Crítica

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Gavião Arqueiro: o último protagonista da primeira geração dos Vingadores

24/11/2021

Os primeiros episódios de Gavião Arqueiro já estão disponíveis, dando ao último dos seis Vingadores originais do cinema o seu aguardado protagonismo. Mas será que essa espera valeu a pena mesmo?

escrito por
Luis Henrique Franco

Os primeiros episódios de Gavião Arqueiro já estão disponíveis, dando ao último dos seis Vingadores originais do cinema o seu aguardado protagonismo. Mas será que essa espera valeu a pena mesmo?

escrito por
Luis Henrique Franco
24/11/2021

Chegamos a um ponto do Universo Cinematográfico Marvel em que ele parece se autossustentar seu próprio crescimento. Não importa o quão questionáveis suas produções pareçam, elas continuam surgindo. E o mais interessante é que, mesmo diante das piores produções, os fãs que acompanham essa saga desde o começo parecem encontrar algo positivo para defender. E assim, o ciclo da Marvel continua, infinito e imparável.

E é por causa desse ciclo que chegamos a Gavião Arqueiro, a nova série do Disney+ que acompanha as aventuras finais de Clint Barton (Jeremy Renner) no traje do herói e sua passagem para uma nova heroína, Kate Bishop (Hailee Steinfeld). E, mais uma vez, a Marvel nos entrega algo questionável e um grande divisor de público. Por um lado, era evidente que uma produção voltada para o personagem deveria acontecer. De todos os seis Vingadores originais, ele era o único que não possuía uma produção própria, na qual ele seria o protagonista. Junte isso ao fato de que, por algum motivo, ele possui um grande número de fãs, e temos uma desculpa para a produção de uma série para o herói e sua sucessora no MCU.

Os personagens Clint Barton e Kate Bishop conversam nas ruas de Nova York em 'Gavião Arqueiro'.

Na trama, já afetada pelo espírito natalino, acompanhamos Clint enquanto ele sai da sua aposentadoria para investigar acontecimentos estranhos que trouxeram à tona sua identidade como Ronin, um fantasma de seu passado que ele desejava esconder. Nessa investigação, ele conhece Kate Bishop, a filha de uma empresária no ramo de segurança que é sua fã número um e está investigando por conta própria alguns acontecimentos tenebrosos envolvendo membros de sua família e amigos de sua mãe.

Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato. O alter-ego do personagem retorna para assombrá-lo na série Gavião Arqueiro.
Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato.

A premissa é interessante, e a posição de Clint como tutor de Bishop nessa aventura coloca os dois em uma relação já conhecida no cinema, mas que ainda assim é atrativa para os fãs. Além disso, é bom que a Marvel se dedique a fazer com que todos os seus Vingadores originais tenham agora os seus substitutos para carregar o universo em seu lugar. Ao mesmo tempo, no entanto, é preciso se perguntar: O Gavião Arqueiro é mesmo o tipo de personagem que merece uma série só para si? Como eu já disse, ele tem muitos fãs, e a passagem de bastão para Bishop é algo necessário. É só que ele sempre foi o mais secundário dos Vingadores, exercendo sempre uma posição de menor destaque na equipe e raramente assumindo qualquer tipo de protagonismo nas lutas.

E aqui é preciso explicar que isso não se deve à ausência de poderes por parte do personagem. Sim, é compreensível que, em um conflito contra alienígenas superpoderosos, máquinas extremamente destrutivas e ameaças contra toda a vida da Terra, os heróis mais poderosos assumem uma posição de maior destaque no conflito e se colocam na linha de frente para isso. Mas Clint não era o único Vingador sem poderes ou sem uma enorme armadura ao seu redor, e ao contrário dele, a Viúva Negra assumiu, em diversos momentos, uma posição de maior protagonismo na história.

A verdade é que Clint Barton não é, por essência, um personagem de muito protagonismo no MCU, e também não é um dos personagens mais interessantes. Isso tudo pode ser devido à falta de uma exploração mais profunda do personagem, e é bom que a série se dedique a isso. Mas realizar essa exploração agora, quando o MCU se prepara para uma nova fase, com novos heróis assumindo o protagonismo, soa quase tão ruim quanto fazer um filme de origem para a Viúva Negra depois que a personagem já foi morta no MCU. Não traz o mesmo entusiasmo para os fãs que estão desejosos de ver novos personagens e novos aspectos para o universo, mas que acabam ficando presos a esses antigos heróis.

Clint Barton e Kate Bishop lutam juntos com arco e flecha.

Não ajuda muito também o fato de que, para uma série solo, o Gavião Arqueiro precisa de inimigos e ameaças que ele consiga enfrentar sozinho, algo mais realista e normal, como gangues de criminosos humanos e membros da máfia. Colocar esse tipo de ameaça em um universo que constantemente lida com invasões alienígenas, seres interdimensionais, demônios e entidades mitológicas supremas faz com que essa série não pareça tão importante no aspecto geral do MCU. É o mesmo problema enfrentado por Falcão e o Soldado Invernal: é ótimo que vocês estejam assumindo o legado desses personagens, mas o Multiverso está se abrindo e os Celestiais estão furiosos com a Terra, então o que interessa a sua luta contra supersoldados humanos ou os remanescentes do crime organizado em Nova York?

ENTÃO, EM QUE ASPECTOS ESSA SÉRIE FUNCIONA?

No fundo, Gavião Arqueiro sabe que não será uma série de extrema importância na atual situação do MCU. Justamente por isso, sua trama propositalmente assume um caráter menos explosivo e simples, o que combina muito com o tom de comédia natalina presente em sua história. O principal conflito de Clint nessa série não é destruir uma grande organização criminosa, mas voltar para casa a tempo para o Natal.

Pode parecer estranho que uma série da Marvel queira se afastar de toda a glória e o caráter épico de seu universo, mas nesse caso talvez seja algo necessário. Até agora, foram lançados apenas dois episódios, e o resultado, apesar de não ser ótimo, é bom o suficiente para uma produção para toda a família, com um tom mais leve e situações menos complexas a serem resolvidas. Além disso, a série explora bem o seu lado cômico, não criando situações absurdas e diálogos ácidos, mas explorando situações do dia-a-dia que colocam o herói em situações constrangedoras, mas ordinárias. De certa forma, isso tudo explora um lado do Gavião Arqueiro que, querendo ou não, sempre foi o seu traço de maior destaque no MCU: ele é o Vingador com uma família e problemas humanos par resolver. Entre todos esses deuses e supersoldados, ele é o que possui a vida mais próxima do comum para o público, e o fato de que a série reconhece isso diz muito sobre a atenção da Marvel a seus personagens.

Outro ponto positivo da série é Kate Bishop. A personagem é realmente intrigante e reúne elementos de uma grande heroína. Grande fã do Gavião Arqueiro, ela possui habilidade em artes marciais, arco e flecha e esgrima, que foram adquiridas após anos de treino e a tornam extremamente capaz de se defender por conta própria. Ao mesmo tempo, ela é ingênua e se deixa levar pelo seu entusiasmo para um mundo de perigos que ela não compreende, colocando-se em enrascadas que são divertidas e mostram o quanto ela ainda tem que aprender.

Hailee Steinfeld como Kate Bishop.

Ainda é cedo para dizer se Gavião Arqueiro conseguirá se solidificar como uma boa produção da Marvel. Por enquanto, é uma série bastante apropriada para o clima natalino, que abre mão do sensacionalismo e das missões épicas para oferecer uma jornada familiar, divertida e capaz de entreter, mas sem grandes feitos que surpreendam o público. Se continuar assim, deve ser um bom conteúdo natalino, algo que a Marvel não se preocupou muito em produzir até agora.

Mas, independente do que faça, a verdade é que o MCU já se tornou grande demais para que tais produções mantenham um grande destaque entre as demais. É ótimo que Gavião Arqueiro mostre um interesse da Marvel em aventuras mais normais e mundanas, mas, a julgar para onde esse universo caminha, é mais provável que a série, assim como o personagem, se torne coadjuvante em relação às demais.

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Gavião Arqueiro

Gavião Arqueiro

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Os primeiros episódios de Gavião Arqueiro já estão disponíveis, dando ao último dos seis Vingadores originais do cinema o seu aguardado protagonismo. Mas será que essa espera valeu a pena mesmo?

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Luis Henrique Franco
24/11/2021

Chegamos a um ponto do Universo Cinematográfico Marvel em que ele parece se autossustentar seu próprio crescimento. Não importa o quão questionáveis suas produções pareçam, elas continuam surgindo. E o mais interessante é que, mesmo diante das piores produções, os fãs que acompanham essa saga desde o começo parecem encontrar algo positivo para defender. E assim, o ciclo da Marvel continua, infinito e imparável.

E é por causa desse ciclo que chegamos a Gavião Arqueiro, a nova série do Disney+ que acompanha as aventuras finais de Clint Barton (Jeremy Renner) no traje do herói e sua passagem para uma nova heroína, Kate Bishop (Hailee Steinfeld). E, mais uma vez, a Marvel nos entrega algo questionável e um grande divisor de público. Por um lado, era evidente que uma produção voltada para o personagem deveria acontecer. De todos os seis Vingadores originais, ele era o único que não possuía uma produção própria, na qual ele seria o protagonista. Junte isso ao fato de que, por algum motivo, ele possui um grande número de fãs, e temos uma desculpa para a produção de uma série para o herói e sua sucessora no MCU.

Os personagens Clint Barton e Kate Bishop conversam nas ruas de Nova York em 'Gavião Arqueiro'.

Na trama, já afetada pelo espírito natalino, acompanhamos Clint enquanto ele sai da sua aposentadoria para investigar acontecimentos estranhos que trouxeram à tona sua identidade como Ronin, um fantasma de seu passado que ele desejava esconder. Nessa investigação, ele conhece Kate Bishop, a filha de uma empresária no ramo de segurança que é sua fã número um e está investigando por conta própria alguns acontecimentos tenebrosos envolvendo membros de sua família e amigos de sua mãe.

Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato. O alter-ego do personagem retorna para assombrá-lo na série Gavião Arqueiro.
Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato.

A premissa é interessante, e a posição de Clint como tutor de Bishop nessa aventura coloca os dois em uma relação já conhecida no cinema, mas que ainda assim é atrativa para os fãs. Além disso, é bom que a Marvel se dedique a fazer com que todos os seus Vingadores originais tenham agora os seus substitutos para carregar o universo em seu lugar. Ao mesmo tempo, no entanto, é preciso se perguntar: O Gavião Arqueiro é mesmo o tipo de personagem que merece uma série só para si? Como eu já disse, ele tem muitos fãs, e a passagem de bastão para Bishop é algo necessário. É só que ele sempre foi o mais secundário dos Vingadores, exercendo sempre uma posição de menor destaque na equipe e raramente assumindo qualquer tipo de protagonismo nas lutas.

E aqui é preciso explicar que isso não se deve à ausência de poderes por parte do personagem. Sim, é compreensível que, em um conflito contra alienígenas superpoderosos, máquinas extremamente destrutivas e ameaças contra toda a vida da Terra, os heróis mais poderosos assumem uma posição de maior destaque no conflito e se colocam na linha de frente para isso. Mas Clint não era o único Vingador sem poderes ou sem uma enorme armadura ao seu redor, e ao contrário dele, a Viúva Negra assumiu, em diversos momentos, uma posição de maior protagonismo na história.

A verdade é que Clint Barton não é, por essência, um personagem de muito protagonismo no MCU, e também não é um dos personagens mais interessantes. Isso tudo pode ser devido à falta de uma exploração mais profunda do personagem, e é bom que a série se dedique a isso. Mas realizar essa exploração agora, quando o MCU se prepara para uma nova fase, com novos heróis assumindo o protagonismo, soa quase tão ruim quanto fazer um filme de origem para a Viúva Negra depois que a personagem já foi morta no MCU. Não traz o mesmo entusiasmo para os fãs que estão desejosos de ver novos personagens e novos aspectos para o universo, mas que acabam ficando presos a esses antigos heróis.

Clint Barton e Kate Bishop lutam juntos com arco e flecha.

Não ajuda muito também o fato de que, para uma série solo, o Gavião Arqueiro precisa de inimigos e ameaças que ele consiga enfrentar sozinho, algo mais realista e normal, como gangues de criminosos humanos e membros da máfia. Colocar esse tipo de ameaça em um universo que constantemente lida com invasões alienígenas, seres interdimensionais, demônios e entidades mitológicas supremas faz com que essa série não pareça tão importante no aspecto geral do MCU. É o mesmo problema enfrentado por Falcão e o Soldado Invernal: é ótimo que vocês estejam assumindo o legado desses personagens, mas o Multiverso está se abrindo e os Celestiais estão furiosos com a Terra, então o que interessa a sua luta contra supersoldados humanos ou os remanescentes do crime organizado em Nova York?

ENTÃO, EM QUE ASPECTOS ESSA SÉRIE FUNCIONA?

No fundo, Gavião Arqueiro sabe que não será uma série de extrema importância na atual situação do MCU. Justamente por isso, sua trama propositalmente assume um caráter menos explosivo e simples, o que combina muito com o tom de comédia natalina presente em sua história. O principal conflito de Clint nessa série não é destruir uma grande organização criminosa, mas voltar para casa a tempo para o Natal.

Pode parecer estranho que uma série da Marvel queira se afastar de toda a glória e o caráter épico de seu universo, mas nesse caso talvez seja algo necessário. Até agora, foram lançados apenas dois episódios, e o resultado, apesar de não ser ótimo, é bom o suficiente para uma produção para toda a família, com um tom mais leve e situações menos complexas a serem resolvidas. Além disso, a série explora bem o seu lado cômico, não criando situações absurdas e diálogos ácidos, mas explorando situações do dia-a-dia que colocam o herói em situações constrangedoras, mas ordinárias. De certa forma, isso tudo explora um lado do Gavião Arqueiro que, querendo ou não, sempre foi o seu traço de maior destaque no MCU: ele é o Vingador com uma família e problemas humanos par resolver. Entre todos esses deuses e supersoldados, ele é o que possui a vida mais próxima do comum para o público, e o fato de que a série reconhece isso diz muito sobre a atenção da Marvel a seus personagens.

Outro ponto positivo da série é Kate Bishop. A personagem é realmente intrigante e reúne elementos de uma grande heroína. Grande fã do Gavião Arqueiro, ela possui habilidade em artes marciais, arco e flecha e esgrima, que foram adquiridas após anos de treino e a tornam extremamente capaz de se defender por conta própria. Ao mesmo tempo, ela é ingênua e se deixa levar pelo seu entusiasmo para um mundo de perigos que ela não compreende, colocando-se em enrascadas que são divertidas e mostram o quanto ela ainda tem que aprender.

Hailee Steinfeld como Kate Bishop.

Ainda é cedo para dizer se Gavião Arqueiro conseguirá se solidificar como uma boa produção da Marvel. Por enquanto, é uma série bastante apropriada para o clima natalino, que abre mão do sensacionalismo e das missões épicas para oferecer uma jornada familiar, divertida e capaz de entreter, mas sem grandes feitos que surpreendam o público. Se continuar assim, deve ser um bom conteúdo natalino, algo que a Marvel não se preocupou muito em produzir até agora.

Mas, independente do que faça, a verdade é que o MCU já se tornou grande demais para que tais produções mantenham um grande destaque entre as demais. É ótimo que Gavião Arqueiro mostre um interesse da Marvel em aventuras mais normais e mundanas, mas, a julgar para onde esse universo caminha, é mais provável que a série, assim como o personagem, se torne coadjuvante em relação às demais.

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Os primeiros episódios de Gavião Arqueiro já estão disponíveis, dando ao último dos seis Vingadores originais do cinema o seu aguardado protagonismo. Mas será que essa espera valeu a pena mesmo?

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Luis Henrique Franco
24/11/2021
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Os primeiros episódios de Gavião Arqueiro já estão disponíveis, dando ao último dos seis Vingadores originais do cinema o seu aguardado protagonismo. Mas será que essa espera valeu a pena mesmo?

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Luis Henrique Franco
24/11/2021

Chegamos a um ponto do Universo Cinematográfico Marvel em que ele parece se autossustentar seu próprio crescimento. Não importa o quão questionáveis suas produções pareçam, elas continuam surgindo. E o mais interessante é que, mesmo diante das piores produções, os fãs que acompanham essa saga desde o começo parecem encontrar algo positivo para defender. E assim, o ciclo da Marvel continua, infinito e imparável.

E é por causa desse ciclo que chegamos a Gavião Arqueiro, a nova série do Disney+ que acompanha as aventuras finais de Clint Barton (Jeremy Renner) no traje do herói e sua passagem para uma nova heroína, Kate Bishop (Hailee Steinfeld). E, mais uma vez, a Marvel nos entrega algo questionável e um grande divisor de público. Por um lado, era evidente que uma produção voltada para o personagem deveria acontecer. De todos os seis Vingadores originais, ele era o único que não possuía uma produção própria, na qual ele seria o protagonista. Junte isso ao fato de que, por algum motivo, ele possui um grande número de fãs, e temos uma desculpa para a produção de uma série para o herói e sua sucessora no MCU.

Os personagens Clint Barton e Kate Bishop conversam nas ruas de Nova York em 'Gavião Arqueiro'.

Na trama, já afetada pelo espírito natalino, acompanhamos Clint enquanto ele sai da sua aposentadoria para investigar acontecimentos estranhos que trouxeram à tona sua identidade como Ronin, um fantasma de seu passado que ele desejava esconder. Nessa investigação, ele conhece Kate Bishop, a filha de uma empresária no ramo de segurança que é sua fã número um e está investigando por conta própria alguns acontecimentos tenebrosos envolvendo membros de sua família e amigos de sua mãe.

Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato. O alter-ego do personagem retorna para assombrá-lo na série Gavião Arqueiro.
Clint Barton como Ronin em Vingadores: Ultimato.

A premissa é interessante, e a posição de Clint como tutor de Bishop nessa aventura coloca os dois em uma relação já conhecida no cinema, mas que ainda assim é atrativa para os fãs. Além disso, é bom que a Marvel se dedique a fazer com que todos os seus Vingadores originais tenham agora os seus substitutos para carregar o universo em seu lugar. Ao mesmo tempo, no entanto, é preciso se perguntar: O Gavião Arqueiro é mesmo o tipo de personagem que merece uma série só para si? Como eu já disse, ele tem muitos fãs, e a passagem de bastão para Bishop é algo necessário. É só que ele sempre foi o mais secundário dos Vingadores, exercendo sempre uma posição de menor destaque na equipe e raramente assumindo qualquer tipo de protagonismo nas lutas.

E aqui é preciso explicar que isso não se deve à ausência de poderes por parte do personagem. Sim, é compreensível que, em um conflito contra alienígenas superpoderosos, máquinas extremamente destrutivas e ameaças contra toda a vida da Terra, os heróis mais poderosos assumem uma posição de maior destaque no conflito e se colocam na linha de frente para isso. Mas Clint não era o único Vingador sem poderes ou sem uma enorme armadura ao seu redor, e ao contrário dele, a Viúva Negra assumiu, em diversos momentos, uma posição de maior protagonismo na história.

A verdade é que Clint Barton não é, por essência, um personagem de muito protagonismo no MCU, e também não é um dos personagens mais interessantes. Isso tudo pode ser devido à falta de uma exploração mais profunda do personagem, e é bom que a série se dedique a isso. Mas realizar essa exploração agora, quando o MCU se prepara para uma nova fase, com novos heróis assumindo o protagonismo, soa quase tão ruim quanto fazer um filme de origem para a Viúva Negra depois que a personagem já foi morta no MCU. Não traz o mesmo entusiasmo para os fãs que estão desejosos de ver novos personagens e novos aspectos para o universo, mas que acabam ficando presos a esses antigos heróis.

Clint Barton e Kate Bishop lutam juntos com arco e flecha.

Não ajuda muito também o fato de que, para uma série solo, o Gavião Arqueiro precisa de inimigos e ameaças que ele consiga enfrentar sozinho, algo mais realista e normal, como gangues de criminosos humanos e membros da máfia. Colocar esse tipo de ameaça em um universo que constantemente lida com invasões alienígenas, seres interdimensionais, demônios e entidades mitológicas supremas faz com que essa série não pareça tão importante no aspecto geral do MCU. É o mesmo problema enfrentado por Falcão e o Soldado Invernal: é ótimo que vocês estejam assumindo o legado desses personagens, mas o Multiverso está se abrindo e os Celestiais estão furiosos com a Terra, então o que interessa a sua luta contra supersoldados humanos ou os remanescentes do crime organizado em Nova York?

ENTÃO, EM QUE ASPECTOS ESSA SÉRIE FUNCIONA?

No fundo, Gavião Arqueiro sabe que não será uma série de extrema importância na atual situação do MCU. Justamente por isso, sua trama propositalmente assume um caráter menos explosivo e simples, o que combina muito com o tom de comédia natalina presente em sua história. O principal conflito de Clint nessa série não é destruir uma grande organização criminosa, mas voltar para casa a tempo para o Natal.

Pode parecer estranho que uma série da Marvel queira se afastar de toda a glória e o caráter épico de seu universo, mas nesse caso talvez seja algo necessário. Até agora, foram lançados apenas dois episódios, e o resultado, apesar de não ser ótimo, é bom o suficiente para uma produção para toda a família, com um tom mais leve e situações menos complexas a serem resolvidas. Além disso, a série explora bem o seu lado cômico, não criando situações absurdas e diálogos ácidos, mas explorando situações do dia-a-dia que colocam o herói em situações constrangedoras, mas ordinárias. De certa forma, isso tudo explora um lado do Gavião Arqueiro que, querendo ou não, sempre foi o seu traço de maior destaque no MCU: ele é o Vingador com uma família e problemas humanos par resolver. Entre todos esses deuses e supersoldados, ele é o que possui a vida mais próxima do comum para o público, e o fato de que a série reconhece isso diz muito sobre a atenção da Marvel a seus personagens.

Outro ponto positivo da série é Kate Bishop. A personagem é realmente intrigante e reúne elementos de uma grande heroína. Grande fã do Gavião Arqueiro, ela possui habilidade em artes marciais, arco e flecha e esgrima, que foram adquiridas após anos de treino e a tornam extremamente capaz de se defender por conta própria. Ao mesmo tempo, ela é ingênua e se deixa levar pelo seu entusiasmo para um mundo de perigos que ela não compreende, colocando-se em enrascadas que são divertidas e mostram o quanto ela ainda tem que aprender.

Hailee Steinfeld como Kate Bishop.

Ainda é cedo para dizer se Gavião Arqueiro conseguirá se solidificar como uma boa produção da Marvel. Por enquanto, é uma série bastante apropriada para o clima natalino, que abre mão do sensacionalismo e das missões épicas para oferecer uma jornada familiar, divertida e capaz de entreter, mas sem grandes feitos que surpreendam o público. Se continuar assim, deve ser um bom conteúdo natalino, algo que a Marvel não se preocupou muito em produzir até agora.

Mas, independente do que faça, a verdade é que o MCU já se tornou grande demais para que tais produções mantenham um grande destaque entre as demais. É ótimo que Gavião Arqueiro mostre um interesse da Marvel em aventuras mais normais e mundanas, mas, a julgar para onde esse universo caminha, é mais provável que a série, assim como o personagem, se torne coadjuvante em relação às demais.

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