Se você está procurando por um filme inovador, digno de premiações e que revolucione seu gênero, O Predador não é o filme para você. Extremamente preso à fórmula de sua franquia, o filme apresenta alguns pontos extremamente previsíveis e outros com uma dose de exagero além do esperado, com muitas de suas ideias sendo particularmente pouco críveis, e mesmo para os mais aficionados da ficção científica é difícil de se levar o filme a sério. Mas a verdade é que esse não é um filme sério, mas uma continuação despretensiosa de uma famosa franquia que busca ao máximo se manter viva nos dias de hoje.

Acompanhando o atirador de elite Quinn McKenna (Boyd Holbrook), que durante uma missão no México encontra-se com os destroços de uma nave alienígena e vê seus homens serem mortos pelo seu tripulante, um caçador perigoso que luta para proteger um segredo, a história traz de volta muitos aspectos queridos dos outros filmes da franquia, estabelecendo conexões sutis com as produções anteriores e criando novas abordagens para as temáticas abordadas desde o primeiro filme, de 1987. Além da história de McKenna, são também introduzidas também outras duas tramas: uma centrada na organização secreta do governo conhecida como Stargazer, liderada pelo excêntrico Traeger (Sterling K. Brown), um homem obcecado por encontrar esses seres extraterrestres que constantemente visitam nosso planeta; e uma que acompanha o filho de McKenna, Rory (Jacob Tremblay), que recebe os equipamentos alienígenas enviados por seu pai e é capaz de compreender um pouco aquilo que vê da tecnologia avançada, tornando-se um alvo para os caçadores alienígenas.
Com bons toques de ação e suspense e pontos de comédia ao longo da história, o filme segura bem sua trama e, apesar de não desenvolver seus personagens da melhor forma possível, consegue dar-lhes carisma e fazer com que o público se interesse e se importe com eles. Mantendo pai e filho como os pontos cruciais da história, dá-se também destaque para os soldados que acompanham Quinn, uma equipe de rejeitados, veteranos e loucos do exército (o que destoa muito das equipes dos outros filmes, que sempre traziam membros da elite das Forças Armadas), assim com a personagem de Olivia Munn, que tem seus momentos de brilho dentro da história e deixa de lado o papel de coadjuvante na história para assumir sua verdadeira importância ao lado dos soldados.

O Predador também mantém as cenas de ação explosiva de seus antecessores, bem como a violência das mortes, o que pode soar um pouco exagerado, mas condiz com o clima assumido pela trama em seus momentos de ação, quando os Predadores assumem seu papel de matadores profissionais, da mesma maneira como sempre os conhecemos. Ou seja. é um filme que se mantém fiel às suas raízes e, mesmo com pouca coisa que poderia ser chamada de nova ou inesperada, é capaz de divertir o público em geral, tanto os fãs da franquia quanto os que não a conhecem tão bem.
EVOLUIR DA MANEIRA CERTA
Nesse ponto, gostaria de introduzir uma opinião pessoal a respeito da chamada evolução dos monstros nas franquias. Em geral, com o intuito de se tentar algo novo, as sagas do cinema criam uma nova versão dos monstros tão conhecidos do público, só que muito mais evoluído e ameaçador. Foi o que fizeram em Alien: A Ressurreição, Jurassic World e muitos outros exemplos. O problema é: esses novos monstros servem só para espantar o público e introduzir um breve conceito de algo novo sem, contudo, fazê-lo de maneira eficiente.
O Predador também traz essa ideia de evolução, com um novo caçador extremamente maior e mais letal, armado até os dentes e quase invencível. Contudo, esse Mega Predador acaba por não ser um tiro no pé tão grande para o filme, principalmente pela maneira como a saga, desde o seu princípio, já trabalha a ideia da evolução dos Predadores. É dito no começo do filme que essas criaturas buscam os mais fortes entre todas as raças para caçar e se aperfeiçoar, e a presença de um caçador tão mais avançado comprova uma ideia que é trazida desde o princípio da saga.

Além dessa ideia de evolução dos caçadores, também é trazida uma teoria interessante para a evolução dos próprios humanos, e sobre como realmente as gerações futuras deveriam se desenvolver, abandonando a ideia antiga de que os mais aptos seriam, necessariamente, os mais fortes e mais capazes de se defender.
UM FINAL TRISTE PARA UM FILME INTERESSANTE

O Predador possui defeitos, alguns deles bem grandes, inclusive. Mas todos esses defeitos são compensados ou mesmo compreendidos pelo andamento da história, e portanto perdoados. Contudo, nada pode perdoar a cena final do filme, completamente destoante do restante da trama e que acaba não tendo nenhum sentido além de preparar uma possível sequência.
Todo o terceiro ato, na realidade, acaba alterando o ritmo do filme, mas, novamente, pode-se compreender a necessidade disso visto que tal filme demanda uma preparação para um conflito final. Os últimos minutos, porém, são um tiro no pé que cria um momento ex-machina para explicar o mistério que existe durante todo o filme e que, no final, apenas serve para, da mesma maneira como o fim de Alien vs. Predador 2, dizer que a humanidade está juntando equipamentos para ser capaz de enfrentar os alienígenas de maneira equilibrada. Um desperdício de uma boa questão trazida pelo filme (o que o primeiro Predador trazia consigo?), algo que, por tudo que o filme se propõe a abordar, poderia ter sido melhor trabalhado em filmes futuros, e não nos últimos minutos, de uma maneira apressada e estranha para todos.
O que torna tudo pior é que essa cena é tão inútil que o filme podia, literalmente, ter acabado na cena anterior a ela. Era simplesmente terminar ali, e aqueles que não quiserem sofrer com esse final podem muito bem sair da sala uns 5 minutos antes, e será como uma experiência completa. Literalmente, um final que atinge o cúmulo do desnecessário.
O Predador estreia dia 13 de setembro nos cinemas de todo o Brasil. Com classificação Indicativa para maiores de 18 anos, o filme pode, de acordo com a nova portaria do Ministério da Justiça, ser assistido por adolescentes a partir dos 16 anos, desde que esses estejam acompanhados ou autorizados pelos pais ou responsáveis.