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Crítica

Crítica

Querido Menino: Magnificamente Lindo

13/2/2019

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível.

escrito por
Luis Henrique Franco

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível.

escrito por
Luis Henrique Franco
13/2/2019

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível sobre consumo e vício em drogas. A história real de Nic e sua luta para se livrar da metanfetamina e de muitas outras substâncias que consumiu em sua adolescência toca o público pela maneira ao mesmo tempo feroz e delicada com que aborda o tema, nos fazendo sentir na pele tanto as questões envolvendo o rapaz quanto as que dizem respeito a seu pai.

O filme começa com David Sheff (Steve Carrell) consultando um médico e nos informando que seu filho é um viciado em metanfetamina. Uma clássica exposição antes do filme começar, para logo depois nos transportar para um ano antes, quando o problema realmente começou a se tornar mais aparente. A partir desse ponto, vamos acompanhando o dia-a-dia de um pai que tenta entender seu filho e faz de tudo para ajuda-lo com seu problema, mas que é incapaz de reconhecer o menino que ele criou com tanto amor ao longo dos anos. Em certo ponto da história, somos apresentados à perspectiva de Nic (Timothee Chalamet), um rapaz cheio de angústias e inseguranças que começa a experimentar drogas e a usá-las cada vez mais até se tornar um viciado agressivo e sem controle.

Através de um enredo que conecta o drama presente com lembranças do passado, a relação entre David e Nic é construída e desconstruída, moldada e devastada através dos eventos do filme. Sentimos a dor do pai que seu filho cada vez mais afundado em um problema para o qual não parece haver saída, simpatizamos com a dor mostrada à medida que todas as possíveis soluções se mostram infrutíferas, aumentando o desespero do pai. Ao mesmo tempo, percebemos um lado um pouco possessivo de sua parte, que explode com facilidade em momentos quando as coisas não saem como o esperado e que busca sempre ter tudo bem firme na palma da sua mão, não importando o quanto suas tentativas fracassem.

Nic também é um personagem dividido no filme, nos fazendo sentir raiva e empatia ao mesmo tempo. Empatia por realmente conseguirmos sentir uma situação desespero crescente de seu personagem, muito disso causado pelo consumo das drogas, e raiva pelas saídas absurdas que ele busca para seus problemas, mentindo para aqueles que mais o amam e se irritando mais com a ajuda fornecida, buscando na metanfetamina um alívio para uma situação doméstica da qual ele não parece querer sair, mesmo sendo o principal motivo das suas reclamações.

Carrell e Chalamet possuem uma dinâmica indescritível dentro do filme, e uma química que nos faz acreditar realmente na sua relação como pai e filho. A princípio, Carrell demora um pouco para mostrar todo o seu lado mais dramático no filme, mas é capaz de construir bem o personagem de David e se manter nele com esplendor, enquanto Chalamet novamente surpreende em um papel marcante, completamente diferente daquele que o tornou famoso em Me Chame Pelo Seu Nome. Agora, no lugar de um personagem mais quieto e introspectivo, temos uma atuação muito mais externa, capaz de ser explosiva quando precisa e, ao mesmo tempo, melancólica.

Maura Tierney ganha destaque como a nova esposa de David, com quem ele cria seus filhos e que tenta ajuda-lo a superar os problemas de Nic. E mesmo Amy Ryan, que vive um papel secundário e um pouco subaproveitado como a mãe divorciada de Nic, consegue espaço para uma interpretação bastante emotiva e que carrega muito da preocupação de uma mãe que está constantemente longe de seus filhos e não consegue estar sempre presente nos momentos de maior tormento.

Através das cenas do passado, vemos a evolução da relação familiar e criamos a imagem de uma família amorosa, um pai carinhoso e um filho inteligente e apaixonado por descobrir coisas novas. Ao mesmo tempo, o choque das cenas do presente mostra o efeito que o vício causa em toda a família e a destruição não apenas desse ambiente carinhoso, mas também da confiança criada entre os dois personagens. Uma mensagem tocante e forte sobre uma questão que, de acordo com o próprio filme, ainda não tem a atenção devida para ser resolvida.

UM RECADINHO À ACADEMIA

Essa parte é um desabafo pessoal contra a Academia de Hollywood. Querido Menino é um filme extremamente forte como poucos que já vimos, capaz de abordar o drama e a violência de uma situação terrível com enorme profundidade. Sendo assim, eu realmente espero que a Academia tenha deixado as indicações ao Oscar desse filme para o ano que vem, porque realmente é um absurdo que tal longa não tenha recebido nenhuma indicação sequer esse ano.

Falo principalmente pela categoria de atores. Carrell e Chalamet brilham em seus papéis e fornecem atuações extremamente consistentes, sentimentais e completas para seus personagens. É realmente inacreditável que tais atuações não tenham recebido indicações a Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, considerando que elas são inclusive melhores do que algumas que foram indicadas a esses prêmios esse ano, na minha opinião.

Deixar esse filme passar não seria exatamente uma surpresa, visto que ele não é o único na história do Oscar, mas seria incrivelmente decepcionante que nenhum dos atores, nem o filme, recebessem uma indicação pelo maravilhoso trabalho que foi feito.

Querido Menino estreia no Brasil dia 14 de fevereiro.

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível.

crítica por
Luis Henrique Franco
13/2/2019

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível sobre consumo e vício em drogas. A história real de Nic e sua luta para se livrar da metanfetamina e de muitas outras substâncias que consumiu em sua adolescência toca o público pela maneira ao mesmo tempo feroz e delicada com que aborda o tema, nos fazendo sentir na pele tanto as questões envolvendo o rapaz quanto as que dizem respeito a seu pai.

O filme começa com David Sheff (Steve Carrell) consultando um médico e nos informando que seu filho é um viciado em metanfetamina. Uma clássica exposição antes do filme começar, para logo depois nos transportar para um ano antes, quando o problema realmente começou a se tornar mais aparente. A partir desse ponto, vamos acompanhando o dia-a-dia de um pai que tenta entender seu filho e faz de tudo para ajuda-lo com seu problema, mas que é incapaz de reconhecer o menino que ele criou com tanto amor ao longo dos anos. Em certo ponto da história, somos apresentados à perspectiva de Nic (Timothee Chalamet), um rapaz cheio de angústias e inseguranças que começa a experimentar drogas e a usá-las cada vez mais até se tornar um viciado agressivo e sem controle.

Através de um enredo que conecta o drama presente com lembranças do passado, a relação entre David e Nic é construída e desconstruída, moldada e devastada através dos eventos do filme. Sentimos a dor do pai que seu filho cada vez mais afundado em um problema para o qual não parece haver saída, simpatizamos com a dor mostrada à medida que todas as possíveis soluções se mostram infrutíferas, aumentando o desespero do pai. Ao mesmo tempo, percebemos um lado um pouco possessivo de sua parte, que explode com facilidade em momentos quando as coisas não saem como o esperado e que busca sempre ter tudo bem firme na palma da sua mão, não importando o quanto suas tentativas fracassem.

Nic também é um personagem dividido no filme, nos fazendo sentir raiva e empatia ao mesmo tempo. Empatia por realmente conseguirmos sentir uma situação desespero crescente de seu personagem, muito disso causado pelo consumo das drogas, e raiva pelas saídas absurdas que ele busca para seus problemas, mentindo para aqueles que mais o amam e se irritando mais com a ajuda fornecida, buscando na metanfetamina um alívio para uma situação doméstica da qual ele não parece querer sair, mesmo sendo o principal motivo das suas reclamações.

Carrell e Chalamet possuem uma dinâmica indescritível dentro do filme, e uma química que nos faz acreditar realmente na sua relação como pai e filho. A princípio, Carrell demora um pouco para mostrar todo o seu lado mais dramático no filme, mas é capaz de construir bem o personagem de David e se manter nele com esplendor, enquanto Chalamet novamente surpreende em um papel marcante, completamente diferente daquele que o tornou famoso em Me Chame Pelo Seu Nome. Agora, no lugar de um personagem mais quieto e introspectivo, temos uma atuação muito mais externa, capaz de ser explosiva quando precisa e, ao mesmo tempo, melancólica.

Maura Tierney ganha destaque como a nova esposa de David, com quem ele cria seus filhos e que tenta ajuda-lo a superar os problemas de Nic. E mesmo Amy Ryan, que vive um papel secundário e um pouco subaproveitado como a mãe divorciada de Nic, consegue espaço para uma interpretação bastante emotiva e que carrega muito da preocupação de uma mãe que está constantemente longe de seus filhos e não consegue estar sempre presente nos momentos de maior tormento.

Através das cenas do passado, vemos a evolução da relação familiar e criamos a imagem de uma família amorosa, um pai carinhoso e um filho inteligente e apaixonado por descobrir coisas novas. Ao mesmo tempo, o choque das cenas do presente mostra o efeito que o vício causa em toda a família e a destruição não apenas desse ambiente carinhoso, mas também da confiança criada entre os dois personagens. Uma mensagem tocante e forte sobre uma questão que, de acordo com o próprio filme, ainda não tem a atenção devida para ser resolvida.

UM RECADINHO À ACADEMIA

Essa parte é um desabafo pessoal contra a Academia de Hollywood. Querido Menino é um filme extremamente forte como poucos que já vimos, capaz de abordar o drama e a violência de uma situação terrível com enorme profundidade. Sendo assim, eu realmente espero que a Academia tenha deixado as indicações ao Oscar desse filme para o ano que vem, porque realmente é um absurdo que tal longa não tenha recebido nenhuma indicação sequer esse ano.

Falo principalmente pela categoria de atores. Carrell e Chalamet brilham em seus papéis e fornecem atuações extremamente consistentes, sentimentais e completas para seus personagens. É realmente inacreditável que tais atuações não tenham recebido indicações a Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, considerando que elas são inclusive melhores do que algumas que foram indicadas a esses prêmios esse ano, na minha opinião.

Deixar esse filme passar não seria exatamente uma surpresa, visto que ele não é o único na história do Oscar, mas seria incrivelmente decepcionante que nenhum dos atores, nem o filme, recebessem uma indicação pelo maravilhoso trabalho que foi feito.

Querido Menino estreia no Brasil dia 14 de fevereiro.

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Crítica

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível.

escrito por
Luis Henrique Franco
13/2/2019
nascimento

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível.

escrito por
Luis Henrique Franco
13/2/2019

Baseado em dois livros, escritos um por David Sheff e outro por Nic Sheff, Querido Menino adapta a história real que envolveu pai e filho em um drama terrível sobre consumo e vício em drogas. A história real de Nic e sua luta para se livrar da metanfetamina e de muitas outras substâncias que consumiu em sua adolescência toca o público pela maneira ao mesmo tempo feroz e delicada com que aborda o tema, nos fazendo sentir na pele tanto as questões envolvendo o rapaz quanto as que dizem respeito a seu pai.

O filme começa com David Sheff (Steve Carrell) consultando um médico e nos informando que seu filho é um viciado em metanfetamina. Uma clássica exposição antes do filme começar, para logo depois nos transportar para um ano antes, quando o problema realmente começou a se tornar mais aparente. A partir desse ponto, vamos acompanhando o dia-a-dia de um pai que tenta entender seu filho e faz de tudo para ajuda-lo com seu problema, mas que é incapaz de reconhecer o menino que ele criou com tanto amor ao longo dos anos. Em certo ponto da história, somos apresentados à perspectiva de Nic (Timothee Chalamet), um rapaz cheio de angústias e inseguranças que começa a experimentar drogas e a usá-las cada vez mais até se tornar um viciado agressivo e sem controle.

Através de um enredo que conecta o drama presente com lembranças do passado, a relação entre David e Nic é construída e desconstruída, moldada e devastada através dos eventos do filme. Sentimos a dor do pai que seu filho cada vez mais afundado em um problema para o qual não parece haver saída, simpatizamos com a dor mostrada à medida que todas as possíveis soluções se mostram infrutíferas, aumentando o desespero do pai. Ao mesmo tempo, percebemos um lado um pouco possessivo de sua parte, que explode com facilidade em momentos quando as coisas não saem como o esperado e que busca sempre ter tudo bem firme na palma da sua mão, não importando o quanto suas tentativas fracassem.

Nic também é um personagem dividido no filme, nos fazendo sentir raiva e empatia ao mesmo tempo. Empatia por realmente conseguirmos sentir uma situação desespero crescente de seu personagem, muito disso causado pelo consumo das drogas, e raiva pelas saídas absurdas que ele busca para seus problemas, mentindo para aqueles que mais o amam e se irritando mais com a ajuda fornecida, buscando na metanfetamina um alívio para uma situação doméstica da qual ele não parece querer sair, mesmo sendo o principal motivo das suas reclamações.

Carrell e Chalamet possuem uma dinâmica indescritível dentro do filme, e uma química que nos faz acreditar realmente na sua relação como pai e filho. A princípio, Carrell demora um pouco para mostrar todo o seu lado mais dramático no filme, mas é capaz de construir bem o personagem de David e se manter nele com esplendor, enquanto Chalamet novamente surpreende em um papel marcante, completamente diferente daquele que o tornou famoso em Me Chame Pelo Seu Nome. Agora, no lugar de um personagem mais quieto e introspectivo, temos uma atuação muito mais externa, capaz de ser explosiva quando precisa e, ao mesmo tempo, melancólica.

Maura Tierney ganha destaque como a nova esposa de David, com quem ele cria seus filhos e que tenta ajuda-lo a superar os problemas de Nic. E mesmo Amy Ryan, que vive um papel secundário e um pouco subaproveitado como a mãe divorciada de Nic, consegue espaço para uma interpretação bastante emotiva e que carrega muito da preocupação de uma mãe que está constantemente longe de seus filhos e não consegue estar sempre presente nos momentos de maior tormento.

Através das cenas do passado, vemos a evolução da relação familiar e criamos a imagem de uma família amorosa, um pai carinhoso e um filho inteligente e apaixonado por descobrir coisas novas. Ao mesmo tempo, o choque das cenas do presente mostra o efeito que o vício causa em toda a família e a destruição não apenas desse ambiente carinhoso, mas também da confiança criada entre os dois personagens. Uma mensagem tocante e forte sobre uma questão que, de acordo com o próprio filme, ainda não tem a atenção devida para ser resolvida.

UM RECADINHO À ACADEMIA

Essa parte é um desabafo pessoal contra a Academia de Hollywood. Querido Menino é um filme extremamente forte como poucos que já vimos, capaz de abordar o drama e a violência de uma situação terrível com enorme profundidade. Sendo assim, eu realmente espero que a Academia tenha deixado as indicações ao Oscar desse filme para o ano que vem, porque realmente é um absurdo que tal longa não tenha recebido nenhuma indicação sequer esse ano.

Falo principalmente pela categoria de atores. Carrell e Chalamet brilham em seus papéis e fornecem atuações extremamente consistentes, sentimentais e completas para seus personagens. É realmente inacreditável que tais atuações não tenham recebido indicações a Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, considerando que elas são inclusive melhores do que algumas que foram indicadas a esses prêmios esse ano, na minha opinião.

Deixar esse filme passar não seria exatamente uma surpresa, visto que ele não é o único na história do Oscar, mas seria incrivelmente decepcionante que nenhum dos atores, nem o filme, recebessem uma indicação pelo maravilhoso trabalho que foi feito.

Querido Menino estreia no Brasil dia 14 de fevereiro.

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