Um velho cientista genial com um problema sério de depressão e alcoolismo e um garoto medroso passando pelo pior da puberdade. Certamente não poderíamos pedir por uma dupla pior para serem protagonistas de uma série repleta de aventuras perigosas, enfrentando governos intergalácticos, criaturas abomináveis de dimensões misteriosas e invenções de ficção científica que sempre dão errado. E mesmo assim, a dupla formada por Rick e Morty conseguiu não só sobreviver a tudo isso, como também conquistar inúmeros fãs por todo o mundo.

Como uma das animações adultas mais populares da atualidade, Rick & Morty certamente trouxe inúmeros episódios malucos e teorias absurdas, enquanto explorava inúmeras possibilidades em um universo cada vez mais estranho. Com a chegada da quinta temporada, a série criada por Dan Harmon certamente caminha a todo o vapor para proporcionar ao seu público coisas cada vez mais bizarras (que são justamente o que todos os fãs amam na série). Com o propósito de prepará-los para as eventuais maluquices que estão para estrear, selecionamos algumas das mais estranhas aventuras do velho Rick e seu neto Morty. Venha mergulhar nesse universo maluco!

SNUFFLES FICOU INTELIGENTE

Em muitas ocasiões, as criações de Rick acabam gerando problemas para a sua família. Em vários desses casos, é a atitude egoísta de Rick que faz com que ele tome ações sem pensar nas consequências para seus entes próximos. Em outros casos, no entanto, Rick simplesmente atende aos pedidos de seus familiares, e são eles que causam todo o problema. Foi exatamente o caso quando, a pedido de Jerry, Rick criou um aparelho para deixar Snuffles, o cachorro da família, mais inteligente.

Obviamente, o pedido de Jerry não sai como esperado. O aparelho de Rick deixa o cão mais inteligente, mas ele fica tão inteligente que aprimora o equipamento e inicia um plano de dominação mundial para liberar os cachorros da escravidão imposta pelos humanos. No momento em que Rick e Morty retornam de sua própria aventura, a situação está um caos, forçando-os a atitudes extremas para solucionar o problema criado por Snuffles (desculpe, Snowball).

A trama é interessante por brincar com a possibilidade de se tornar um animal mais inteligente. A ideia de duas raças racionais em conflito já foi abordada de várias formas, mas Rick & Morty a traz de uma forma bastante cômica e que abdica da ideia de que os humanos seriam capazes de lutar contra tal dominação. De qualquer forma, fica dada a lição: se quiser que seu cão fique mais inteligente, certifique-se que seja apenas ao nível de ele aprender alguns truques melhores, e não a ponto de desenvolver uma consciência de seu lugar no mundo.

O GRANDE DESAFIO DE ENSINAR GOLFE A JERRY

Mesmo diante de tudo o que ambos enfrentam em suas jornadas, certamente um dos maiores desafios de Rick e Morty continua sendo o pai de Morty, Jerry Smith. Isso porque não há muito o que Jerry consiga fazer sozinho, e toda vez que ele tenta provar o seu valor, a família acaba em uma enorme enrascada. Prova clara disso é quando Rick deixa uma caixa de Meeseeks junto à família enquanto sai em uma aventura com Morty.

Basicamente, Meeseeks são ajudantes especiais que servem para cumprir uma tarefa determinada e depois deixar de existir para sempre. Ao deixar a caixa com seus familiares, Rick espera que eles não o importunem com pedidos banais de ajuda. Diante do presente, Beth e Summer logo pedem por grandes ajudas para resolverem suas vidas, enquanto Jerry, se achando mais inteligente do que elas, decide pedir algo simples e pede por ajuda para melhorar sua tacada de golfe.

Por mais simples que pareça, o pedido acaba se tornando um pesadelo, pois Jerry é incapaz de melhorar sua tacada, o que leva os Meeseeks a entrarem em colapso, pedindo ajuda a cada vez mais ajudantes e sofrendo com sua longa duração na Terra. No fim, eles se revoltam e atacam Jerry, que só consegue melhorar sua tacada com a intervenção de Beth. Ele realmente não consegue fazer nada por conta própria mesmo.

POÇÕES DE AMOR SÃO UMA PÉSSIMA IDEIA

Como um adolescente cheio de hormônios, Morty tem como um de seus principais desejos na vida conquistar o coração das garotas, em especial da queridinha da sala, Jessica. Tendo um avô que é um gênio da ficção científica pode muitas vezes ajudar nesse quesito... ou não.

Nervoso com a chegada do baile de inverno em seu colégio, Morty deseja a todo o custo que Jessica o note. Por isso, ele pede que Rick lhe faça uma poção do amor, para fazer com que ela o ame. E Rick cria essa poção, dizendo que não haverá perigo se Jessica não estiver gripada. Não é preciso dizer que a garota obviamente está doente e, quando seus espirros espalham o vírus para todos ao seu redor, Morty se vê em uma situação onde o mundo todo quer ter relações com ele.

Brincando com a ideia do apocalipse mundial e satirizando as criações do diretor David Cronenberg, esse episódio é engraçado pelo fato de que nada que Rick faça parece resolver a situação. Pelo contrário, suas poções subsequentes apenas pioram tudo, forçando ele e Morty a fugir para uma nova dimensão onde não só a situação foi revertida, mas também onde o Rick e Morty daquela dimensão morreriam logo em seguida. Esse é o primeiro episódio a explorar o conceito de infinitas dimensões, e termina com uma reflexão interessante de Morty sobre como sua vida e a de sua família é insignificante.

LOCKDOWN COM OS PARASITAS

Como aventureiros de diversas dimensões, Rick e Morty obviamente enfrentaram diversos tipos de parasitas em suas aventuras. Nenhum deles, no entanto, foi tão ousado e perigoso quanto os parasitas das boas memórias. Quer dizer, quem poderia desconfiar que todas as pessoas com as quais você tem lembranças maravilhosas seriam seres alienígenas querendo se aproveitar de você?

Nesse episódio especial, Rick coloca sua casa em quarentena quando parasitas começam a entrar na residência. A partir de um longo esforço de memória, ele tenta identificar quais dos inúmeros hóspedes lá dentro são parasitas e quais são reais, mas cada novo hóspede os infecta com novas boas memórias, cada uma com um personagem novo, até que a casa fica completamente tomada de personagens.

Apesar de ser engraçado ver as referências que os diferentes personagens trazem ao quadro, a situação logo se torna bastante tensa. No fim, entretanto, a resposta é bastante simples: os parasitas são aqueles com os quais os habitantes não possuem nenhuma, absolutamente nenhuma, memória ruim. Talvez os parasitas devessem ter sido mais inteligentes e pensado que seria suspeito seus personagens serem completamente perfeitos. A situação de desconfiança, contudo, é tanta que Beth acaba por atirar em Mr. Poppybutthole, um antigo amigo da família (que nunca havia aparecido na série até agora, mas tudo bem).

O PLANETA DO CRIME

Uma coisa que Rick & Morty faz muito bem é criar sátiras bem elaboradas sobre filmes famosos e franquias populares. Em um universo tão vasto, é divertido ver como ideias aplicadas em filmes ocorreriam de fato. E uma das sátiras mais sanguinárias que essa série já fez foi justamente com a franquia Noite de Crime.

Retornando de uma aventura pela galáxia, Rick e Morty param em um planeta desconhecido para reabastecer. Ali, eles são informados pelos moradores locais, cuja aparência é de pessoas boas e simpáticas, de que naquela noite seria realizado um tipo de expurgo, no qual todos os crimes seriam permitidos por 12 horas seguidas. Interessado, Rick força Morty a ficar no planeta para ver o desenrolar da situação, mas não demora muito para que ambos se vejam envolvidos na luta pela sobrevivência enquanto os moradores tentam matá-los de maneiras extremamente cruéis.

Esse episódio serve para duas coisas principais: em primeiro lugar, faz uso de uma violência exagerada e de uma verdadeira carnificina para criar uma crítica bastante [acida e engraçada sobre o uso abusivo de violência nas franquias cinematográficas, a ponto de a história de verdade ser perdida por conta desses exageros. Em um plano mais voltado aos personagens, o episódio também trabalha bastante um lado de Morty menos visto, um lado que não se nega a ser violento e apresenta até mesmo traços de psicopatia, abrindo espaço para possíveis explorações futuras no desenvolvimento do personagem.

FUGINDO DA PRISÃO EM GRANDE ESTILO

O fim da segunda temporada de Rick & Morty foi bastante depressiva para os fãs. Após Tammy, a melhor amiga de Summer, se revelar uma agente da federação e executar Homem-Pássaro, Squeachy e todos os amigos de Rick no casamento dela com Homem-Pássaro, a família tenta se exilar. Mas Jerry não aceita sua nova vida e coloca a família contra Rick, levando-o a se entregar ao governo da Federação. Mas todos sabíamos que esse não seria o fim do grande Rick Sanchez.

No começo da terceira temporada, vemos Rick sendo constantemente interrogado pela Federação para dar a eles a fórmula de sua arma de portais. Após muito tempo, parece que Rick finalmente se rende. Na realidade, ele apenas entrega uma nova fórmula que lhe dá o controle da dimensão em que ele está preso e lhe permite escapar para dentro do corpo de seu interrogador. Usando esse mesmo mecanismo, ele se transmite de corpo a corpo até chegar à Cidadela dos Ricks e a teletransportar diretamente para a prisão de Federação onde estava.

O começo da terceira temporada definitivamente solidifica Rick como um ser quase onipotente desse universo. Não só ele fugiu da prisão como também provocou o caos na Cidadela e destruiu definitivamente o governo da Federação ao levá-los à falência absoluta. Mais do que isso, ele conseguiu retornar à sua família e levar à separação de Beth e Jerry, mandando o seu cunhado para longe pelo resto da temporada. Definitivamente o soberano de seu universo.

"I'M PICKLE RIIIIIIICK!!!!"

Terapias de família podem ser algo difícil, mas são muito úteis para ajudar a passar por um momento problemático e reforçar os laços com seus entes queridos. Por isso, participe desses momentos, não fique arranjando desculpas para não ir às sessões. Acima de tudo, não transforme a si mesmo em um picles para evitar esse compromisso. Se Rick Sanchez tivesse seguido esse conselho, poderia ter evitado muitos problemas.

Basicamente, após o divórcio com Jerry, Beth começa a levar seus dois filhos e seu pai para terapia. No entanto, Rick não quer ir à consulta e decide se transformar em um picles. Mas a situação se torna um verdadeiro problema, visto que ele não consegue se transformar de volta, o que o leva a quase desidratar sob o sol escaldante, cair no esgoto, ser parcialmente devorado por uma ratazana e enfrentar uma perigosa máfia que enviam seu próprio assassino profissional para destruí-lo.

Não é preciso dizer que, sendo Rick Sanchez, ele consegue usar sua genialidade para escapar dessas situações e derrotar todos os seus inimigos. mas toda essa situação poderia ser facilmente evitada se ele simplesmente tivesse ido na terapia, o que ele acaba fazendo no final. Lembrem-se, pessoal: não se transformem em picles apenas para evitar uma sessão com sua família. Não vale à pena.

UM DESTINO SOMBRIO PARA A CIDADELA DOS RICKS

Acompanhar as aventuras de Rick e Morty é bastante divertido, mas em vários casos, é interessante quando a série deixa os dois personagens de lado para explorar seus coadjuvantes ou mesmo tramas completamente separadas e pouco relacionadas aos dois. Um bom exemplo disso é quando, em meio à terceira temporada, deixamos os dois protagonistas de lado para acompanhar o que está acontecendo na Cidadela dos Ricks.

Seguindo uma série de histórias separadas, esse episódio especial conta um pouco da vida dentro da Cidadela e seus diferentes habitantes. Lá dentro, vemos a corrupção que domina o governo dos Ricks e a polícia, o desejo de mudança de várias pessoas descontentes com a situação. Na tentativa de promover uma mudança efetiva, vários grupos se unem para colocar um Morty como presidente. Luta essa que sofre interferência de diversos setores descontentes com a emergência de um Morty ao poder.

No final, entretanto, seria melhor se esse Morty não tivesse chegado ao poder. Pois, como aprendemos depois, esse é o maligno Evil Morty, o gênio que, na primeira temporada, arquitetara um plano maligno para eliminar os Ricks, usando um Rick falso como disfarce para a sua genialidade. Agora no poder, seus planos para destruição do poder e da hierarquia entre Ricks e Mortys serão muito simples de serem postos em prática.

O TERRÍVEL GATO FALANTE

Rick Sanchez é o criador de muitas coisas alucinantes, invenções que fascinaram sua família e o público da série. Desde grandes robôs de poder imenso a aparelhos de clonagem e mesmo criaturas vivas capazes de feitos absurdos, parece não existir nada que o gênio alcóolatra não seja capaz de fazer. Ele conseguiu inclusive trazer um dragão de verdade para satisfazer Morty. Mas, por incrível que pareça, ele não teve nada a ver com o gato falante da quarta temporada.

Nesse episódio, acompanhamos duas histórias: na primeira, Rick, Morty e Summer vivem uma aventura ao lado de um dragão; ao mesmo tempo, Jerry se enturma com um gato falante que misteriosamente apareceu em sue quarto. Sem revelar muito de si, o gato pede que Jerry o leve à Flórida para que ambos possam curtir juntos. Após uma longa aventura, os dois finalmente se encontram com Rick que, curioso por saber mais sobre o gato, acaba vendo segredos sobre a real natureza do animal. Segredos que assustam tanto ele quanto Jerry.

O episódio inteiro é bastante esquisito e não leva a muitas conclusões. É engraçado ver a relação do gato com Jerry e como ele tenta convencê-lo a viver sua vida mais livremente. Mais do que isso, porém, o episódio planta uma dúvida no espectador: o que é e de onde vem o gato falante? Uma dúvida que ainda não foi respondida e que coloca inúmeras teorias na cabeça dos fãs.

"FIQUE DENTRO DO CARRO!"

Mesmo ele sendo um louco completo, às vezes é melhor ouvir ao que Rick está dizendo. Como alguém que explorou o vasto universo e infinitas dimensões, ele certamente é uma das pessoas que melhor conhecem os perigos do infinito. Não obedecê-lo pode não só comprometer a sua própria segurança, como também a segurança de seus familiares, de planetas e mesmo da própria linha do tempo.

Voltando de uma viagem no espaço, Rick e Morty são acometidos por um pneu furado em sua nave espacial (???). Rick sai para consertar e diz para Morty ficar no carro, mas Morty obviamente desobedece. Isso o leva a ser mordido por uma cobra astronauta, que ele logo em seguida mata. Acontece que essa cobra era membro de uma sociedade dominada por serpentes, e Morty, com a consciência pesada por ter matado a "esperança" daquele ponto, leva uma cobra selvagem para o planeta.

Não é preciso dizer que suas boas intenções dão errado. A cobra selvagem leva os cientistas serpentes a uma pesada pesquisa que une os povos do planeta e os faz avançar muito em tecnologia, causando um apocalipse dominado por robôs-serpentes. Para evitar esse apocalipse, são enviados robôs assassinos para matar Morty, forçando ele e Rick a voltarem para o planeta e resolverem a situação por suas próprias mãos. Da próxima vez, ouçam os seus avós.

O CONTROLE DE REPETIÇÃO DE MORTY

Quem nunca desejou poder reviver aquela situação embaraçosa e, dessa vez, fazer as coisas de forma a sair por cima da situação? Com um avô como Rick, Morty certamente pode fazer isso. Após uma missão que dá errado, o neto se vê no direito de cobrar um favor ao seu avô genial, e é exatamente isso que ele pede: um controle que o permite resetar uma situação a partir de um determinado momento e evitar erros antes cometidos, como se eles nunca tivessem ocorrido.

O que se segue é uma série de aventuras de Morty pela cidade, em que ele se vê no direito de fazer tudo o que quer e simplesmente resetar a situação e refazê-la da maneira certa. Isso o leva a cometer crimes, arriscar a sua vida e inclusive se apaixonar e desenvolver um relacionamento longo (que no fim é estragado por Jerry), tudo porque ele sabe que não precisará lidar com as consequências de suas ações. Ou é o que ele pensa.

No fim das contas, o controle de Rick apenas fazia com que Morty trocasse de lugar com outras versões suas no multiverso que haviam passado pelas mesmas situações e tomado as decisões certas. Descobrindo isso, Morty entra em pânico e pede que todas as consequências de seus atos recaiam sobre ele, trazendo para si a fúria de inúmeros grupos que ele provocou e forçando-o a aceitar a solução e o domínio de Rick sobre si. Nem mesmo quando o avô faz o que você quer as coisas dão certo.

RICK VS. HOMEM-FÊNIX

A amizade entre Rick e o Homem-Pássaro certamente é uma das mais complicadas da série. Mesmo sendo uma pessoa difícil, Rick gostava de seu velho amigo e sofreu muito quando o Homem-Pássaro foi morto por Tammy em próprio casamento. Mas ele não poderia imaginar que a Federação, à qual Tammy servia, iria recolher os restos de seu amigo e transformá-lo em uma máquina de matar, forçando os dois a uma batalha de proporções quase mortais.

Em uma batalha contra as forças da Federação, Rick e sua família, acompanhados pelo clone de Beth, acabam em uma base da Federação, onde descobrem inúmeros planos sendo desenvolvidos pelo antigo governo. Um deles em especial envolve a ressurreição do antigo colega de Rick, agora como um ciborgue extremamente poderoso. Na tentativa de desativá-lo, Rick é gravemente ferido e não consegue vencer seu ex-amigo sem a ajuda de sua família, que se aproveita de uma distração causada por Jerry para desativá-lo.

O episódio consolida uma conclusão para a saga de Rick com o Homem-Pássaro e cria uma expectativa bastante única para o futuro. Com Jerry provando o seu valor, Beth se tornando uma mulher mais decidida após o contato com seu clone e Rick e Summer se aproximando mais de seus pais e de si mesmos, Rick acaba ficando sozinho com os restos do Homem-Fênix, que ele planeja reconstruir para tentar recuperar seu amigo. O destino, entretanto, parece incerto para o velho cientista louco.

Esses foram alguns dos momentos e episódios mais marcantes e absurdos de Rick & Morty. Com o retorno da série para sua quinta temporada, só podemos esperar mais maluquices para a vida da família Sanchez. E vocês, qual o seu episódio ou momento favorito?