John Williams nasceu em 8 de fevereiro de 1932, em Nova York, nos Estados Unidos. Tendo começado a compor para filmes em 1959, é um dos artistas com maior tempo de atuação no ramo da trilha sonora cinematográfica. Seus mais de 60 anos lhe renderam um avassalador número de prêmios, incluindo cinco Oscars, dois Emmys, três Globos de Ouro, 25 Grammys, sete BAFTAs, seis prêmios Saturn e um prêmio pelo conjunto de sua carreira no National Board of Review.
Não só isso, ele também é o mestre por trás de algumas das trilhas sonoras mais famosas e marcantes do cinema hollywoodiano. Muitas de suas obras se tornaram marcos, e acompanham até hoje grandes sagas do cinema, conferindo a cada filme um traço único e facilmente reconhecível por qualquer fã do cinema. Em homenagem aos 90 anos desse grande compositor, selecionamos algumas de suas principais obras, os filmes nos quais suas músicas se tornaram eternas.
SUPERMAN
Um dos melhores jeitos de se saber se o seu trabalho realmente é marcante é compará-lo com outros projetos semelhantes que vieram depois. Nesse quesito, é inegável que, após tantos anos e tantas novas versões do grande herói dos quadrinhos, os filmes do Superman com Christopher Reeve ainda são os maiores e mais bem lembrados até hoje. Com todos os créditos dados às atuações e à história em si, boa parte dessa adoração se deve também pelo exemplar trabalho de Williams na trilha sonora.
Existe uma mitologia muito grande ao redor do icônico personagem Superman. Um ideal que ele deveria representar, um símbolo de esperança e de heroísmo. Os quadrinhos sempre conseguiram ressaltar esses pontos, e o cinema tratou de buscar formas de introduzir esses pontos. No longa de Richard Donner, feito em 1978, esses aspectos de heroísmo são muito bem retratados pela música. Williams conseguiu dar ao tema principal do filme um tom de aventura e de superioridade, colocando o público em uma sensação de estar diante da chegada de algo incrível.
Superman: o Filme é um clássico dos anos 70. Um que, mesmo na era dos filmes de heróis, ainda é um dos mais bem lembrados de todos os tempos. Christopher Reeve ainda hoje é considerado como um dos melhores, se não o melhor, Superman de todos os tempos. Do lado da Trilha Sonora, o fato de ela ser tão icônica ainda nos dias de hoje mostra o grande trabalho feito por Williams, em especial considerando como, nos filmes de heróis de hoje em dia, composições originais parecem perder espaço e não carregam mais a mesma importância.
TUBARÃO
Foi em seus muitos trabalhos para os filmes de Steven Spielberg que John Williams criou alguns de seus trabalhos mais famosos. Das excêntricas ficções científicas às aventuras mirabolantes e os dramas extremamente tocantes, suas composições se adequaram perfeitamente ao tema dos filmes, incorporando aspectos que se tornaram marcas registradas de seus personagens e tramas. Mas essa dupla inigualável também explorou outros gêneros cinematográficos, como o horror e o suspense, e Tubarão é talvez o projeto mais bem-sucedido dessas empreitadas.
Na trama, que fala sobre um predador assassino rondando as praias de Amity Island, o uso da música é essencial pela forma como o filme foi montado. Por motivos técnicos, Spielberg optou por mostrar o menos possível o boneco do grande tubarão. Por causa, disso, a presença física do monstro foi substituída por uma câmera em movimento embaixo da água e pela música composta por Williams, que alterna entre um tom mais grave e lento quando a fera está apenas à espreita, e uma versão mais rápida e agressiva quando o ataque está ocorrendo.
Com um uso tão bem feito do componente musical, Tubarão segue até hoje como um dos melhores exemplos de como provocar terror sem mostrar o seu monstro ao público. Williams não criou apenas um tema para a criatura, ele praticamente a substituiu e fez com que a sua audiência visse um grande tubarão assassino em cenas nas quais só existia uma música muito bem executada.
O DESTINO DE POSEIDON
Na década de 70, John Williams ficou conhecido como o compositor dos desastres, não por trabalhar em filmes ruins, mas por compor diversas trilhas para filmes sobre catástrofes e tragédias. Terremoto e Inferno na Torre, ambos de 1974, estão entre algumas de suas grandes obras no período, mas é O Destino de Poseidon que reina absoluto nessa fase da carreira de Williams, que conseguiu mesclar beleza e horror na história do grande navio atingido por uma colossal onda em sua última viagem.
Misturando o épico da saga do navio com o horror de seu destino, Williams foi capaz de criar uma temática perfeita para um filme de desastre. Em suas composições, nota-se a grandiosidade e majestade do navio, a crueldade dos acontecimentos e o desespero dos sobreviventes por encontrarem uma saída. Já em seu tema inicial, encontramos o anúncio de uma catástrofe, mas também somos convidados para uma aventura majestosa.
O Destino do Poseidon pode não ser a maior trilha sonora da carreira de Williams, nem o melhor filme no qual ele trabalhou. Entre aventuras e ficção científica, o compositor possui muitos trabalhos mais marcantes do que este em sua longa carreira. Contudo, esse é mais um dos trabalhos que mostra a versatilidade e a grandiosidade do compositor, capaz de realizar grandes obras para uma grande diversidade de gêneros. É também um marco de um momento de sua carreira, ainda no seu início, quando ele começava a mostrar ao mundo o seu valor.
IMPÉRIO DO SOL
Ao lado de Spielberg, Williams trabalhou em uma grande variedade de filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, abordando vários de seus principais aspectos e acontecimentos. Em O Império do Sol, a trama segue a história de um garoto inglês que vivia com sua família em uma cidade da China durante a invasão japonesa. Separado de seus pais e preso em um campo de concentração, o garoto precisa desenvolver uma série de artimanhas para sobreviver.
Império do Sol é um daqueles filmes que exploram o tema pesado da guerra sob um olhar de alguém inocente. Fazendo pouco uso dos soldados de ambos os lados, ele opta por mostrar os horrores dos conflitos e os meios de sobrevivência encontrados pelos olhos de uma criança. Isso leva a trilha sonora a se adaptar, afastando-se um pouco da temática de honra e glória geralmente usada em filmes de guerra, e abordando as cenas com toques de melancolia, que ao mesmo tempo nos atentam para a terrível situação e criam um ar um pouco mais leve. Dado esse ponto, o filme nunca trata o ocorrido como algo menos sério, apenas muda o foco de quem analisa a situação.
Apesar de ser um dos grandes filmes de Spielberg, Império do Sol talvez não seja sempre lembrado como um dos grandes trabalhos de Williams. E de fato, a trilha sonora talvez não seja tão aparente nesse filme como é em outros dessa lista. Mesmo assim, faz-se um bom uso dela, apresentando-a nos momentos que dela necessitam e conferindo a cada cena o tom certo que deve ser transmitido ao público.
E.T. - O EXTRATERRESTRE
Nos seus anos iniciais, Spielberg explorou muitas possibilidades dentro do ramo da ficção científica, produzindo grandes clássicos que ajudaram a moldar o gênero nos anos 70 e 80. E, na maioria dessas produções, Williams estava ao seu lado, criando músicas que mostravam as maravilhas daquelas histórias, cheias de aspectos impossíveis, mesmo nos dias de hoje, e ainda capazes de entusiasmar e surpreender pessoas de todas as idades.
E.T. - O Extraterrestre se diferencia um pouco dessas outras obras de ficção científica por não se tratar apenas de um história sobre a chegada de alienígenas. Sua trama não se respalda apenas na surpresa que seria a chegada de seres de outros planetas, mas trabalha a relação de um desses seres com um humano, em especial uma criança. Tendo esse tema em mãos, Williams faz da sua trilha uma obra que explora não apenas a maravilha da chegada de extraterrestres, mas também a amizade e o amor que podem nascer de uma relação entre duas espécies. Isso faz de E.T. muito mais uma história sobre amigos do que sobre alienígenas.
É claro que tudo isso não tira o teor magnífico que o filmes também traz, e Williams mostra-se um verdadeiro mestre ao criar composições que exploram também essas possibilidades fantásticas e todas as maravilhas que provêm delas. E.T. venceu o Oscar de Melhor Trilha Sonora e continua sendo, até hoje, um dos melhores trabalhos de música em um filme de ficção sobre alienígenas, justamente por sua capacidade de aproximar um extraterrestre de nós e despertar nosso amor e simpatia por ele.
JURASSIC PARK
Pode-se dizer que franquias vão perdendo a sua força conforme se estendem por tempo demais. E talvez a icônica franquia de Jurassic Park tenha deixado a desejar em seus últimos filmes. Mesmo na trilogia original, o último longa já é bem pior que os seus antecessores. Mas uma coisa é certa: ao longo dos três longas, John Williams nunca deixou a desejar, criando trilhas sonoras que exaltam o maravilhoso e perigoso mundo onde dinossauros foram geneticamente revividos, misturando temas de ficção científica com os de uma jornada fantástica em mundos completamente estranhos.
Como em muitos de seus trabalhos, a trilha de Jurassic Park exalta um maravilhoso mundo ainda não descoberto, um mundo que todos julgavam ser impossível de existir. As composições se fortalecem ao mostrarem ao público o quão extraordinário é o mundo apresentado, mas ao mesmo tempo trazem uma sensação nostálgica, que se alimenta da ideia de este ser um mundo que já existiu antes e que nos foi perdido.
Jurassic Park foi um clássico dos anos 90, um filme que explorou efeitos de uma forma nunca antes vista e que, ao lado de uma trilha sonora infalível, fez com que muitas pessoas imediatamente se apaixonassem por dinossauros. Com uma trama sólida e animatrônicos que se sustentam até os dias de hoje, ainda é um filme que muitos revisitam, na possibilidade de, como afirma um dos personagens, podermos ver e tocar esse mundo que nos foi perdido.
INDIANA JONES
E já que estamos falando das grandes franquias de John Williams, nada melhor do que continuar com essa grande saga sobre o arqueólogo mais famoso do cinema. Indiana Jones é uma franquia que une aventura épica com investigação e mistério, preenchida com um toque de misticismo. Com todos esses temas para trabalhar, Williams foi capaz de criar uma obra que complementa cada momento, hora trazendo um tom de aventura e ação, hora abordando uma temática de investigação e descoberta, ambas extremamente condizentes com o personagem vivido por Harrison Ford.
Analisando apenas o primeiro filme do personagem, Os Caçadores da Arca Perdida, já encontramos uma grande quantidade de composições icônicas. O tem principal e do protagonista são marcantes por seu tom que remete a heroísmo, viagens e aventura. O tema de amor entre Indy e Marion é também extremamente icônico, combinando notas românticas ao tema dominante de aventura, dando uma ideia de um amor que vive ao sabor da emoção. Já o tema da Arca da Aliança é onde entra a temática da investigação e do mistério, abordando um tom que inclui uma sensação de misticismo e de algo além da compreensão.
Ao longo de todas as suas aventuras, as composições que fizeram de Indiana Jones um personagem tão querido iriam reaparecer, sofrendo algumas alterações em cada novo filme do herói, mas mantendo sempre aqueles aspectos reconhecíveis e adorados desde 1984. Indiana Jones é fruto da grande atuação de Harrison Ford, da brilhante ideia de Spielberg e do trabalho incansável de Williams para criar temas que, mais do que se adequar a um personagem, o moldaram.
A LISTA DE SCHINDLER
Existe uma razão para esse filme vencedor do Oscar em 1994 ser um dos dramas mais emblemáticos sobre o Holocausto. Spielberg conduz uma trama cuidadosa e respeitosa, mas que não tem medo de mostrar os horrores propagados pelos nazistas por anos a fio. E Williams acompanha esse cuidado, com uma trilha sonora que demonstra cuidado e uma certa gentileza em certos pontos, ao mesmo tempo em que expõe a tristeza e o desespero diante de uma catástrofe.
Acompanhando a história de Oskar Schindler, um empresário nazista que, por anos, lutou para salvar a vida de inúmeros judeus, empregando-os em suas fábricas, o longa mostra o sofrimento de um povo e a luta para se salvar o máximo de vidas possíveis diante de um sistema de extermínio em massa. Nessa história, as músicas da Williams provocam empatia por um povo e seu sofrimento, ao mesmo tempo em que criam repulsa pelos atos dos nazistas e geram um alarme para tudo o que foi feito ao longo da Segunda Guerra Mundial.
O trabalho de Williams criou uma das trilhas sonoras mais memoráveis de um filme de guerra. Ao longo dos anos, o Holocausto foi um tema extremamente explorado por Hollywood, tendo maior ou menor sucesso de acordo com a produção. Mas A Lista de Schindler continua sendo um dos filmes mais bem sucedidos sobre o tema, expondo o sofrimento dos judeus de uma forma empática, e usa da música para fazer uma análise atenta e potente sobre esses acontecimentos. Não à toa, foi um dos cinco trabalhos de Williams a ser premiado com o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original.
HARRY POTTER
Seja qual for o projeto em que trabalha, Williams é capaz de conferir às suas músicas o tom exato para expor a maravilha de um universo diferente e cheio de momentos extraordinários, apavorantes e apaixonantes. Harry Potter não foi diferente. Trabalhando para uma das maiores franquias da fantasia dos tempos atuais, o compositor mais uma vez conseguiu criar um mundo a partir da música, explorar os mais vastos temas dentro das infinitas possibilidades criadas. Através de seu trabalho, Williams ajudou a dar a Hogwarts o aspecto surpreendente que possui até hoje.
Todas as músicas dessa icônica saga tem por objetivo celebrar um mundo onde a magia existe. De "Harry's Wondrous World" a "Hedwig's Theme", as composições trazem um ar de misticismo e mistério. Esse mistério, porém, não diz respeito a uma investigação, mas a um mundo ainda desconhecido para nós e que está prestes a abrir suas portas para que possamos observar tudo de maravilhoso que ocorre nesse universo à parte.
Harry Potter é um grande exemplo do que um universo de fantasia deve ser. Juntando diversos aspectos da mitologia anglo-saxã, cria-se um mundo onde sempre há uma nova possibilidade para se descobrir algo novo. Do mais maravilhoso ao mais macabro, Williams fez de suas composições um dos elementos mais marcantes de uma saga cuja principal função é maravilhar aqueles que a assistem.
STAR WARS
Talvez o maior trabalho de Williams até hoje, sua contribuição para essa grandiosa saga do cinema data de seus primórdios, em 1977, e continua firme até os dias de hoje, tendo sido Williams o compositor por trás das trilhas sonoras dos nove filmes oficiais da história da família Skywalker. De temas específicos para certos personagens e grandes temas gerais, Williams praticamente deu a Star Wars toda a sua personalidade e ajudou a moldar essa história em uma das maiores do cinema.
Ao longo de mais de quarenta anos, Williams foi o homem por trás das músicas que, muitas vezes, deram vida aos personagens e eventos dessa grande saga. Seus feitos mais famosos certamente são os da trilogia original, onde encontramos grandes temas como o tema principal "Binary Sunset" (o Tema da Força), A Marcha Imperial, o Tema de Yoda e muitos outras grandes composições que basicamente moldaram Star Wars.
E mesmo na Trilogia Prequel, quando a qualidade dos filmes caiu de uma forma generalizada, Williams manteve-se firme e, em muitos momentos, sustentou a saga através de suas composições. São marcas desse período "Duel of the Fates" e "Across the Stars", dois dos temas mais amados de toda a franquia e que basicamente criaram muito do tom das Prequels, mesmo quando as atuações e a própria história não conseguiam fazer o público ficar tão imerso nos filmes. O mesmo pode ser dito das Sequels, que apesar de não possuírem uma coletânea muito grande de novos temas, apresentam algumas composições marcantes e que contribuem para o desenvolvimento de sua história, como o Tema de Rey.
Com tudo isso, pode-se ver que Williams tem acompanhado a saga de Star Wars desde o seu começo, estando ao seu lado em seus bons e em seus maus momentos. E, durante todos esses quarenta anos, suas músicas se mantiveram como uma parte vital da alma dessa franquia que, ainda hoje, continua a conquistar fãs pelo mundo todo.
Essas foram algumas das maiores trilhas sonoras compostas por John Williams. Com 90 anos, o grande compositor não parece dar sinais de parar, o que significa que podemos esperar por pelo menos mais algumas grandes músicas vindas de suas mãos. Contudo, muitas outras já existem, grandes obras que não conseguimos colocar nessa lista. Qual a sua favorita? Deixe nos comentários!