em sua narrativa uma história relativamente simples: um pai desesperado que procura por sua filha desaparecida. Sim, já vimos isso várias vezes em diversos filmes, mas “Buscando” possui uma pequena astúcia: toda a trama é contada por meio de telas de computadores e smartphones.
Lançado no festival de Sundance de 2018, o filme chamou a atenção justamente por essa maneira inovadora de conduzir sua história, embora não tenha sido o primeiro à tê-lo feito. O fracasso de 2014, “Amizade Desfeita (Unfriended)” foi o primeiro filme a contar uma história que se passa completamente em uma tela de computador. Ainda sim, “Buscando” merece os méritos que recebeu pois é o primeiro a integrar a tecnologia e contar sua história dessa forma singular sem esquecer que roteiro e personagens também existem... Com isso, “Buscando” consegue não só inovar ao fazer algo extremamente ousado como também mantém sua promessa de entregar um inteligente thriller cheio de suspense e reviravoltas.O enredo gira em torno do pai viúvo David Kin (interpretado por John Cho) que se desespera quando descobre que sua filha de 16 anos, Margot, está desaparecida. Com a polícia fazendo toda a investigação de campo, David decide entrar no computador de Margot para procurar vestígios de seu paradeiro e acaba aprendendo que sua filha já não era a mesma há algum tempo.
Um outro grande destaque do filme vai para suas atuações, em especial a do protagonista John Cho, que realiza um trabalho incrível carregando quase todo o filme sozinho. E isso tudo sem esquecer que quase todo os momentos em que o vemos é através de webcams, aumentando ainda mais o nível de dificuldade para transmitir todas as emoções e indicações que ele deve passar e evocar ao público.
Contudo, sendo justo à técnica utilizada no filme de contar toda a história por meio de telas de computadores e celulares, existe um pequeno momento em que essa regra, criada pelo próprio filme, é sutilmente quebrada, o que nos deixa com a sensação de trapaça por parte dos criadores. Ainda sim, isso é apenas um pequeno detalhe que passará despercebido pela maior parte do público.Um outro ponto muito enriquecedor do filme são os easter eggs. Considerando a quantidade de informações que um simples screenshot de um computador pode ter, cada segundo de “Buscando” merece ser revisitado apenas pelo prazer de se notar todos seus detalhes escondidos. E sabendo disso, os criadores do filme, Aneesh Chaganty (roteirista e diretor) e Sev Ohanian (roteirista) decidiram esconder propositalmente um grande easter egg que aparece repetidamente no filme e revela uma outra história completamente diferente da que estamos presenciando na trama principal. Fique alerta!
Com uma trama inteligente e bem arquitetada e um formato totalmente inovador, “Buscando” é um filme que se consagra por ser um destaque em um gênero ainda bem novo e que será muito copiado e utilizado por filmes futuros.
“Buscando” estreou dia 06 de setembro nos cinemas.