Dez anos atrás, em 2011, Hollywood se despediu de uma de suas mais talentosas e marcantes atrizes. Elizabeth Taylor atuou por quase sessenta anos, participando de alguns dos maiores clássicos de todos os tempos. Foi um dos principais nomes da Era de Ouro do cinema estadunidense, e seus maiores filmes ainda são clássicos sempre revisitados e debatidos por gerações diferentes de amantes da sétima arte. Taylor conquistou o público por anos a fio, chamando a atenção tanto pelas suas atuações quanto pela sua vida pessoal.
No que seria o seu aniversário de 89 anos, relembramos essa atriz que se tornou uma das maiores de seu tempo e uma verdadeira lenda do cinema hollywoodiano.
O COMEÇO COMO UMA ESTRELA INFANTIL
Nascida em Londres em 27 de fevereiro de 1932, Elizabeth Rosemond Taylor era filha de dois estadunidenses, negociantes de arte que haviam se mudado para a capital britânica para montar uma galeria. A família permaneceu em Londres até 1939, quando retornaram para os Estados Unidos para escapar da tragédia da guerra que começava a varrer a Europa. Aos sete anos, Elizabeth se mudou para Los Angeles, onde a família de sua mãe já havia se assentado.
Foi um amigo da família de sua mãe que, tendo percebido a beleza incomum da menina, sugeriu que Elizabeth fizesse um teste para um filme. A menina impressionou os executivos da Universal Pictures em seu primeiro teste e, aos 10 anos, conseguiu seu primeiro papel em There's One Born Every Minute, lançado em 1942. Contudo, a Universal não manteve seu contrato após esse primeiro filme, fazendo com que Elizabeth rapidamente conseguisse um acordo com o estúdio MGM.
Seus primeiros papéis pelo novo estúdio foram pequenos, tendo primeiro conquistado um papel em A Força do Coração (1943). Com um contrato de um ano com a MGM, Elizabeth Taylor fez pequenas participações em Jane Eyre (1943) e Evocação (1944), antes de conseguir seu primeiro grande papel, aquele que a lançaria como uma grande estrela de cinema: a personagem Velvet Brown em A Mocidade É Assim Mesmo (1944), no qual ela atuou ao lado de Mickey Rooney. O filme conta a história de um andarilho e ex-jóquei que, após chegar às terras da família Brown, é convencido a ajudar a filha da família a treinar um cavalo agressivo mas talentoso para o grande evento de corrida da Inglaterra. O longa foi um enorme sucesso e faturou mais de 4 milhões de dólares, fazendo com que Taylor conquistasse um contrato de longa duração com a MGM, tornando-se a sua principal estrela infantil.
OS FILMES NA JUVENTUDE E A CONSAGRAÇÃO COMO ESTRELA
Durante o ano de 1945, Elizabeth Taylor não atuou em nenhum novo longa, retornando às telas em 1946 com outro grande sucesso, A Coragem de Lassie. Em 1947, atuou em Nossa Vida com Papai, onde, aos 15 anos, já contracenava com grandes nomes do cinema hollywoodiano da época, como William Powell e Irene Dunne. Em 1949, ela atuou no grande sucesso Quatro Destinos, adaptação do grande romance "Mulherzinhas", de Louisa May Alcott, no qual a atriz contracenou com Margaret O'Brien, June Allyson e Janet Leigh para contar a história das irmãs March enquanto elas lutam para manter sua casa e trilhar seus próprios caminhos no pós-Guerra Civil Americana.
Os Anos 50 viram Elizabeth Taylor expandir ainda mais seu potencial de atriz e se consagrar como uma das maiores estrelas da Era de Ouro. Foi a época em que a jovem atriz passou a aparecer em filme atrás de filme, obtendo geralmente resultados positivos. O primeiro desses sucessos foi seu papel em Um Lugar ao Sol, de 1951, no qual atuou ao lado de seu grande amigo, Montgomery Clift.
Em 1952, Taylor atuou em Ivanhoé, o Vingador do Rei, um dos maiores sucessos daquele ano. Em 1954, aos 22 anos, atuou em três filmes no mesmo ano: O Belo Brummel, A Última Vez que Vi Paris e No Caminho dos Elefantes. Esses trabalhos ajudaram a consagrá-la como uma das mulheres mais bonitas em Hollywood. Em 1955, ela atuou em Assim Caminha a Humanidade ao lado de James Dean.
Em 1957, voltou a atuar ao lado de Montgomery Clift em A Árvore da Vida. O filme recebeu críticas severas e passou por um processo de produção bastante turbulento, incluindo um terrível acidente envolvendo Clift, que ficou seriamente ferido e marcado após o acontecimento. Mesmo com essa tragédia, o filme garantiu a Taylor a sua primeira indicação ao Oscar, que ela perdeu para Joanne Woodward em As Três Máscaras de Eva.
OS GRANDES SUCESSOS DOS ANOS 60
Em 1958, Elizabeth Taylor atuou no papel de Maggie Pollitt no sucesso Gata em Teto de Zinco Quente, pelo qual ela recebeu a sua segunda indicação ao Oscar. Novamente, ela não recebeu o prêmio, tendo perdido dessa vez para Susan Hayward em Quero Viver!. Em 1959, Taylor foi novamente indicada ao prêmio por De Repente, No Último Verão, outro megassucesso pelo qual ela não recebeu o prêmio, tendo sido derrotada por Simone Signoret em Almas em Leilão.
Em 1960, a corrida de Taylor pelo Oscar finalmente rendeu frutos, com sua vitória como Melhor Atriz Principal em Disque Butterfield 8. No longa, Taylor interpreta Gloria Wandrous, uma modelo, socialite e garota de programa que tem sua vida completamente alterada após se apaixonar por um homem casado (Laurence Harvey). Ao contrário de seus filmes anteriores, este foi duramente criticado. Mas mesmo os seus maiores críticos reconheceram a performance exemplar da atriz, garantindo-lhe o tão cobiçado prêmio.
Tendo conquistado seu tão esperado Oscar, Elizabeth Taylor se ausentaria dos filmes por três anos. Foi a época em que seu contrato terminou, levando-a a romper laços com a MGM, apesar de ter trabalhado em algumas produções do estúdio em anos posteriores. Seu retorno às telas se deu em um dos filmes mais caros produzidos na época, Cleópatra (1963). Com um orçamento gigantesco e uma produção conturbada, que inclusive envolveu um caso de uma doença séria que acometeu Taylor no meio das filmagens, Cleópatra levou anos para ser terminado e recebeu críticas mistas. Foi durante as filmagens dessa produção que ela conheceu seu futuro quinto marido, Richard Burton, com quem voltou a atuar em muitos filmes no futuro.
Após alguns anos sem muita expressividade, que incluíram dois filmes pouco chamativos (Gente Muito Importante e Adeus às Ilusões), Elizabeth Taylor voltou a chamar a atenção por sua magnífica atuação no clássico Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, no qual ela interpretou Martha, uma mulher faladora, megera e desleixada, mas ainda assim extremamente interessante. Na trama, ela e seu marido, George (Richard Burton) convidam dois amigos para um encontro e, valendo-se deles e do álcool consumido, começam a descarregar sua angústia, suas dores e sua raiva um sobre o outro, em uma gigantesca discussão ao longo de uma noite. Taylor entregou o que ainda é considerado como a sua melhor performance, tendo recebido merecidamente o seu segundo Oscar de Melhor Atriz.
No ano seguinte, Taylor e Burton voltariam a atuar juntos no grande sucesso A Megera Domada (1967), a adaptação da icônica peça de William Shakespeare. Apesar de novamente entregarem atuações surpreendentes, nenhum dos dois foi indicado ao Oscar.
DECADÊNCIA E OS ÚLTIMOS ANOS
Elizabeth Taylor alcançou o auge de seu sucesso nos Anos 60 e se consagrou como uma excelente atriz. Contudo, seus filmes após A Megera Domada não atingiram o sucesso de seus antecessores, tento sido inclusive considerados como alguns de seus piores filmes.
Entre as produções que marcaram os Anos 70 para a atriz, estão Unidos pelo Mal (1972), O Ocaso de uma Vida (1974) e O Pássaro Azul (1976), considerado por muitos como um de seus piores filmes. Ela também faria uma pequena atuação no filme Morte no Inverno (1979), um longa bastante controverso, em virtude de sua temática se chocar com os casos de assassinato do presidente John F. Kennedy e seu irmão, Robert Kennedy.
Seguindo essa série de fracassos, Elizabeth Taylor praticamente abandonou o cinema, e seus papéis seguintes foram, em grande maioria, para filmes feitos para a televisão ou participações especiais em séries de tv. Seus principais trabalhos nesses anos foram suas participações em General Hospital e na minissérie North and South e o filme para TV O Doce Pássaro da Juventude, nos anos 80. Após alguns anos fazendo participações em programas diversos, Taylor deixou de atuar definitivamente em 2002.
A atriz viria a falecer nove anos depois, em 2011, devido a uma parada cardíaca.
VIDA PESSOAL E AS CAUSAS
Mais do que apenas uma atriz, Elizabeth Taylor também foi marcada por sua vida pessoal e seu envolvimento em diversas causas ao longo dos anos.
Em 1959, a atriz se converteu oficialmente ao judaísmo e passou a se identificar ao longo de toda a sua vida como judia, envolvendo-se em diversas causas da sua comunidade.
Um dos pontos mais comentados da vida de Taylor foram os seus inúmeros casamentos e relacionamentos amorosos, a maioria deles com ricos empresários, astros da música e do cinema. O primeiro homem com quem se casou foi o empresário Conrad Nicholson Hilton, em 1950, de quem ela se separou apenas um ano depois, em um término amigável. Em 1952, Casou-se novamente, dessa vez com o ator Michael Wilding, com quem teve dois filhos: Michael Howard Taylor Wilding e Christopher Edward Taylor Wilding. Em 1957, se separou novamente e se casou com Michael Todd, com teve sua filha, Eliza Francis Taylor Todd.
Com a morte de Michael Todd em 1958, Elizabeth Taylor se viu tendo que criar sua filha sozinha, o que a fez sofrer bastante pela perda de seu companheiro. Em 1959, ela se casou com Eddie Fisher e sustentou um casamento cheio de agressões e traições por parte dele até 1964, quando se divorciou para casar com o ator Richard Burton. Contudo, ela não foi mais feliz com Burton, que, ciumento, a agredia constantemente, além de insistir sempre para que ela engravidasse novamente. Por fim, o casal optou pela adoção e, após alguns anos na fila, conseguiram a guarda de uma menina alemã, Maria Taylor Jenkins.
Taylor e Burton se mantiveram casados até 1974 e, após uma separação de sete meses, voltaram a se casar em 1975, mas dessa vez só o sustentaram por um ano. Após Burton, Elizabeth Taylor ainda se casaria mais duas vezes, com o senador John Warner e com o construtor Larry Fortensky. Nenhum dos dois foi muito duradouro.
Em sua vida pessoal, Elizabeth Taylor também se tornou um grande expoente das causas filantrópicas. Um de seus principais trabalhos foi voltado à conscientização das pessoas a respeito das doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS, causa que ela aderiu após a morte de seu grande amigo, o ator Roch Hudson, em 1985. Por conta de seus trabalhos, recebeu, em 2001, a Presidential Citizens Medal das mãos de Bill Clinton, mesmo que ela não tivesse nascido nos estados Unidos.
Ainda em 1987, Taylor obteve mais um sucesso em sua carreira: o lançamento de seu primeiro perfume, "Passión", que se tornou um sucesso instantâneo e o primeira fragrância de sucesso criado por uma estrela de cinema. Em 1991, suas vendas chegaram a mais de 100 milhões de dólares, tornando-se uma das dez maiores fragrâncias de todos os tempos. Sua segunda criação, "White Diamonds", lançado em 1991, também obteve aclamação e sucesso, e desde seu lançamento permanece na lista dos dez perfumes mais vendidos de todos os tempos. Tais sucessos foram um bom prenúncio para Taylor fundar a sua Casa de Beleza, detentora de onze fragrâncias de sucesso em todo o mundo.
Seja no cinema, na cultura, na produção de perfumes ou nas suas causas filantrópicas, Elizabeth Taylor deixou um gigantesco legado que perdura por gerações. Mesmo após dez anos de sua morte, é uma das atrizes mais marcantes de Hollywood, e os feitos de sua vida são até hoje tema de inspiração para diversas pessoas em todo o mundo.