Eddie Brock (Tom Hardy) é um empenhado, porém arrogante, repórter investigativo que, ao tentar desvendar os segredos de uma empresa de pesquisa biológica, acaba por encontrar-se com uma criatura faminta e com um poder inigualável, que domina o seu corpo e o convence a usá-lo a seu favor.
Estamos em um momento da história do cinema onde os filmes de super-heróis atingiram um ápice considerável e já apresentam uma qualidade muito alta para satisfazer seus inúmeros fãs. Infelizmente, mesmo as melhores sequências tem seus momentos ruins, e Venom definitivamente é um desses. Muito além de se valer de uma fórmula que apenas repete conceitos já imensamente utilizados e não oferece nada de novo, a própria narrativa do filme é chata e demora para se desenvolver, acrescentando um tom melodramático demais na primeira parte do filme. Na sua segunda e terceira parte, a ação se desenvolve mais, e podemos ver um pouco das lutas e do herói que fomos lá para ver, mas tais cenas não compensam o restante da narrativa, as lutas acabam apelando muito mais para o CGI do que para algo realmente excitante e bem montado.
Tom Hardy é, pelo menos, uma boa adição ao filme, conseguindo incorporar bem o papel de Eddie e mostrar todo o seu sofrimento, sua irreverência, seu sarcasmo e seu pânico diante da criatura com a qual é forçado a conviver. Suas cenas compensam um pouco a personagem de Michelle Williams, que perde muito por não ser explorada de uma maneira mais incisiva e acaba recaindo demais para ser apenas um interesse amoroso do protagonista, e de Riz Ahmed, um vilão bem pouco interessante e que basicamente se fundamenta em ideias extremamente ultrapassadas, como a questão de cometer algo terrível “pelo bem da humanidade”, querer apenas “ver o progresso dos seres humanos”, etc.
O próprio Venom também destoa muito do esperado. Justamente pela demora do filme em se assentar e desenvolver sua trama, o anti-herói demora muito para propriamente aparecer em cena, e apesar de sua interação com Eddie Brock ser um ponto do filme que diverte bastante a audiência, é também o motivo para a principal condenação do mesmo, visto que, em determinado ponto da trama, o Venom agressivo e faminto por carne humana, cujo único interesse era usar Eddie em benefício próprio, torna-se bonzinho e disposto a ajudar os humanos porque simpatizou com seu hospedeiro. Uma coisa muito semelhante ao ocorrido no final de Esquadrão Suicida, e nós nos lembramos de como aquilo terminou. Acima de tudo, é uma decepção maior pelo fato de o filme ter se vendido o tempo todo pela frase "o mundo já tem super-heróis demais".
Venom passa longe de ser o pior filme de super-heróis já feito, também está longe de figurar entre os melhores ou mesmo entre os bons. Novamente, promete-se algo que não se entrega, forçando uma questão dramática demais e uma relação entre humano e simbionte que expõe muito pouco uma luta por controle entre os dois e acaba caindo em um relacionamento de camaradagem extremamente forçado e incoerente. Uma grande decepção, aumentada pelo fato de ter sido lançado em um ano cheio de grandes estreias entre os super-heróis, como Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita.
Venom tem distribuição pela Sony Pictures e chega aos cinemas no dia 4 de outubro.