Crítica

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Selva Trágica: quando sobrenatural e suspense se unem na medida certa

14/6/2021

Selva Trágica une sobrenatural e suspense de uma forma a construir uma grande história de mistério e misticismo que não sabota a si mesma com exageros desnecessários.

escrito por
Luis Henrique Franco

Selva Trágica une sobrenatural e suspense de uma forma a construir uma grande história de mistério e misticismo que não sabota a si mesma com exageros desnecessários.

escrito por
Luis Henrique Franco
14/6/2021

Tentando fugir de um casamento forçado, Agnes (Indira Rubie Andrewin) se embrenha na antiga mata maia da divisa entre México e Belize, onde se encontra com um grupo de extratores de chicle liderados por Ausêncio (Gilberto Barraza). Tentando deixar aquela floresta onde sobrenatural e realidade se tocam, o grupo logo descobre que não está sozinho naquele lugar.

Gilberto Barraza como Ausêncio, em cena de Selva Trágica.

Abordando questões de mitologia local e um toque de realismo mágico, Selva Trágica não é um filme para qualquer um. Com um ritmo lento e um começo que escorrega em alguns pontos, o filme demora para cativar seu público. Quando se dedica a explorar sua temática mais profundamente, porém, a trama se torna uma cativante história que aborda desde mitos e lendas até questões de imperialismo e cobiça.

Agnes cuida de um extrator adoecido em cena de Selva Trágica.

A partir do momento em que Agnes encontra o grupo de extratores, a história foca no relacionamento estranho que eles desenvolvem. Incialmente bastante unidos, os extratores logo começam a divergir entre si e a perderem o foco de suas ações conforme o desejo por Agnes cresce em cada um deles. Inicialmente concentrados e capazes de passar longos tempos na selva sem nenhum problema, o grupo logo começa a enfrentar problemas sérios e fatais causados pela falta de atenção. Quase como se uma força sobrenatural agisse sobre eles.

Cena de Selva Trágica, em que Agnes é encontrada por um dos extratores.

Mas Selva Trágica é um filme inteligente. Ao invés de admitir logo de início seu lado sobrenatural, ele opta por flertar com essa possibilidade, mas não coloca todas as suas explicações nisso. Boa parte dos acontecimentos trágicos do filme podem ser explicados pelo desejo incontrolável dos homens pela mulher que acabaram de encontrar e a cobiça de obter uma grana fácil a partir do contrabando de uma enorme quantidade de chicle encontrado em um campo de extração inglês. São esses desejos que os levam a tomar decisões precipitadas e questionáveis e a se colocar um contra o outro em vários momentos da trama.

Mariano Xun Tool como um dos extratores de Selva Trágica, em cena que mostra o processo de extração de chicle.

Ao mesmo tempo, o filme não nega por completo a possibilidade do sobrenatural. Com uma narração em off, nos é contada uma lenda maia antiga sobre La Xtabay, uma entidade da floresta que usa de sua beleza incomparável para seduzir os homens e os leva para sua morte. Parte dessa lenda também se une com o tema da árvore Ceiba, de onde os extratores tiram o chicle que vendem. Unindo esses diversos fatores, Selva Trágica estabelece seu preceito mitológico e a possibilidade de uma explicação sobrenatural.

É o fato de não confirmar essa explicação logo de cara que faz com que a trama desenvolva um suspense muito maior, constituindo um dos maiores acertos do longa. Seriam os acontecimentos trágicos resultado de alucinações, da cobiça e do desejo dos homens do grupo, astutamente explorados por Agnes para obter uma posição de vantagem sobre eles? Ou seriam fruto de uma força mais poderosa, agindo sobre o grupo para aniquilá-los um por um? A falta de uma resposta imediata coloca o espectador em um estado de ansiedade à espera de uma comprovação, mas o filme não se sabota, mantendo a situação toda como um grande mistério até o final e evitando, assim, exageros desnecessários para qualquer um dos lados que comprometeriam o filme.

Indira Rubie Andrewin e Gabino Rodríguez em cena do filme Selva Trágica, em meio à mata da América Latina.

Selva Trágica é um filme que não cativa logo de início, mas que sabe construir sua narrativa de forma a se manter interessante durante a sua extensão, mesmo com um ritmo mais lento. Com uma fotografia exuberante, o filme usa da floresta latino-americana para criar uma sensação de beleza e de insegurança, com os diversos ruídos criando um sentimento de naturalidade e de suspeita ao mesmo tempo. Seu suspense é algo único no gênero, tornando o filme uma experiência muito bem-vinda para aqueles que almejam fugir do estilo já um tanto repetitivo do cinema estadunidense.

Para os interessados, Selva Trágica estreou dia 9 de junho e já está disponível na Netflix.

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Selva Trágica

Selva Trágica

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Selva Trágica une sobrenatural e suspense de uma forma a construir uma grande história de mistério e misticismo que não sabota a si mesma com exageros desnecessários.

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Luis Henrique Franco
14/6/2021

Tentando fugir de um casamento forçado, Agnes (Indira Rubie Andrewin) se embrenha na antiga mata maia da divisa entre México e Belize, onde se encontra com um grupo de extratores de chicle liderados por Ausêncio (Gilberto Barraza). Tentando deixar aquela floresta onde sobrenatural e realidade se tocam, o grupo logo descobre que não está sozinho naquele lugar.

Gilberto Barraza como Ausêncio, em cena de Selva Trágica.

Abordando questões de mitologia local e um toque de realismo mágico, Selva Trágica não é um filme para qualquer um. Com um ritmo lento e um começo que escorrega em alguns pontos, o filme demora para cativar seu público. Quando se dedica a explorar sua temática mais profundamente, porém, a trama se torna uma cativante história que aborda desde mitos e lendas até questões de imperialismo e cobiça.

Agnes cuida de um extrator adoecido em cena de Selva Trágica.

A partir do momento em que Agnes encontra o grupo de extratores, a história foca no relacionamento estranho que eles desenvolvem. Incialmente bastante unidos, os extratores logo começam a divergir entre si e a perderem o foco de suas ações conforme o desejo por Agnes cresce em cada um deles. Inicialmente concentrados e capazes de passar longos tempos na selva sem nenhum problema, o grupo logo começa a enfrentar problemas sérios e fatais causados pela falta de atenção. Quase como se uma força sobrenatural agisse sobre eles.

Cena de Selva Trágica, em que Agnes é encontrada por um dos extratores.

Mas Selva Trágica é um filme inteligente. Ao invés de admitir logo de início seu lado sobrenatural, ele opta por flertar com essa possibilidade, mas não coloca todas as suas explicações nisso. Boa parte dos acontecimentos trágicos do filme podem ser explicados pelo desejo incontrolável dos homens pela mulher que acabaram de encontrar e a cobiça de obter uma grana fácil a partir do contrabando de uma enorme quantidade de chicle encontrado em um campo de extração inglês. São esses desejos que os levam a tomar decisões precipitadas e questionáveis e a se colocar um contra o outro em vários momentos da trama.

Mariano Xun Tool como um dos extratores de Selva Trágica, em cena que mostra o processo de extração de chicle.

Ao mesmo tempo, o filme não nega por completo a possibilidade do sobrenatural. Com uma narração em off, nos é contada uma lenda maia antiga sobre La Xtabay, uma entidade da floresta que usa de sua beleza incomparável para seduzir os homens e os leva para sua morte. Parte dessa lenda também se une com o tema da árvore Ceiba, de onde os extratores tiram o chicle que vendem. Unindo esses diversos fatores, Selva Trágica estabelece seu preceito mitológico e a possibilidade de uma explicação sobrenatural.

É o fato de não confirmar essa explicação logo de cara que faz com que a trama desenvolva um suspense muito maior, constituindo um dos maiores acertos do longa. Seriam os acontecimentos trágicos resultado de alucinações, da cobiça e do desejo dos homens do grupo, astutamente explorados por Agnes para obter uma posição de vantagem sobre eles? Ou seriam fruto de uma força mais poderosa, agindo sobre o grupo para aniquilá-los um por um? A falta de uma resposta imediata coloca o espectador em um estado de ansiedade à espera de uma comprovação, mas o filme não se sabota, mantendo a situação toda como um grande mistério até o final e evitando, assim, exageros desnecessários para qualquer um dos lados que comprometeriam o filme.

Indira Rubie Andrewin e Gabino Rodríguez em cena do filme Selva Trágica, em meio à mata da América Latina.

Selva Trágica é um filme que não cativa logo de início, mas que sabe construir sua narrativa de forma a se manter interessante durante a sua extensão, mesmo com um ritmo mais lento. Com uma fotografia exuberante, o filme usa da floresta latino-americana para criar uma sensação de beleza e de insegurança, com os diversos ruídos criando um sentimento de naturalidade e de suspeita ao mesmo tempo. Seu suspense é algo único no gênero, tornando o filme uma experiência muito bem-vinda para aqueles que almejam fugir do estilo já um tanto repetitivo do cinema estadunidense.

Para os interessados, Selva Trágica estreou dia 9 de junho e já está disponível na Netflix.

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Selva Trágica une sobrenatural e suspense de uma forma a construir uma grande história de mistério e misticismo que não sabota a si mesma com exageros desnecessários.

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Luis Henrique Franco
14/6/2021
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Selva Trágica une sobrenatural e suspense de uma forma a construir uma grande história de mistério e misticismo que não sabota a si mesma com exageros desnecessários.

escrito por
Luis Henrique Franco
14/6/2021

Tentando fugir de um casamento forçado, Agnes (Indira Rubie Andrewin) se embrenha na antiga mata maia da divisa entre México e Belize, onde se encontra com um grupo de extratores de chicle liderados por Ausêncio (Gilberto Barraza). Tentando deixar aquela floresta onde sobrenatural e realidade se tocam, o grupo logo descobre que não está sozinho naquele lugar.

Gilberto Barraza como Ausêncio, em cena de Selva Trágica.

Abordando questões de mitologia local e um toque de realismo mágico, Selva Trágica não é um filme para qualquer um. Com um ritmo lento e um começo que escorrega em alguns pontos, o filme demora para cativar seu público. Quando se dedica a explorar sua temática mais profundamente, porém, a trama se torna uma cativante história que aborda desde mitos e lendas até questões de imperialismo e cobiça.

Agnes cuida de um extrator adoecido em cena de Selva Trágica.

A partir do momento em que Agnes encontra o grupo de extratores, a história foca no relacionamento estranho que eles desenvolvem. Incialmente bastante unidos, os extratores logo começam a divergir entre si e a perderem o foco de suas ações conforme o desejo por Agnes cresce em cada um deles. Inicialmente concentrados e capazes de passar longos tempos na selva sem nenhum problema, o grupo logo começa a enfrentar problemas sérios e fatais causados pela falta de atenção. Quase como se uma força sobrenatural agisse sobre eles.

Cena de Selva Trágica, em que Agnes é encontrada por um dos extratores.

Mas Selva Trágica é um filme inteligente. Ao invés de admitir logo de início seu lado sobrenatural, ele opta por flertar com essa possibilidade, mas não coloca todas as suas explicações nisso. Boa parte dos acontecimentos trágicos do filme podem ser explicados pelo desejo incontrolável dos homens pela mulher que acabaram de encontrar e a cobiça de obter uma grana fácil a partir do contrabando de uma enorme quantidade de chicle encontrado em um campo de extração inglês. São esses desejos que os levam a tomar decisões precipitadas e questionáveis e a se colocar um contra o outro em vários momentos da trama.

Mariano Xun Tool como um dos extratores de Selva Trágica, em cena que mostra o processo de extração de chicle.

Ao mesmo tempo, o filme não nega por completo a possibilidade do sobrenatural. Com uma narração em off, nos é contada uma lenda maia antiga sobre La Xtabay, uma entidade da floresta que usa de sua beleza incomparável para seduzir os homens e os leva para sua morte. Parte dessa lenda também se une com o tema da árvore Ceiba, de onde os extratores tiram o chicle que vendem. Unindo esses diversos fatores, Selva Trágica estabelece seu preceito mitológico e a possibilidade de uma explicação sobrenatural.

É o fato de não confirmar essa explicação logo de cara que faz com que a trama desenvolva um suspense muito maior, constituindo um dos maiores acertos do longa. Seriam os acontecimentos trágicos resultado de alucinações, da cobiça e do desejo dos homens do grupo, astutamente explorados por Agnes para obter uma posição de vantagem sobre eles? Ou seriam fruto de uma força mais poderosa, agindo sobre o grupo para aniquilá-los um por um? A falta de uma resposta imediata coloca o espectador em um estado de ansiedade à espera de uma comprovação, mas o filme não se sabota, mantendo a situação toda como um grande mistério até o final e evitando, assim, exageros desnecessários para qualquer um dos lados que comprometeriam o filme.

Indira Rubie Andrewin e Gabino Rodríguez em cena do filme Selva Trágica, em meio à mata da América Latina.

Selva Trágica é um filme que não cativa logo de início, mas que sabe construir sua narrativa de forma a se manter interessante durante a sua extensão, mesmo com um ritmo mais lento. Com uma fotografia exuberante, o filme usa da floresta latino-americana para criar uma sensação de beleza e de insegurança, com os diversos ruídos criando um sentimento de naturalidade e de suspeita ao mesmo tempo. Seu suspense é algo único no gênero, tornando o filme uma experiência muito bem-vinda para aqueles que almejam fugir do estilo já um tanto repetitivo do cinema estadunidense.

Para os interessados, Selva Trágica estreou dia 9 de junho e já está disponível na Netflix.

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